25 mil gregos nas ruas em apoio a
novo Governo, Paris e Lisboa solidárias
Agência Lusa/15/2/2015,
OBSERVADOR
Perto de 25 mil gregos saíram para as ruas em apoio ao Governo de Tsipras e
em vésperas de uma reunião do Eurogrupo, na qual a Grécia vai tentar renegociar
prazos de pagamento da dívida aos credores
Perto de 25 mil
gregos saíram este domingo para as ruas em apoio ao Governo de Alexis Tsipras e
em vésperas de uma reunião do Eurogrupo, na qual a Grécia vai tentar renegociar
prazos de pagamento da dívida aos credores.
De acordo com
números avançados pela agência de notícias AFP, pelo menos 18 mil pessoas terão
saído à rua em Atenas, capital grega, e mais oito mil em Salonica, a segunda
maior cidade do país.
15 mil
manifestantes já haviam descido as ruas das duas cidades gregas na passada
quarta-feira, em apoio ao novo Governo de esquerda, que quer negociar na
segunda-feira em Bruxelas melhores condições para pagar aos credores.
Théodora, uma
desempregada de 58 anos ouvida pela AFP, declarou que os gregos querem “justiça
aqui e agora”.
“Deve-nos ser
feita justiça pelo sofrimento suportado pela Grécia nos últimos cinco anos”,
disse, na praça Syntagma, em Atenas.
Os manifestantes
seguravam faixas onde, segundo a AFP, se podia ler “Acabem com a austeridade na
Grécia e na Europa” e “Acabem com a Merkel, tentem a democracia”.
Em Paris pelo
menos duas mil pessoas saíram também hoje à rua para demonstrar o seu apoio aos
gregos e contra aquilo que apelidaram de “o Golias das Finanças”.
Em França os
marchantes que responderam aos apelos de sindicatos e organizações de
extrema-esquerda para saírem à rua levavam bandeiras do Syriza (partido do
primeiro-ministro grego Alexis Tsipras) e gritavam: “Na Grécia, em França,
resistir contra a austeridade e a finança”.
“O medo mudou de
lado”
Também em Lisboa
centenas de manifestantes se concentraram no Largo Camões, junto ao Chiado, em
solidariedade com a Grécia, exibindo bandeiras, cartazes e faixas com frases
como “Juntos contra a Troika”, em português e em grego, ou “O medo mudou de
lado”.
Os deputados
bloquistas Luís Fazenda e Mariana Mortágua, a médica Isabel do Carmo ou o
realizador de cinema António Pedro Vasconcelos foram algumas das personalidades
presentes nesta iniciativa convocada pelas redes sociais e que previa uma
marcha até ao edifício da Comissão Europeia em Lisboa, no largo Jean Monnet.
A manifestação
convocada pelas redes sociais juntou mais de 500 pessoas, que partiram do Largo
Camões, no Chiado, às 15:45, até ao Largo Jean Monnet, onde fica o edifício da
Comissão Europeia em Lisboa.
Com várias
tarjas, cartazes de apoio ao primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e
bandeiras do Bloco de Esquerda proclamando “Esperança contra a austeridade”, os
manifestantes caminharam durante cerca de uma hora ao ritmo de tambores,
subindo a rua da Misericórdia e de São Pedro de Alcântara até ao bairro do
Príncipe Real e depois descendo a rua do Salitre.
Na frente de um
dos grupos da manifestação, a deputada bloquista Mariana Mortágua dava o mote,
de megafone na mão, ensaiando palavras de ordem gritadas a plenos pulmões
contra as recentes posições do executivo português e do Presidente da
República, Cavaco Silva.
“Culpas os
gregos, ó Cavaco, no BPN continua o buraco”; “Sim ao Varoufakis, não à Maria
Luís”; “Merkel capataz, deixa a Grécia em paz”, afirmava a deputada do BE, já
rouca.
Durante a
manifestação, havia também várias pessoas com cachecóis bege e com riscas
pretas, vermelhas e brancas, iguais ao utilizado pelo ministro das Finanças
grego no último Eurogrupo.
Cristina Paixão,
uma das manifestantes com um destes cachecóis, disse à Lusa que fez questão de
o levar para protestar contra “a propaganda política que tem sido feita contra
o Varoufakis”, que “é completamente absurda, ridícula e patética”.
“Não é um
cachecol que torna um ministro das Finanças melhor ou pior ministro, perder
tempo com esse tempo de ‘fait divers’ é perfeitamente ridículo”, afirmou, já no
Largo Jean Monnet.
A antiga
presidente da secção portuguesa da Amnistia Internacional Maria Teresa
Nogueira, também presente na iniciativa, criticou, em declarações à Lusa, o
caminho seguido pela União Europeia e “a lógica de aprofundamento das
desigualdades, a nível nacional e a nível europeu”.
“Estou aqui a
título pessoal. Temos de reagir, todos nós. Isto é o caminho para o abismo, o
facto de os direitos mais fundamentais das pessoas serem postos de lado
configura uma situação de conflito que explica as radicalizações [na Europa], é
uma situação que tem de ser acabada”, disse.
Para a dirigente
da Amnistia, agora coordenadora do grupo da China, “esta é uma oportunidade
única” de apanhar “boleia da Grécia e tentar reverter toda a miséria” que se
vive na Europa.
Na manifestação
marcaram presença vários dirigentes do BE, como os deputados Luís Fazenda e
Cecília Honório ou a eurodeputada Marisa Matias, o dirigente do Livre Rui
Tavares ou personalidades como o realizador António Pedro Vasconcelos ou a
médica Isabel do Carmo.
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