RITA DINIS / 25/2/2015,
OBSERVADOR
Parecem palavras do Governo mas foram mesmo do líder da oposição. O
pretexto foi um agradecimento à comunidade chinesa que investiu em Portugal e
que acreditou que o país sairia da crise.
A propósito das
comemorações do ano novo chinês, que António Costa celebrou junto da comunidade
chinesa no Casino da Póvoa de Varzim, o secretário-geral do PS admitiu que
Portugal está hoje melhor do que estava há quatro anos. A declaração foi feita
no contexto de elogio aos investidores chineses que nunca deixaram de acreditar
“que o país tinha condições para vencer a crise”.
“Em Portugal, os
amigos são para as ocasiões, e numa ocasião difícil em que muitos não
acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise, a
verdade é que os investidores chineses disseram ‘presente’, vieram, e deram um
grande contributo para que Portugal pudesse estar na situação em que está hoje,
bastante diferente daquela em que estava há quatro anos”, disse António Costa
no passado dia 19 de fevereiro, durante a cerimónia comemorativa da entrada no
ano da Cabra que se realizou no casino da Póvoa, e que Observador ouviu através
de um vídeo colocado na página de Facebook do eurodeputado Nuno Melo.
As declarações
foram em jeito de agradecimento à comunidade chinesa que tem investido no país
nos últimos anos, e a quem Costa quis “agradecer” por “todo o apoio”, que,
disse, “é um sinal do muito que ainda temos para desenvolver nas relações entre
todos nós”. Mas não passaram indiferentes aos mais críticos do líder
socialista. O dirigente centrista e eurodeputado Nuno Melo foi um dos primeiros
a tirar nota das palavras de Costa, colocando na sua página oficial de Facebook
um excerto do vídeo do discurso do socialista.
“[António Costa]
reconhece que Portugal está muito melhor em 2015, do que estava em 2011, depois
de meses passados a criticar uma estratégia do governo que só provocava
‘desemprego, paralisação da economia e emigração em massa’. Mais vale tarde do
que nunca”, escreveu o dirigente do CDS.
Costa diz que o país está numa
“situação diferente” do que estava há quatro anos
NUNO SÁ LOURENÇO
25/02/2015 - PÚBLICO
A frase levou o partido a sair em defesa do seu líder, depois de PSD e CDS
terem procurado capitalizar a polémica.
As declarações do
secretário-geral do PS foram proferidas há alguns dias, no Casino da Póvoa,
perante a comunidade chinesa que celebrava o ano novo chinês. E foi para
agradecer o investimento chinês que o socialista proferiu a frase que o
eurodeputado do CDS, Nuno Melo, fez questão de denunciar no Diário Económico.
“Como nós dizemos
em Portugal, os amigos são para as ocasiões. E numa ocasião difícil para o
país, em que muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e
vencer a crise, a verdade é que os chineses e os investidores chineses disseram
presente, vieram e deram um grande contributo para que Portugal pudesse estar
hoje na situação em que está, bastante diferente daquela em que estava há
quatro anos atrás.”
A frase levou o
partido a sair em defesa do seu líder. O deputado e ex-ministro da Economia,
Vieira da Silva, acusou a maioria — que fez eco dessas declarações no plenário
parlamentar — de “tentar desviar a atenção dos portugueses da identificação dos
problemas sérios que existem no país".
Do Largo do Rato,
chegou outra justificação: "Perante o exterior, António Costa recusa-se a
falar mal do país, mesmo que não goste deste Governo. PSD e CDS estão a tentar
um fait-divers com esse assunto", justificou um elemento do partido.
O líder
parlamentar do PSD também capitalizou a polémica. Luís Montenegro acusou
António Costa de andar "um pouco ziguezagueante, senão mesmo confuso, nos
últimos dias" e de ter protagonizado "o cúmulo da submissão
política" a Bruxelas ao advertir para a importância das negociações a
nível europeu.
"Objectivamente,
o que aconteceu ao doutor António Costa é que a boca lhe fugiu para a verdade. Por
uma vez, ao contrário daquilo que fez o PS ao longo dos últimos quatro anos,
reconheceu que havia muito pessimismo em muitos sectores da sociedade
portuguesa relativamente a podermos enfrentar e vencer a crise, mas felizmente
não foi isso que sucedeu, não foi o pessimismo que venceu", afirmou
Montenegro.
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