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que muitos viram como a "prova" do assumir da derrota,
Trump queixou-se do microfone — ter-lhe-ão dado um estragado. Mas
o que fica é a ideia de que, por incrível que pareça, ainda é
possível Trump ser eleito Presidente dos Estados Unidos. Nada —
nem a mais total ausência de seriedade — parece importar aos
milhões que prometem votar nele.”
Editorial/ Público
Os
contadores de mentiras
DIRECÇÃO EDITORIAL
27/09/2016 – PÚBLICO
Obama
ja avisou: tudo o que era normal em política americana deixou de o
ser. O primeiro debate foi mais uma prova.
Os jornalistas que
estão no terreno a cobrir a campanha para as eleições americanos
têm um novo jogo. Depois de meses a fazer provas dos factos aos
absolutos disparates de Donald Trump, um decidiu provar que, embora à
partida impossível, iria contabilizar durante duas semanas todas as
mentiras ditas pelo candidato republicano. Em discursos, entrevistas
e posts nas redes sociais. Conseguiu. Contou – e publicou no
Twitter – um mínimo de dez mentiras por dia. Num dos dias
identificou 18. Com uma particularidade: novas e diferentes mentiras.
Trump é sempre original. Até na mentira. Provado o desafio, outro
jornalista juntou-se: em cinco dias, contabilizou 87 mentiras, uma
média de uma mentira por cada três minutos e 15 segundos. O debate
desta madrugada entre Trump e Hillary Clinton, visto por um recorde
de 100 milhões de pessoas, não fugiu à regra. Trump mentiu e foi
desmentido em dez segundos. Foi a prova dos factos mais rápida da
história. Hillary Clinton, parece consensual, "ganhou" o
debate. No fim, no que muitos viram como a "prova" do
assumir da derrota, Trump queixou-se do microfone — ter-lhe-ão
dado um estragado. Mas o que fica é a ideia de que, por incrível
que pareça, ainda é possível Trump ser eleito Presidente dos
Estados Unidos. Nada — nem a mais total ausência de seriedade —
parece importar aos milhões que prometem votar nele.
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