domingo, 13 de dezembro de 2015

Le Pen derrotada nas regionais, mas com uma votação recorde / Front National held back in France – but its trajectory is on the up

Front National held back in France – but its trajectory is on the up

Voters for Marine Le Pen’s far-right party can no longer be confined to a particular stereotype

Angelique Chrisafis in Paris
Sunday 13 December 2015 23.23 GMT

The election night mood in France was one of grim introspection.

Even if the rising tide of the far right Front National (FN) had been held back – temporarily at least – by tactical voting and a leap in turnout, the lessons were clear to see. The nationalist, anti-immigration, anti-European party was here to stay.

There were no winners in an election that consisted of establishment parties running around at the last minute trying desperately to outwit what they warned was a racist, xenophobic, Islamophobic and overwhelmingly dangerous party.

There was no serious examination of the reasons why voters were turning away from the parties of government and flocking to the FN not just as a mere protest vote, but as a political alternative.

When the FN made a historic breakthrough and took nearly 28% of the vote in the first round of the regional elections, it was yet another moment in which the party was ranked as “the most popular in France” after successively topping a series of polls from the European elections onwards in a steady rise.

Even if the FN has failed to win overall control of a region – just as it had failed to win overall control of any smaller local départements earlier this year – its broad trajectory is on the up.

A BVA poll during the campaign found that 57% of French people now feel the FN should be considered as a party like any other. Its voters can no longer be confined to a particular stereotype.

It is true that it tends broadly to score higher among younger people or those with lower levels of education, that its reach has grown in areas of inequality, and that the further away a person lives from a railway station the more chance they have of voting FN

But it has also expanded its reach to public sector workers, more employees in private companies and is reaching every strata in society from Alpine villages to suburban towns.

Crucially, France faces a presidential election in less than 18 months. The FN leader Marine Le Pen is predicted to easily make it to the second-round presidential run-off by knocking out one of her mainstream rivals.

When her father Jean-Marie Le Pen did just this in 2002, it came as a thunderbolt of shock. He was squarely beaten when 82% of voters from all parties opted for Jacques Chirac to keep Le Pen bay.

Fifteen years later, if Marine Le Pen makes the second round, it will not be a shock and she is likely to seriously narrow the gap. The parliamentary elections that follow could be painful and difficult for the mainstream right and left.

It was clear from every muted regional election night speech on Sunday that the left and right that have swung back and forth in France’s two-party system for years know they should look hard at reinventing themselves in order to counter the FN.

The far right now occupies a centre space in the French political debate and claims to have won “the battle of ideas”, as both the mainstream right and – since the Paris attacks – the left borrow from it.

As in 2002, the buzzword of this election campaign has been exasperation. All parties claimed to have taken note of the exasperation and despair felt by FN voters who have come to loathe and mistrust the political class. France’s high unemployment and economic stagnation have played their role. How deep the reforms and soul-searching, which failed to take place in 2002, will now go remains to be seen.

But Xavier Bertrand, the rightwing former minister who beat Le Pen in the north thanks to tactical voting from the left, said it plainly in his speech: “This is our last chance.”

Le Pen derrotada nas regionais, mas com uma votação recorde

CLARA BARATA 13/12/2015 - 19:07 (actualizado às 22:32) PÚBLICO

A Frente Nacional não ganhou em nenhuma região mas teve um número recorde de votos. Tornou-se um partido de dimensão igual ao PS francês.

Nem Marine Le Pen nem Marion Maréchal-Le Pen conseguiram ser eleitas para a presidência das regiões onde concorriam pela Frente Nacional na segunda volta das eleições regionais em França. A "barreira republicana" erguida pelos socialistas funcionou, e o aumento de cerca de nove pontos na afluência às urnas foi suficiente para conter a extrema-direita.

“A história recordará que foi aqui que travámos a progressão da Frente Nacional (FN)”, afirmou um emocionado Xavier Bertrand, do partido de centro-direita Os Republicanos, eleito com 57,5% dos votos, contra 42,5% de Marine Le Pen na região Norte-Pas-de-Calais-Picardia, graças à desistência do candidato do Partido Socialista.

No Sudeste, na região Provence-Alpes-Côte d’Azur, Christian Estrosi, também do partido de Nicholas Sarkozy, beneficiou da desistência da esquerda para ganhar a Marion Maréchal-Le Pen: terá 54,5% dos votos, face a 45,5% da mais jovem Le Pen. Florian Philippot, estratega da Frente Nacional, ficou-se pelos 36,6% na região de Alsácia-Champagne-Ardenne-Lorena, contra 47,6% de Philippe Richert, candidato do centro-direita.

"Um sucesso sem alegria"
A estratégia socialista resultou, embora tenha implicado o sacrifício dos seus candidatos e da presença do partido nos órgãos regionais durante este mandato. Por isso o tom geral não foi de regozijo. “Para o PS, estes resultados constituem um sucesso sem alegria, porque a abstenção ainda foi demasiado forte, e a extrema-direita decididamente demasiado alta”, afirmou o primeiro-secretário do PS, Jean-Christophe Cambadélis.

"Esta noite, não há espaço para alívio ou triunfalismo", sublinhou o primeiro-ministro socialista Manuel Valls. "O perigo que representa a extrema-direita não desapareceu, muito pelo contrário”, afirmou, numa declaração ao país, em que saudou a capacidade dos eleitores em “responder ao apelo muito claro lançado pela esquerda de fazer barreira contra a extrema-direita”.

Pelo menos nos discursos, os responsáveis políticos da esquerda e da direita sublinharam o facto de a abstenção continuar alta – 59% dos eleitores foram votar, quando há uma semana, na primeira volta, apenas 50% o fizeram, mas ainda assim 41% recusaram-se a ir às urnas – e da necessidade de ouvir realmente os eleitores e ir ao encontro das suas necessidades. “Aos que não foram votar e já não acreditam”, disse o primeiro-ministro socialista, “devemos provar-lhes que a política não vai voltar a ser como era”.

Marine Le Pen, no discurso em que reconheceu a derrota, preferiu denunciar “o sistema” e “as campanhas de calúnias e de difamação decididas nos palácios dourados da República”. A verdadeira clivagem, afirmou, já não é entre esquerda e direita, mas "entre os patriotas e os adeptos da globalização".

O aumento da afluência às urnas terá sido decisivo para esta reviravolta nos resultados: 59% dos eleitores foram votar, quando há uma semana, na primeira volta, apenas 50% o fizeram. Mas também a FN progrediu: na primeira volta, quando chegou em primeiro lugar em seis regiões (ver mapa em baixo), teve seis milhões de votos. Desta vez, com mais de 90% dos votos contados, ultrapassou 6,5 milhões e em percentagem está praticamente empatada com o PS, em torno dos 28,5%.

O valor mais alto de sempre da FN, atingido por Marine Le Pen na primeira volta das presidenciais de 2012, tinha sido de 6,4 milhões de votos. “O tecto de vidro não existe para a FN”, comentou a líder do partido anti-imigração e anti-União Europeia.


Sem comentários: