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Merkel
preparada para nova derrota, desta vez em Berlim
Ana Fonseca Pereira
17/09/2016 –
PÚBLICO
CDU
pode ser excluída da coligação no poder na capital. Sob pressão,
chanceler deixa cair o mote "Nós conseguimos" que definia
a sua política de acolhimento dos refugiados
O partido de Angela
Merkel prepara-se neste domingo para mais um mau resultado eleitoral
na senda de desaires que têm vindo a colocar a chanceler alemã sob
uma pressão que ela até agora desconhecia. Os democratas-cristãos
(CDU) arriscam-se a ficar de fora da coligação com os
sociais-democratas que há cinco anos governa a cidade-estado de
Berlim, podendo não ir além do terceiro lugar.
Ao contrário do que
acontece noutras regiões, a questão dos refugiados e o receio do
terrorismo não dominaram a campanha na capital federal, centrada nas
questões comuns às grandes metrópoles – a habitação cada vez
mais escassa e cara, a degradação dos transportes públicos – e
outras muito próprias de Berlim, como a burocracia, as obras
intermináveis e o há muito adiado novo aeroporto.
Um terreno, por
isso, menos fértil ao discurso do Alternativa para a Alemanha (AFD),
o partido de extrema-direita que coroou uma série de avanços em
eleições regionais com o segundo lugar conseguido há duas semanas
Land (estado-federado) de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental
(Nordeste), à frente da CDU. Ainda assim, as sondagens atribuem à
AFD cerca de 12% dos votos, um resultado que Michael Müller, o
actual burgomestre e candidato dos sociais-democratas, avisou que
será visto no mundo como um “sinal de que a extrema-direita está
de regresso à Alemanha”.
Müller – incitado
pelas sondagens que atribuem ao partido de Merkel uma votação
abaixo dos 20%, taco a taco com os Verdes – anunciou que prefere
trocar a coligação com a CDU por uma aliança à esquerda, ainda
que tenha de a estender ao Die Linke, que agrega ex-comunistas. Não
está excluída a renovação da actual maioria, mais provável se a
CDU conseguir um confortável segundo lugar. Mas se as piores
previsões se confirmarem, é de novo sobre a chanceler que a pressão
se fará sentir, sobretudo dos que na direita do seu partido exigem
que, de uma vez por todas, arrepie caminho na sua política de
acolhimento de refugiados.
Os aliados bávaros
da CSU não desistem de exigir a Merkel que fixe um tecto máximo
para o número de candidatos a asilo que o país pode receber e o
jornal Die Zeit noticiou que um grupo de dissidentes dentro da CDU
lhe deu até à próxima terça-feira para anunciar um recuo.
Consequência ou
não, Merkel revelou que desistiu de usar a frase “Wir schaffen
das” (Nós conseguimos) que adoptou como mote no pico da crise de
refugiados, por considerar que, de tanto a repetir “se tornou uma
fórmula quase vazia”. “Às vezes penso que a frase foi um pouco
exagerada, que alimentou demasiadas expectativas, ao ponto de
preferir não repeti-la”, afirmou a chanceler numa entrevista à
revista económica Wirtschaftswoche, publicada neste sábado.
O mantra, destinado
a responder aos que insistiam que a Alemanha se debate para acolher
os mais de um milhão de refugiados que chegaram ao país, mas agora
a chanceler argumenta que “algumas pessoas sentem-se provocadas por
ela”.
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Angela
Merkel drops the ‘we can do it’ slogan
‘It’s
become a simple slogan, an almost meaningless formula,’ she said.
By
Emmet Livingstone
9/17/16, 6:25 PM CET
German Chancellor
Angela Merkel said Saturday she will no longer use her famous
migration crisis rallying cry, “We can do it,” since it has
become just another phrase.
Merkel repeated “wir
schaffen das” time and again as hundreds of thousands of refugees,
fleeing war and persecution, entered Germany last year.
In an interview with
the financial newspaper Wirtschaftswoche that was cited in an AFP
report, Merkel said she’s done with it. Her open-door refugee
policy has come under intense criticism, including from members of
her own conservative party who say the Christian Democratic Union
(CDU) has lost voters because of Merkel’s resolve on migration.
“I sometimes think
this phrase was a little overstated, that too much store was set by
it — to the extent that I’d prefer not to repeat it,” Merkel
said. “It’s become a simple slogan, an almost meaningless
formula.”
She understood that
some people had been “provoked” by the phrase and added that her
intention was to inspire, not to irritate.
Merkel’s stance on
migration has been a source of tensions within her governing
coalition and has also been linked to the rise of the anti-migration
Alternative for Germany (AfD) party.
The chancellor first
said “we can do it” in August last year, which quickly became a
much-repeated catchword for her government’s response to the
migration crisis. The stance — and slogan — garnered Merkel
worldwide praise.
The AfD beat
Merkel’s conservatives in regional elections in
Mecklenburg-Vorpommern earlier this month, taking 21 percent of the
vote.
The party is also
hoping to do well in the Berlin regional elections Sunday.
Authors:
Emmet Livingstone
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