Opinião
O
Edil que já era
Teresa Sá e Melo
14/09/2016 –
PÚBLICO
Por
que razão estaremos nós, cidadãos eleitores, sujeitos aos
critérios internos dos partidos políticos?
O actual Edil da
Câmara Municipal de Lisboa, que não foi a votos para Presidente,
actua como se fosse o Marquês de Pombal, mal-amado dos alfacinhas.
Por que razão estaremos nós, cidadãos eleitores, sujeitos aos
critérios internos dos partidos políticos?
Mas que norma legal
é esta do agora vais tu, agora vou eu, destes senhores
todo-poderosos?
Este Presidente
substituto iniciou a sua gestão indo ao bolso dos lisboetas, com um
aumento de impostos, designados por taxas municipais. Com os milhões
arrecadados decidiu pela urgência de obras por toda a cidade
tornando Lisboa esburacada, intransitável e irreconhecível.
Julgo que quem o
aconselhou nesta azáfama destrutiva tinha premeditado que este Edil
já era!
Inundou o centro
histórico da cidade com novos hotéis, porta sim, porta sim.
Consentiu que os privados invadissem os passeios públicos e, tudo
isto, sem qualquer controle do ruído nocturno das novas máquinas
hoteleiras, em zonas residenciais. Estas construções, as obras de
reabilitação para hotéis de charme e as novas ciclovias
coexistiram com o repentino diagnóstico de doenças no arvoredo e
com o abate nocturno de muitas árvores do centro histórico.
O actual executivo
municipal também considera que é proprietário do subsolo de Lisboa
e invadiu-o com parques de estacionamento, como toupeiras em terreno
alheio. Num desvario de obras desfigurou as artérias mais
emblemáticas da cidade. Substituiu e reduziu a calçada portuguesa
e, com isso, contribui para a perda da luminosidade única desta bela
Lisboa. Repito, em Lisboa, quem decreta o fim da calçada portuguesa
não merece ser Presidente da Câmara.
O grande objectivo
desta Câmara Municipal é o de reduzir à força de obras, a
circulação de viaturas e o número de automóveis a entrar na
cidade. Mas como o actual Edil não tem qualquer poder sobre os
transportes públicos citadinos (Carris, Metro, fluvial), aquele
objectivo releva da incompetência.
A actual gestão
municipal decidiu invadir os bairros, as praças e os jardins mais
emblemáticos de Lisboa com festivais de música tunga-tunga, numa
animação parola e ruidosa para os residentes no centro da cidade.
Ao fim de um ano de
mandato o actual Edil gabou-se de ter implementado (em toda a cidade)
a construção de 7 (!) contentores subterrâneos, mais modernos e
eficazes na recolha dos resíduos urbanos. De facto, 7 contentores
para uma cidade com a dimensão de Lisboa não é grande feito! E
este é um dos aspectos da boa gestão de uma cidade: mantê-la
limpa, em segurança, sem ruídos nocturnos, com ruas e passeios
lavados e em bom estado, com serviços eficazes de recolha de lixo e
reabilitada, salvaguardando o seu património edificado.
Lamentavelmente a
oposição de esquerda não se manifesta. Que alguém os acorde desta
sesta governativa! A direita também não manifesta grandes críticas,
estando mansa, desinteressada ou ausente.
E no meio disto tudo
estamos nós, residentes citadinos, escassos eleitores (± 400000) e
ainda menos votantes (± 200000). E a isto designamos por democracia
representativa, que é o nosso credo político-religioso, a tal fé
que está colada às ambições e às carreiras destes senhores.
Investigadora
aposentada, feminista
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