"Banco
de Portugal assegurou viabilidade do Banif"
Ex-ministra
das Finanças garantiu que injeção de fundos públicos "foi
precedida de uma rigorosa e profunda análise prévia" do BdP
21 DE DEZEMBRO DE
2015
12:47
Carlos Rodrigues
Lima / DN online
Junho de 2014.
Questionada pelos deputados do Bloco de Esquerda Ana Drago e Pedro
Filipe Soares - "O Ministério das Finanças efetuou algum
estudo sobre as perdas potenciais do Banif?" antes de injetar
capital público no banco - a então ministra das Finanças, Maria
Luís Albuquerque respondeu, empurrando toda a responsabilidade para
o supervisor: "A injeção de fundos públicos no Banif foi
precedida de uma rigorosa e profunda análise prévia da viabilidade
pelo Banco de Portugal, ao montante do investimento público
necessário".
Mais de um ano
depois, o supervisor bancário acabou por avançar para uma medida de
resolução do banco com a venda da parte boa ao Santander Totta. "A
venda tem um custo muito elevado. Mas foi a solução menos má."
Foi desta forma que o primeiro-ministro António Costa anunciou ontem
à noite a solução encontrada para o Banif, depois de no dia
anterior o governo ter desistido de vender a participação de
60,53%. Salvar a atividade do Banif exigiu o avanço de mais 2,25 mil
milhões de euros, dos quais 1,76 mil milhões chegam "diretamente
pelo Estado", e elevando para 2,4 mil milhões de euros a fatura
total passada aos contribuintes.
No tal mês de junho
de 2014, a perspetiva apresentada por Maria Luís Albuquerque
apontava, porém, em sentido diverso, dizendo aos deputado do BE que
o "Banco de Portugal comunicou fundamentadamente ao ministério
das Finanças que o plano de recapitalização apresentado pelo
Banif, mesmo em contextos macroeconómicos adversos, é adequado e
permite concluir pela viabilidade de longo prazo da instituição e
pelo reembolso do investimento público devidamente remunerado".
Carlos
Costa garantiu que Banif daria 10% de lucro ao Estado
No mesmo sentido se
pronunciou, em 2013, Carlos Costa, governador do Banco de Portugal,
garantindo aos deputados que a injeção de capital no Banif, que
ascendeu aos 1100 milhões de euros, seria recuperada e chegaria
mesmo a valorizar. Carlos Costa falara, no dia 1 de fevereiro de
2013, numa rentabilidade de 10% para a posição do estado após o
período de apoio público.
"O Estado terá
o resultado da valorização da sua posição e do facto de ter
entrado a um preço de desconto", disse Carlos Costa aos
deputados da comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, em
fevereiro.
Resolução
não "agrava" as metas orçamentais, diz PS
A secretária-geral
adjunta do PS garantiu que a resolução sobre o Banif, anunciada
pelo primeiro-ministro, António Costa, não vai "agravar"
as metas orçamentais acordadas com a comissão europeia. Ana Cataria
Mendes sublinhou que "portugueses continuam a pagar a fatura da
irresponsabilidade" do anterior executivo, liderado por Pedro
Passos Coelho. "Mantém-se intactos os compromissos do PS para
iniciar uma trajetória de recuperação
É
culpa do anterior governo? PSD e CDS não comentam
O PSD anunciou hoje
que está disponível para uma comissão parlamentar de inquérito ao
Banif, que permita averiguar as razões que justificaram a
capitalização do banco, em 2012, até à decisão anunciada no
domingo pelo primeiro-ministro, António Costa.
"O PSD apoia e
é favorável a um inquérito parlamentar, que permita averiguar
desde as razões que justificaram a capitalização do Banif, em
final de 2012, até à decisão ontem [domingo] tomada e conhecida,
as alternativas existentes e as razoes que a justificaram, bem como a
implementação dessa decisão", afirmou o deputado António
Leitão Amaro, no parlamento.
Fim
do Banif custa 2,4 mil milhões aos contribuintes
António Leitão
Amaro não quis comentar as eventuais responsabilidades do anterior
governo PSD/CDS-PP num arrastar da situação que tivesse prejudicado
a solução que foi concretizada pelo atual executivo, mas disse que
"na anterior resolução", do BES, optou-se "por uma
participação muito mais significativa das instituições
financeiras, enquanto neste caso doBanif o Governo e Banco de
Portugal optaram por chamar a uma participação direta e muito
elevada os contribuintes".
O deputado
social-democrata reiterou duas ideias: a de que não existe ainda
informação suficiente e a de que o Estado e o banco tentaram vender
o banco para evitar uma resolução.
"Não existe
ainda informação suficiente que permita fazer uma apreciação
cabal da escolha feita pelo Governo e pelo Banco de Portugal, as
alternativas que existiriam e as razoes para essa escolha"
Leitão Amaro
repetiu também que "desde há muito que o Estado e o próprio
banco procuravam concretizar a venda do banco evitando a resolução
e perdas para os contribuintes".
CDS
também não quer comentar responsabilidades do anterior governo
O CDS-PP anunciou
hoje que é "natural e absolutamente a favor de uma comissão de
inquérito sobre o processo do Banif", considerando que "quanto
mais se souber e mais depressa se souber, melhor".
"O CDS é
natural e absolutamente a favor de uma comissão de inquérito sobre
o processo do Banif. Quanto mais se souber e mais depressa se souber,
melhor", disse fonte da direção do grupo parlamentar
centrista, sem acrescentar mais nenhum comentário ou esclarecimento
quer sobre a decisão anunciada no domingo pelo primeiro-ministro,
António Costa, quer sobre o âmbito da eventual comissão de
inquérito.
"Esta
venda tem um custo muito elevado para os contribuintes"
O Governo e o Banco
de Portugal decidiram no domingo a venda da atividade do Banif e da
maior parte dos seus ativos e passivos ao Banco Santander Totta por
150 milhões de euros, anunciou o Banco de Portugal em comunicado.
A alienação foi
tomada "no contexto de uma medida de resolução" pelas
"imposições das instituições europeias e inviabilização da
venda voluntária do Banif", segundo o comunicado.
Bruxelas
aprova apoios até três mil milhões para 'buraco' do Banif
A operação
"envolve um apoio público estimado em 2.255 milhões de euros
que visam cobrir contingências futuras, dos quais 489 milhões de
euros pelo Fundo de Resolução e 1.766 milhões diretamente do
Estado", disse o banco central, garantindo que esta solução "é
a que melhor protege a estabilidade do sistema financeiro português"
elevando para 2,4 mil milhões de euros a fatura total passada aos
contribuintes. Decisão obriga a um orçamento retificativo.
Os bloquistas pedem
a demissão do governador do Banco de Portugal e acusam PSD/CDS de
"encenar" a saída limpa do programa de ajustamento.
"Ato
criminoso" do anterior governo, acusa BE
Tudo normal para os
clientes
De salientar ainda
que de acordo com o BdP o fecho do negócio nestes contornos
significa que "manter-se-á o normal funcionamento", já
hoje, do Banif. Os clientes podem estar descansados já que, sendo
bons ativos, "passam a ser clientes do Totta e as agências do
Banif passam a ser daquela instituição".
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