quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Don’t look now, Venice tourists – the locals are sick of you / A Manhattan flutuante


Don’t look now, Venice tourists – the locals are sick of you
This week, Venetians have taken to the water to protest agaiinst the cruise ships that swamp their city. It’s just the latest fightback against the endless waves of visitors

Simon Usborne
Tuesday 27 September 2016 16.34 BST

Imagine a packed Emirates Stadium emptying its stands on a town the size of Margate every day and you begin to get a sense of how swamped sinking Venice has become. Now tensions that have simmered for decades are boiling over as the city’s vanishing population of 55,000 fight back against the tourist tide.

On Sunday, members of the Comitato NO Grandi Navi, a group campaigning against the giant cruise ships that daily disgorge visitors into the fragile lagoon, took to dinghies to get in the way. Or at least to make a noise while some of the estimated 30,000 peak-season daily cruise visitors peered down at them from the upper decks.

More than 60,000 people descend on Venice each day, with less than half staying the night. “At least the tourists in the hotels are easier to manage, and bring richness to the city,” says Marco Caberlotto, a member of Generation 90, a campaign group established this summer. “Most people just want to take a selfie in St Mark’s Square before they go back to their ships.”

Caberlotto, 25, represents a generation of Venetians being priced and crowded out of their city by tourists who come in search of history and bad pizza. They have had enough. The city’s population is now shrinking by about 1,000 people a year as property prices and rents soar. Landlords are increasingly renting space via Airbnb.

For those who remain – Caberlotto, a masters student, lives in a small apartment owned by his parents – daily life can be an assault course of choked streets and overloaded vaporetti. Last month, more than 500 members of Generation 90 staged a march. They held up shopping trolleys and push chairs and chanted in Venetian dialect: “Watch your legs, I’m coming through with a trolley.”

A demonstration against cruise liners being allowed into the city. Photograph: AFP/Getty Images
The longer-term threats are graver still. In July, Unesco’s world heritage site committee voted to postpone a decision on whether to put Venice on its list of endangered sites. The decision followed a damning 2015 report into the effects of overcrowding, construction and pollution on Venice’s teetering foundations and ecology.

Campaigners are calling for visitor caps, a cruise ship cordon and measures to tackle the housing crisis. Generation 90 want at the very least a version of an Airbnb tax introduced in Florence this year (€2.50 per person per night). But the city government, which could not respond in time for publication, has been beset by accusations of inaction and the fallout of a 2014 corruption scandal related to the building of flood defences.

As for the cruise companies? Nobody at P&O, Cunard, Royal Caribbean or Thomson could explain how they plan to respond to the problem of overcrowding when contacted by the Guardian. Cruise Lines International Association, the industry body, says it is urging the Venetian authorities to find a solution, insisting that it already self-imposes a ban on the biggest ships. It also points out the economic benefits of cruising to the region.


“The problem is that these tourists think this is a kind of Disneyland,” Caberlotto says in a break from studying at a library on the Zaterre promenade, where many of the cruise ships dock. “They should remember that this is a living city.”


A Manhattan flutuante
ANTÓNIO SÉRGIO ROSA DE CARVALHO 03/03/2016 – PÚBLICO

Vamos ter garantida, mesmo em frente a Alfama, a dominadora e esmagadora omnipresença de uma verdadeira Manhattan.


Há alguns anos atrás, a possível construção da Manhattan de Cacilhas, preocupava aqueles que se indignavam com a possibilidade de ver crescer na Margem Sul, mesmo em frente ao Centro Histórico, uma selva de torres que iriam dominar e esmagar o horizonte de Lisboa.

No entanto, com o completar em breve do Terminal de Cruzeiros vamos ter garantida, mesmo em frente a Alfama, a dominadora e esmagadora omnipresença de uma verdadeira Manhattan, constituída por colossos flutuantes em volume e altura, com uma capacidade gigantesca e renovada de despejar avalanches de turistas, confirmadoras da transformação de Lisboa numa Monocultura e da sua redução a uma Monofuncionalidade.

Veneza tornou-se no exemplo extremo de como uma Turistificação maciça pode destruir toda a autenticidade e identidade de uma cidade.

Assim, a população residente de Veneza foi reduzida a 59.000 habitantes. No entanto, recebe num dia de Verão 130.000 turistas. Veneza recebe anualmente entre 14 a 15 milhões de habitantes.

Todo o edificado do centro histórico foi transformado em residência secundária de aposentados milionários ou está ao serviço da residência turística, seja em hotéis ou residência temporárias.

É quase impossível de encontrar uma loja de comércio local.

Veneza luta há anos contra os navios de cruzeiros de alta tonelagem, e, depois de uma breve vitória em Novembro de 2014, onde parecia que os mesmos iriam ser banidos do Centro, com o desenvolvimento de um porto alternativo, a nomeação de um novo presidente da Câmara anulou esta aparente vitória.

Enquanto Fernando Medina afirma que o centro histórico está a ser recuperado e Manuel Salgado se declara impotente, depois de ter entregue a cidade aos especuladores, todos os dias recebemos notícias confirmadoras de que o mesmo processo se está a desenrolar em Lisboa.

A sede do Diário de Notícias, a da antiga Rádio Renascença, o edifício do Brás e Brás, o Palácio Costa Cabral, etc., etc., numa interminável lista crescente.

Vem agora a CML declarar oficialmente a intenção de implementar o seu programa de Lojas com História acrescentando ao seu conselho consultivo, um grupo de trabalho a fim de analisar, com rigor, caso a caso, os processos.

Ora atenção a esta formulação: O grupo de trabalho será chamado a emitir um “parecer prévio não vinculativo” quando estiverem previstas “operações urbanísticas que tenham impacto directo sobre as lojas distinguidas”. Um parecer, portanto, Não Vinculativo.

Isto mereceu comentários e moções na Assembleia Municipal, assim como as perguntas das Juntas de Freguesia sobre o efeito da Turistificação e Gentrificação para as populações locais, e as perguntas do Público ao Vereador Manuel Salgado sobre o prometido relatório sobre os efeitos dos excessos de Turismo sobre a cidade, ficaram sem resposta.

Aguarda-se e espera-se agora do Conselho Consultivo e do Grupo de Trabalho do programa Lojas com História (ou é isto a mesma coisa?) um rigor e uma exigência confrontadora, uma consciência portanto, do perigo de neutralização por integração que a sua missão implica.

Estes grupos de notáveis e conhecedores têm portanto uma grande responsabilidade.

Especialmente, na tradição de um País que não ousa exigir ou confrontar, habituado a uma dependência sistemática, e aqui, também “flutuante”.

A frase que ficou nestes dias foi a proferida em síntese por António Coimbra de Matos: “Somos um País de Medrosos”.

Historiador de Arquitectura

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