segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Depois do Syriza, o Podemos e os Cidadãos. Espanha está a mudar


Depois do Syriza, o Podemos e os Cidadãos. Espanha está a mudar
LILIANA VALENTE - 8/2/2015, OBSERVADOR

Ora era PP ora era PSOE. É assim a vida política desde os anos 80 em Espanha. Agora, os espanhóis preparam-se para trocar de protagonistas: entra o Podemos e os Cidadãos.
O fenómeno Syriza está a alastrar-se a Espanha. Se as eleições legislativas fossem hoje, os espanhóis levariam para o governo o Podemos e votariam nos Cidadãos como quarta força política.

A mais recente sondagem, publicada este domingo pelo El País, mostra uma alteração no espetro político pouco comum no país vizinho. Desde os anos 80 que há uma rotatividade entre PP e o PSOE, agora, os dois partidos do centrão espanhol não alcançam mais do que o 2º e 3º lugar nas intenções de voto.

De acordo com a sondagem do diário espanhol, o partido Podemos lidera as intenções de voto com 27,7% das intenções de voto. O PP de Mariano Rajoy, que está no poder tem uma previsão de votos na ordem dos 20,9% e os socialistas de Pedro Sànchez não passam dos 18,3%.

Mas outra surpresa nas contas espanholas é o surgimento de outro partido fora do sistema: os Cidadãos (Ciudadanos) que estão à espreita logo a seguir ao PSOE, com 12,2% das intenções de voto.

É, no entanto, preciso ter em conta o efeito da atualidade na sondagem. No início do mês, não só o Syriza tinha vencido as eleições na Grécia como mais de 150 mil pessoas tinham participado na manifestação do Podemos, em Madrid. O jornal lembra que a linha de ataque dos restantes partidos ao Podemos se tem baseado no facto de as propostas do Podemos não terem concretização prática e acrescenta que será por isso que o Podemos sofreu uma quebra de cinco décimas desde a anterior sondagem.

Além da queda do Podemos, houve também uma queda do PSOE na mesma proporção. Em causa pode estar o facto de Pedro Sànchez ter assinado um acordo histórico com Mariano Rajoy de legislação anti-terrorismo. O acordo – e o facto de incluir a possibilidade de prisão perpétua para crimes graves de terrorismo – não foi bem visto por muitos socialistas. Muitos dos barões não ficaram sossegados com o facto de Sànchez ter colocado uma cláusula, que inclui a possibilidade de os socialistas, quando tiverem maioria, reverterem a medida.

As sondagens mostram ainda uma recuperação de Mariano Rajoy e uma subida de outro partido fora do sistema: Ciudadanos. De acordo com o jornal, o partido está a subir por si e não deve isso a nenhuma queda de outros partidos. O Cidadãos, liderado por Albert Rivera, acrescenta o jornal, é escolhido por ser o partido que mais se aproxima do que pensam os inquiridos (47%) do que propriamente pela deceção com outros partidos (29%). O contrário acontece com o Podemos, que se está em primeiro lugar por angariar os descontentes (45%) e menos pelas ideias.

É com esta perceção dos dois partidos que tanto PP como PSOE estão a jogar, com mais sucesso para o partido que está no governo. O líder socialista, por exemplo, adotou agora um discurso em que diz que é face da mudança no país face a Rajoy, mas de mudança segura, o que o distingue de outras opções à esquerda, leia-se Podemos. Sànchez falava num encontro em Badajoz onde esteve com António Costa.


As eleições espanholas estão previstas para novembro.

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