Ministros
das Finanças da UE realçam “regresso ao crescimento” da Grécia
Estados-membros podem justificar
défices acima do permitido se a causa forem investimentos ou reformas que induzam
crescimento
Miguel Castro
Mendes, Bruxelas / 28-1-2015 / PÚBLICO
Ovice-presidente
da Comissão Europeia, o letão Valdis Dombrovskis, com a pasta do euro e do
diálogo social, reiterou ontem, à saída do Conselho de Ministros das Finanças
da UE (Ecofin), que a Comissão Europeia “respeita a escolha democrática da
Grécia” e que vai continuar a apoiar o país “no cumprimento das suas obrigações
e na continuação do seu caminho de reformas”, seguindo assim à risca as
declarações cautelosas do executivo comunitário.
Os ministros
discutiram a situação da Grécia depois das eleições de domingo, tendo
Dombrovskis realçado os “progressos notáveis” realizados pela Grécia na reforma
da sua economia, e afirmando que o país “está a regressar ao crescimento” e que
o emprego está a recuperar.
A Comissão também
apresentou aos ministros a proposta de regulamento para o estabelecimento do
Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE). Pretendendo mobilizar até
315 mil milhões de euros em projectos de investimento apresentados pelos
Estados-membros, tem como missão reanimar o crescimento. A ambição da Comissão
é ter o regulamento aprovado até Junho, para que o FEIE comece a funcionar este
Verão.
A interpretação
do que é a “flexibilidade” na aplicação das actuais regras do Pacto de
Estabilidade e Crescimento (PEC), que foi detalhada por uma comunicação da Comissão
publicada a 13 de Janeiro, também foi discutida no Conselho. Permitiria
nomeadamente a Estados-membros justificarem défices acima do permitido se forem
causados por investimentos ou reformas que sejam propícias ao crescimento
económico.
Alguns Estados-membros
temem que a Comissão se torne mais permissiva em matéria de disciplina
orçamental. No entanto, como explicou a Comissão, a flexibilidade será menor
para países com maior défice.
“Os países com
posições orçamentais mais prudentes podem beneficiar de mais flexibilidade do
que os países que têm dificuldades com o seu ajustamento, o que quer dizer que
há substancialmente menos flexibilidade para países na vertente correctiva do
PEC”, declarou Dombrovskis.
Para além disso,
disse Dombrovskis, a Comissão será particularmente rigorosa em garantir que os
investimentos ou reformas sejam realmente adoptados e surtam efeitos. “Promessas
não bastam”, insistiu o Comissário.
Os ministros
também debateram a assistência financeira que deverá ser prestada pela UE à
Ucrânia, em troca de reformas a adoptar pelo Governo de Kiev. A Comissão propôs
um programa de assistência económica num montante de 1800 milhões de euros, a
ser desembolsado em três tranches de 600 milhões de euros.
O ministro das
Finanças da Letónia, Janis Reirs, destacou a importância que este tema tem para
a presidência letã, afirmando que a UE “tem de estar pronta para fornecer esta
assistência, porque se trata de uma situação que afecta não só os cidadãos
ucranianos, mas também a segurança de todos os cidadãos europeus.”
Em resposta aos
ataques terroristas em França, e a pedido do ministro das Finanças francês, o
Conselho também pretende acelerar a adopção de novas regras sobre o
branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo, tendo para isso
adoptado um acordo com o Parlamento Europeu.
“Os ataques
terroristas que atingiram Paris e os que foram frustrados em Bruxelas mostram
que é assim que estes grupos terroristas se financiam, com mecanismos de
pequena escala, pequenas transferências ocultadas pelo anonimato”, declarou
Michel Sapin à saída da reunião.
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