“José Sá Fernandes vai declarar guerra aos
graffiti em 2013.” Editado por António Sérgio Rosa de Carvalho in http://cidadanialx.blogspot.nl/2012/10/jose-sa-fernandes-vai-declarar-guerra.html
O que seria
altamente recomendável era uma definição clara e esclarecedora por parte do Vereador Sá Fernandes dos
limites entre puro Vandalismo Camuflado sustentado por vaga argumentação
pseudo-sofisticada e “Arte Urbana” …
É perfeitamente
claro que a C.M.L. ... está a "enviar" mensagens paradoxais e
pedagógicamente ambiguas ... E que tal menos "sofisticamento" e mais
obra concreta na Reablitação e Recuperação de Lisboa ?
António Sérgio Rosa
de Carvalho.
"Diferenciar
o graffiti de vandalismo é o principal objectivo destas iniciativas." ...
Lê- se em baixo …
Como classificam
então os orgulhosos Autarcas ( António Costa, José Sá Fernandes, Manuel Salgado
) ... a intervenção na Fontes Pereira de Melo ...iniciativa da autoria dos
mesmos ?!?
Eu SEI ... como a
classifico ...
No caso
especifico na Fontes Pereira de Melo, e daquele que constituiu um magnifico
exemplo de um conjunto dos finais do sec XIX, juntamente com o Palacio Sotto
Mayor e o Valmor sede do Metro ... depois do seu esventramento ... a
intervenção “grafitti”, só serviu para alimentar e reforçar os argumentos relativizadores
do Valor Patrimonial e ajudar à desresponsabilização dos responsáveis por essa
decisão, e daqueles que pretendem concluir que “aquilo” ... "já não vale
nada”.
Verdadeiro crime
de Lesa-Património, esta intervenção “emite” em termos de Pedagogia o pior
“sinal”possivel ... desprestigia o pouco que resta, nesta zona, do Património
do Sec.XIX e ilustra a confusão de valores e a incompetência, disfarçada de
sofisticamento cultural, que impera nas cabeças dos Vereadores da C.M.L.
responsáveis por este atentado.
António Sérgio
Rosa de Carvalho.
Don't let urban art cover up neglect of
The graffiti initiative highlights
poignantly the total absence of an urban strategy for regenerating the city
centre. Estimates suggest there are more than 4,600 buildings empty in the
central area, 50% either abandoned awaiting demolition or approval.
John Chamberlain The Guardian, Friday 4
February 2011 Article history
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Lisboa está com mau aspecto. / Lisbon looks like shit. / (
“STREET ART IS NOT ART”)
Lucy Pepper
11/1/2015 /
OBSERVADOR
Cresce como o
bolor, sobe pelas paredes e pelos muros, deixando manchas pretas e feias. Esta
cidade está a ser comida vivo pelos graffiti.
Cresce como o
bolor, sobe pelas paredes e pelos muros, deixando manchas pretas e feias. A
única coisa que o impede de chegar mais acima é a altura média dos adolescentes
da espécie humana.
Esta cidade dos
séculos XVI, XVII, XVIII, XIX e XX, esta jóia barroca à beira Tejo, a cintilar
sob a luz de um sol singularmente brilhante, que saltita entre o céu e o oceano
Atlântico, está a ser comida vivo pelos graffiti.
As fotografias
que aqui podem ser vistas foram tiradas em não mais do que um quarto de hora.
Ao nível mais
baixo, os graffiti são representados pelo “tagging” nojento, feito por idiotas
que rabiscam os seus nomes em qualquer superfície, independentemente de quão
preciosa seja essa superfície, apenas porque lhes apetece e porque podem. De
mistura com os nomes, aparecem as anedotas e ditos supostamente subversivos, os
insultos racistas e as declarações de amor.
