Quão livre é o "Livre" ?
Rui Tavares como ‘ rigoroso dinamizador crítico’ ... ou como “Facilitador” de Costa ?
“To
BE or NOT to Be (that is the question)"
OVOODOCORVO
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“Tempo de Avançar” quer passar
“do contra ao como fazer”
SÃO JOSÉ ALMEIDA
25/01/2015 - PÚBLICO
O Livre serve de plataforma eleitoral a um movimento que quer contribuir
para um Governo de coligação à esquerda. No próximo fim-de-semana, reúne-se a
Convenção que lança este projecto.
“Quem é do contra
tem de saber acrescentar o como fazer”, afirma ao PÚBLICO Rui Tavares,
dirigente do partido Livre, que oferece o seu estatuto institucional como base
para as legislativas de 2015 à Candidatura Cidadã Tempo de Avançar, a qual
reúne associações políticas como o Fórum Manifesto, o Movimento 3D e a
Refundação Comunista.
Isto além de
diversos cidadãos independentes, independentes que há muito estavam afastados
da política, bem como inúmeras pessoas que intervêm pela primeira vez, com uma
forte presença de portugueses emigrados.
Qual o modo como
a Tempo de Avançar se propõe fazer a diferença na governação do país só mais
para o Verão se saberá, quando estiver terminado o processo de elaboração do
programa eleitoral que arranca no dia 31 de Janeiro, o próximo domingo, na
primeira Convenção Tempo de Avançar. Uma reunião em que se anuncia a presença
de vários independentes de esquerda, como Julio Machado Vaz, mas de fora da
qual estarão Joana Amaral Dias e Nuno Ramos da Almeida que entretanto
procuraram lançar um outro movimento, o Junto Podemos, mas que já se
desvincularam dele por divergência com o partido MAS, de Gil Garcia,
A Convenção da
Candidatura Cidadã Tempo de Avançar será assim um novo patamar do processo
aberto à convergência de esquerda lançado pelo Livre, depois de nas eleições
europeias de 25 de Maio de 2014 este ter obtido mais de 70 mil votos – um
resultado que, se se repetir em legislativas, lhe permitirá eleger dois
deputados em Lisboa e ficar à beira de eleger um no Porto. E é sem falsa
humildade que Rui Tavares assume que a Candidatura Cidadão Tempo de Avançar
pode chegar aos cinco eleitos nas legislativas deste ano.
O arco
constitucional
O objectivo é
“aumentar o arco constitucional para que este se sobreponha ao arco
governativo” e os partidos de esquerda influenciem e exerçam a governação,
afirma Rui Tavares. “Nessa passagem do contra ao como fazer, assumimos as
nossas responsabilidades, tal como deve ser feito também pelo PCP, BE e PS”,
sublinha o antigo eurodeputado independente que rompeu com o BE em 2011.
Para Rui Tavares,
“a equação é fácil de entender: quantos mais elementos se juntarem à esquerda
para influenciar uma governação de esquerda, mais resultados essa influencia
terá”. Daí que defenda que “todas as forças que têm assumido posições contra as
políticas de austeridade se devem unir e encontrar uma governação alternativa”.
Rui Tavares
lembra que “há um tabu que tem feito pagar um preço caro em Portugal” e faz o
retrato da “situação em que há uma esquerda que só pensa em vir para o Governo
e outra que só pensa em não estar no Governo”. Logo, diz, “o que acontece é que
a direita acaba por ir para o Governo”. O que está na origem de um
“desequilíbrio do sistema político português”.
Para quebrar esse
desequilíbrio, “pela primeira vez, o Livre dispôs-se a participar e a estar ao
lado de movimentos de cidadãos de um modo que não é tradicional”, salienta Ana
Drago, antiga dirigente e deputada do BE, que integra a Associação Fórum Manifesto.
“Ao contrário de pendurar independentes na lapela do partido”, o Livre aceitou
“construir, com outros, uma candidatura cidadã”, afirma Ana Drago, considerando
que o projecto comum que a junta a Rui Tavares e a muitos outros “não é só para
construir mais um grupo parlamentar, embora seja preciso também ter um grupo
parlamentar”. Mas a dirigente do Fórum Manifesto assume que “é preciso
influenciar, pressionar e alterar a governação”.
Política é
governar
Refutando as
críticas de que, afinal, o que querem é ir para o Governo, sem hesitação Ana
Drago afirma que “o Manifesto tem como objectivo alterar a política, por isso
tem vocação de governo”. Isto, porque “a política não é só para dizer coisas
certas, é para alterar as vidas das pessoas”.
Ana Drago considera
que “um dos problemas da democracia portuguesa é que há um bloqueio
democrático” E explica que, na sua opinião, este “bloqueio advém de haver uma
maioria de direita com um Presidente de direita”, uma associação que “criou uma
dificuldade de contestação, maioria na sociedade que só foi travada pelo 15 de
Setembro [de 2012] contra a TSU ou então pelos vetos do Tribunal
Constitucional”.
Mas prossegue
salientando que “há um outro bloqueio que está na esquerda”. E concretiza:
“Temos o BE e o PCP que contestam, mas não estão disponíveis para governar, nem
mesmo para governar de forma diferente, e temos os partidos do arco do Governo
que não querem falar do que se vai passar.”
A antiga deputada
à Assembleia da República considera que é preciso uma força política capaz de
“dizer ao país as dificuldades” por que vai passar e “o que vai ser preciso
fazer, sem pôr em causa a defesa da democracia”. Essa força política precisa,
assim, de estar “disponível para fazer diferente e fazê-lo em diálogo com o PS,
o PCP e o BE”. Sem preconceitos em relação ao exercício do poder, Ana Drago
afirma: “Participar num Governo não é tabu, agora têm de ser encontrados
compromissos sobre o que é fundamental.”
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