( ...) Um perigo
para a Europa. Draghi tentará evitá-lo criando dinheiro e injectando-o no
mercado. Com mais dinheiro disponível descem os juros, os bancos emprestam-no
às empresas que criam emprego e aumentam a possibilidade de novos créditos às
famílias, que podem consumir, e por aí adiante.
Os analistas
dizem-nos que a inflação deve estar um pouco abaixo dos 2 por cento, o vento
perfeito. É por isso que milhares de economistas se embrenham em folhas Excel e
procuram uma bissectriz que indique em cada momento a equação perfeita. Porque,
se esta sobe acima dos 2 por cento, os preços aumentam e a moeda de um país
desvaloriza em relação a um outro país (mesmo que tenham a mesma moeda). Subindo
os preços deixamos de poder poupar, se não poupamos consumimos menos porque os
preços são mais altos e se não consumimos a economia ressente-se.
O que quero
dizer? Que o mundo já não pula e avança com grandes teses ideológicas, palavras
de ordem e punhos erguidos. Tenho más notícias para os que acreditam em amanhãs
que cantam na Grécia, em França, Itália ou Portugal. Alcançado o poder, à
esquerda ou à direita, o discurso poético deriva para a inevitável prosa de
sempre. Porque os mercados, com os seus humores sensíveis, é que definem as
políticas. Os mercados e milhões de milhões de folhas de cálculo que tentam o
único milagre que conta: controlar os números para que o maior número possível
de pessoas possa continuar a gastar em produtos com uma inflação controlada. Resta-nos
acreditar na felicidade e no sonho. Única forma de continuarmos a jogar, a
cenoura que nos faz acreditar que somos donos de nós próprios
Por Luís Osório
publicado em 22
Jan 2015 in
(jornal) i online
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