Também há, por
tudo quanto é sítio, aquela coisa hedionda que são os nomes escritos em letras
do tamanho de uma pessoa, redondas e cheias, altamente coloridas e brilhantes,
e que, tal como a música de dança dos anos 90, nunca mudam: têm o mesmo aspecto
que tinham em Nova Iorque nos anos 70 e não são mais interessantes do que
qualquer coisa que uma miúda desenha no estojo dos lápis. São tão entediantes e
subversivas como um pano molhado caído no chão. Há ainda os graffiti hipster,
estranhos e surreais, e que ou são irónicos ou tão profundos que ninguém, além
dos hipsters, os podem entender.
Anarquistas e
comunistas sentem-se a vontade para pintar as suas banais chamadas às armas ou
aos protestos porque acham que os muros não pertencem a ninguém (os
anarquistas) ou pertencem a todos igualmente, mas mais igualmente a eles
próprios (os comunistas). Pergunto-me quantas conversões às suas crenças eles
obtiveram desta maneira. Nos dias da censura de Estado, podia-se desculpar os
escritos nas paredes. Mas, hoje, temos a internet.
A cultura dos
graffiti é uma cultura de “wise-assery”, de plágio e de repetição, tudo a
fingir que é rebelião… rebelião sem muita causa, além da sujeira que ninguém
consegue limpar.
Agora, temos de
chamar aos graffiteiros “street artists”, senão eles põem-se a chorar lágrimas
de tinta permanente. Pior ainda, graffiti de todas as espécies estão a ser
encorajados vivamente… por nós. Nestes últimos anos, a “street art”, ou “arte
urbana”, tem sido nobilitada por umas secções do mundo das artes e, mais
estúpida e irritantemente, pelas câmaras municipais. É preciso dizer que todos
foram ludibriados.
A maior parte da
arte urbana permitida e promovida é tão feia como qualquer “tagging”. Não tem
graça, nem espírito, nem imaginação, nem talento (um “aside”: existe um artista
urbano de que gosto muito, não só porque é tecnicamente brilhante, mas também
porque trabalha com/dentro/e através da matéria prima dos edifícios que
desfigura/reconfigura. Ele é o Vhils, e é o único).
A aceitação
súbita da arte urbana por pessoas normalmente de bom senso tem legitimado e
encorajado toda a espécie de “artistas” de graffiti do mundo. Banksy, a pregar aos
já-convertidos com os seus “stencils”, entrou nos corações de quase toda a
gente e tornou aceitável o hábito de pintar banalidades com “stencils” em toda
a parte.
Já ouvi o
argumento de que a arte urbana autorizada ajuda a reduzir a quantidade de graffiti
de baixo-nível perpetrados pelos idiotas. Bem, saia de casa e veja se reduziu.
Melhor, vá ver uma peça de arte urbana autorizada e há-de reparar que está
coberta de “tagging” e de tretas: nem a “arte urbana” escapa aos graffiteiros…
Também já ouvi o argumento
de que os graffiti dão voz a toda a gente, especialmente aos mais pobres. É um
argumento de treta. Sabem quanto custam essas latas de tinta?
A arte urbana é a
roupa nova do imperador numa lata de tinta, executada em tamanho grande numa
parede ainda maior. Quem tem menos de 65 anos, geralmente não se atreve a
protestar contra “a arte urbana legítima”, com medo de que os seus amigos o
achem um velho chato, e relutantemente diz que o Banksy tem interesse e que as
tretas pintadas naquele prédio têm os seus méritos (quando sabe que não têm). Muitos
dos artistas urbanos legitimados são artistas horríveis tecnicamente e também
em termos de gosto, de criatividade e de respeito pelas cidades que lhes dão
tela na forma de espaço. Nobilitar a sua arte é como nobilitar as tralhas que
se encontram numa feira suburbana de artesanato, tralhas como aquelas coisas de
malha na forma de uma boneca, com vestido grande, para cobrir rolos de papel
higiénico.
Mas espere,
pensando bem, talvez fosse preferível nobilitar aquelas coisas de malha na
forma de uma boneca para cobrir os rolos de papel higiénico, porque ao menos eu
poderia sair a meio da noite e pôr-lhes um fósforo. Desapareciam
num instante.
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