quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

As declarações polémicas de Costa sobre o estado do país / VER VÍDEO em baixo / Costa vê Portugal a vencer a crise: “A situação de hoje é bastante diferente da de 2011″ / Costa diz que o país está numa “situação diferente” do que estava há quatro anos.


Costa vê Portugal a vencer a crise: “A situação de hoje é bastante diferente da de 2011″
RITA DINIS / 25/2/2015, OBSERVADOR

Parecem palavras do Governo mas foram mesmo do líder da oposição. O pretexto foi um agradecimento à comunidade chinesa que investiu em Portugal e que acreditou que o país sairia da crise.

A propósito das comemorações do ano novo chinês, que António Costa celebrou junto da comunidade chinesa no Casino da Póvoa de Varzim, o secretário-geral do PS admitiu que Portugal está hoje melhor do que estava há quatro anos. A declaração foi feita no contexto de elogio aos investidores chineses que nunca deixaram de acreditar “que o país tinha condições para vencer a crise”.

“Em Portugal, os amigos são para as ocasiões, e numa ocasião difícil em que muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise, a verdade é que os investidores chineses disseram ‘presente’, vieram, e deram um grande contributo para que Portugal pudesse estar na situação em que está hoje, bastante diferente daquela em que estava há quatro anos”, disse António Costa no passado dia 19 de fevereiro, durante a cerimónia comemorativa da entrada no ano da Cabra que se realizou no casino da Póvoa, e que Observador ouviu através de um vídeo colocado na página de Facebook do eurodeputado Nuno Melo.

As declarações foram em jeito de agradecimento à comunidade chinesa que tem investido no país nos últimos anos, e a quem Costa quis “agradecer” por “todo o apoio”, que, disse, “é um sinal do muito que ainda temos para desenvolver nas relações entre todos nós”. Mas não passaram indiferentes aos mais críticos do líder socialista. O dirigente centrista e eurodeputado Nuno Melo foi um dos primeiros a tirar nota das palavras de Costa, colocando na sua página oficial de Facebook um excerto do vídeo do discurso do socialista.

“[António Costa] reconhece que Portugal está muito melhor em 2015, do que estava em 2011, depois de meses passados a criticar uma estratégia do governo que só provocava ‘desemprego, paralisação da economia e emigração em massa’. Mais vale tarde do que nunca”, escreveu o dirigente do CDS.

O eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, também já comentou as declarações do secretário-geral do PS. “Elas falam por si. E mostram que o líder socialista tem um discurso para dentro do país e outro para fora. Esclarecedoras”.

Costa diz que o país está numa “situação diferente” do que estava há quatro anos
NUNO SÁ LOURENÇO 25/02/2015 - PÚBLICO

A frase levou o partido a sair em defesa do seu líder, depois de PSD e CDS terem procurado capitalizar a polémica.

As declarações do secretário-geral do PS foram proferidas há alguns dias, no Casino da Póvoa, perante a comunidade chinesa que celebrava o ano novo chinês. E foi para agradecer o investimento chinês que o socialista proferiu a frase que o eurodeputado do CDS, Nuno Melo, fez questão de denunciar no Diário Económico.

“Como nós dizemos em Portugal, os amigos são para as ocasiões. E numa ocasião difícil para o país, em que muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise, a verdade é que os chineses e os investidores chineses disseram presente, vieram e deram um grande contributo para que Portugal pudesse estar hoje na situação em que está, bastante diferente daquela em que estava há quatro anos atrás.”

A frase levou o partido a sair em defesa do seu líder. O deputado e ex-ministro da Economia, Vieira da Silva, acusou a maioria — que fez eco dessas declarações no plenário parlamentar — de “tentar desviar a atenção dos portugueses da identificação dos problemas sérios que existem no país".

Do Largo do Rato, chegou outra justificação: "Perante o exterior, António Costa recusa-se a falar mal do país, mesmo que não goste deste Governo. PSD e CDS estão a tentar um fait-divers com esse assunto", justificou um elemento do partido.

O líder parlamentar do PSD também capitalizou a polémica. Luís Montenegro acusou António Costa de andar "um pouco ziguezagueante, senão mesmo confuso, nos últimos dias" e de ter protagonizado "o cúmulo da submissão política" a Bruxelas ao advertir para a importância das negociações a nível europeu.


"Objectivamente, o que aconteceu ao doutor António Costa é que a boca lhe fugiu para a verdade. Por uma vez, ao contrário daquilo que fez o PS ao longo dos últimos quatro anos, reconheceu que havia muito pessimismo em muitos sectores da sociedade portuguesa relativamente a podermos enfrentar e vencer a crise, mas felizmente não foi isso que sucedeu, não foi o pessimismo que venceu", afirmou Montenegro.

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