Governo grego diz que Portugal e
Espanha não estão a defender interesse dos povos
12-2-2015 / JN
online
O Governo grego atribui a questões de "política interna" as
posições duras de Portugal e Espanha relativamente às suas propostas. A Grécia
mantém "um grande otimismo" quanto a um "acordo em breve".
No dia em que se
celebra uma cimeira informal de chefes de Estado e de Governo da União
Europeia, que assinala a estreia do novo primeiro-ministro grego, Alexis
Tsipras, em Conselhos Europeus, e depois de na quarta-feira já ter tido lugar
um Eurogrupo extraordinário, inconclusivo, sobre uma revisão do programa de
assistência à Grécia, fontes do governo grego ouvidas pela Lusa sublinharam que
a discussão é neste momento política.
Questionadas
sobre o posicionamento dos governos português e espanhol, muito críticos quanto
às pretensões do Governo de Tsipras relativamente à substituição do atual
programa de assistência e renegociação da dívida, fonte do novo Governo de
Atenas escusou-se a fazer muitos comentários, limitando-se a atribuir as
posições dos executivos liderados por Pedro Passos Coelho e Mariano Rajoy a
"política interna".
Os governos
PSD/PP, em Portugal, e do PP espanhol pertencem à família política do Partido
Popular Europeu (PPE), da qual também fazia parte o anterior primeiro-ministro
grego, Antonis Samaras (do partido Nova Democracia), enquanto o Syriza,
vencedor das eleições gregas de janeiro, faz parte do Grupo da Esquerda
Unitária, família política europeia que integra PCP e Bloco de Esquerda.
Na passada
terça-feira, em Estrasburgo, o eurodeputado Dimitrios Papadimoulis, do Syriza,
já afirmara à Lusa que sente que "uma grande parte do povo português"
apoia os esforços do novo Governo grego, embora o mesmo não suceda ao nível
governamental, sublinhando ser necessário distinguir que as posição "não
são dos países, mas sim de Mariano Rajoy e Passos Coelho".
"Rajoy tem
um pesadelo que se chama Podemos (o partido de Pablo Iglesias que continua a
subir nas sondagens) e Passos Coelho também tem a pressão dos partidos da
oposição. Não é meu papel julgar dois primeiros-ministros, mas entendo
claramente as razões que os levam a fazer o que estão a fazer agora, e não é no
interesse do seu povo, é no interesse das suas carreiras políticas",
considerou o eurodeputado.
Relativamente às
negociações em curso, as mesmas fontes governamentais gregas deram, esta
quinta-feira, conta do seu "grande otimismo" num compromisso na
próxima segunda-feira, data em que se realiza novo Eurogrupo, e explicaram que
a dificuldade básica, para já, é "se a base da discussão é o programa
anteriormente acordado (com o governo de Samaras) ou não".
Do ponto de vista
do novo Governo grego, "não se pode pedir a um governo eleito, com um novo
programa, que implemente o anterior, com as condicionalidades que foram
rejeitadas pelo povo grego", razão pela qual Atenas quer um "acordo
ponte", de transição entre o anterior programa e um novo, que também prevê
equilíbrio orçamental e reformas, mas com outras prioridades.
Garantindo que o
Governo grego está disposto a fazer concessões, "e fê-las", e a
cumprir as regras da UE, "embora discorde de várias", as fontes
indicaram que o objetivo é chegar a uma "solução viável para ultrapassar a
crise humanitária criada pelo anterior programa" na Grécia, que agrade a
todas as partes.
As fontes
sublinharam que o importante é encontrar agora um compromisso político, e não
técnico, não se tratando de mais dinheiro que Atenas pretende, até porque
"as necessidades financeiras da Grécia são geríveis" no médio prazo.
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