“The decision of the United States is extremely regrettable
— and I am expressing myself very reservedly,” Merkel said. “This decision
cannot and will not … stop us. To the contrary, Germany, Europe and the rest of
the world will more determined than ever bundle their powers … to successfully
tackle these challenges.”
Angela Merkel
Germans had some creative ways of expressing their
disapproval of the US President’s decision to pull out of an international
agreement to fight climate change.
A enorme irresponsabilidade de Trump
2 de Junho de 2017, 6:51
https://www.publico.pt/2017/06/02/ciencia/noticia/a-enorme-irresponsabilidade-de-trump-1774309
As alterações climáticas são o maior problema do século XXI
e os Estados Unidos da América o seu principal responsável histórico pelas
emissões poluentes acumuladas ao longo de décadas. Trata-se de um problema que
não é político ou legal, mas verdadeiramente humanitário, com consequências
enormes principalmente para as populações dos países em desenvolvimento.
O Acordo de Paris, conseguido na Conferência das Nações
Unidas para as Alterações Climáticas em 2015, estabelece metas de emissões de
carbono para cada um dos países com diferentes graus de exigência e permitiu um
entendimento entre todas as nações do mundo sobre a forma progressiva de evitar
um aumento de temperatura mais elevado. Depois de anos de negociações, depois
de um compromisso de metas limitado aos países desenvolvidos estabelecido pelo
Protocolo de Quioto em 1997, depois do falhanço redondo de um acordo em
Copenhaga (em 2009), depois de anos de conflitos, avanços e recuos dos EUA e da
China, o Presidente Obama e o Presidente Xi Jinping ultrapassaram as suas
divergências em setembro de 2014 e conseguiram chegar a um entendimento nesta
matéria, concretizado em dezembro de 2016 em Paris.
Formalmente, o estipulado no próprio Acordo estabelece que
os EUA só poderão comunicar a sua saída formal três anos após a sua
ratificação, o que aconteceu em setembro de 2016, e a saída definitiva só terá
lugar um ano após esta comunicação. Porém, o que realmente importa é o divórcio
e o isolamento que Trump escolheu. Neste caso, mais do que a parte formal,
interessa o pensamento ideológico e a irracionalidade da decisão. Esta saída
tem na sua base razões de política interna e de afirmação do Presidente Trump,
com justificações que não fazem sentido, pois os custos da inação serão sempre
superiores às medidas de mitigação de emissões e os empregos são cada vez mais
verdes.
Mais ainda, a saída dos EUA não põe em causa o enorme
esforço de redução de emissões e de transição para as energias renováveis que
está a ocorrer no mundo mas também por parte de muitos estados americanos,
municípios e, principalmente, empresas. Os investimentos em energias renováveis
e em eficiência energética vão continuar a acontecer, na América e no mundo, e
estamos a caminhar para um planeta e uma economia cada vez mais livre dos
combustíveis fósseis. Este alheamento dos EUA fragiliza o multilateralismo e
ação concertada à escala mundial, mas não levará outros países atrás.
O Acordo vai proporcionar certamente novas lideranças como a
China, permitindo também o levantar da moral da União Europeia que se deve
mostrar mais unida e ambiciosa. Renegociar o Acordo é uma verdadeira ficção e o
abandono da contribuição dos EUA para o Fundo Climático Verde, que permite aos
países com menor capacidade adaptarem-se às consequências das alterações
climáticas, é de uma enorme injustiça por parte do país principal responsável
pelo problema.
Felizmente, o Acordo de Paris é maior do que qualquer nação
ou qualquer governo. Ainda podemos conseguir a promessa de Paris, mas não temos
tempo a perder. Os países de todo o mundo devem aproveitar a oportunidade para
libertar esse potencial, investir em energia renovável que elimine a poluição
nociva do carbono e construir economias mais flexíveis, inclusivas e prósperas.
Professor universitário. Presidente da ZERO - Associação
Sistema Terrestre Sustentável
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