domingo, 18 de setembro de 2016

Merkel preparada para nova derrota, desta vez em Berlim / Angela Merkel drops the ‘we can do it’ slogan

Merkel preparada para nova derrota, desta vez em Berlim

Ana Fonseca Pereira
17/09/2016 – PÚBLICO

CDU pode ser excluída da coligação no poder na capital. Sob pressão, chanceler deixa cair o mote "Nós conseguimos" que definia a sua política de acolhimento dos refugiados

O partido de Angela Merkel prepara-se neste domingo para mais um mau resultado eleitoral na senda de desaires que têm vindo a colocar a chanceler alemã sob uma pressão que ela até agora desconhecia. Os democratas-cristãos (CDU) arriscam-se a ficar de fora da coligação com os sociais-democratas que há cinco anos governa a cidade-estado de Berlim, podendo não ir além do terceiro lugar.

Ao contrário do que acontece noutras regiões, a questão dos refugiados e o receio do terrorismo não dominaram a campanha na capital federal, centrada nas questões comuns às grandes metrópoles – a habitação cada vez mais escassa e cara, a degradação dos transportes públicos – e outras muito próprias de Berlim, como a burocracia, as obras intermináveis e o há muito adiado novo aeroporto.

Um terreno, por isso, menos fértil ao discurso do Alternativa para a Alemanha (AFD), o partido de extrema-direita que coroou uma série de avanços em eleições regionais com o segundo lugar conseguido há duas semanas Land (estado-federado) de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental (Nordeste), à frente da CDU. Ainda assim, as sondagens atribuem à AFD cerca de 12% dos votos, um resultado que Michael Müller, o actual burgomestre e candidato dos sociais-democratas, avisou que será visto no mundo como um “sinal de que a extrema-direita está de regresso à Alemanha”.

Müller – incitado pelas sondagens que atribuem ao partido de Merkel uma votação abaixo dos 20%, taco a taco com os Verdes – anunciou que prefere trocar a coligação com a CDU por uma aliança à esquerda, ainda que tenha de a estender ao Die Linke, que agrega ex-comunistas. Não está excluída a renovação da actual maioria, mais provável se a CDU conseguir um confortável segundo lugar. Mas se as piores previsões se confirmarem, é de novo sobre a chanceler que a pressão se fará sentir, sobretudo dos que na direita do seu partido exigem que, de uma vez por todas, arrepie caminho na sua política de acolhimento de refugiados.

Os aliados bávaros da CSU não desistem de exigir a Merkel que fixe um tecto máximo para o número de candidatos a asilo que o país pode receber e o jornal Die Zeit noticiou que um grupo de dissidentes dentro da CDU lhe deu até à próxima terça-feira para anunciar um recuo.

Consequência ou não, Merkel revelou que desistiu de usar a frase “Wir schaffen das” (Nós conseguimos) que adoptou como mote no pico da crise de refugiados, por considerar que, de tanto a repetir “se tornou uma fórmula quase vazia”. “Às vezes penso que a frase foi um pouco exagerada, que alimentou demasiadas expectativas, ao ponto de preferir não repeti-la”, afirmou a chanceler numa entrevista à revista económica Wirtschaftswoche, publicada neste sábado.

O mantra, destinado a responder aos que insistiam que a Alemanha se debate para acolher os mais de um milhão de refugiados que chegaram ao país, mas agora a chanceler argumenta que “algumas pessoas sentem-se provocadas por ela”.

Angela Merkel drops the ‘we can do it’ slogan

It’s become a simple slogan, an almost meaningless formula,’ she said.

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Emmet Livingstone
9/17/16, 6:25 PM CET

German Chancellor Angela Merkel said Saturday she will no longer use her famous migration crisis rallying cry, “We can do it,” since it has become just another phrase.

Merkel repeated “wir schaffen das” time and again as hundreds of thousands of refugees, fleeing war and persecution, entered Germany last year.

In an interview with the financial newspaper Wirtschaftswoche that was cited in an AFP report, Merkel said she’s done with it. Her open-door refugee policy has come under intense criticism, including from members of her own conservative party who say the Christian Democratic Union (CDU) has lost voters because of Merkel’s resolve on migration.

“I sometimes think this phrase was a little overstated, that too much store was set by it — to the extent that I’d prefer not to repeat it,” Merkel said. “It’s become a simple slogan, an almost meaningless formula.”

She understood that some people had been “provoked” by the phrase and added that her intention was to inspire, not to irritate.

Merkel’s stance on migration has been a source of tensions within her governing coalition and has also been linked to the rise of the anti-migration Alternative for Germany (AfD) party.

The chancellor first said “we can do it” in August last year, which quickly became a much-repeated catchword for her government’s response to the migration crisis. The stance — and slogan — garnered Merkel worldwide praise.

The AfD beat Merkel’s conservatives in regional elections in Mecklenburg-Vorpommern earlier this month, taking 21 percent of the vote.

The party is also hoping to do well in the Berlin regional elections Sunday.

Authors:

Emmet Livingstone

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