sábado, 31 de janeiro de 2015

Podemos ensaia a sua primeira demonstração de força nas ruas de Madrid




Podemos ensaia a sua primeira demonstração de força nas ruas de Madrid
    Sofia Lorena / 31-1-2015 / PÚBLICO

A “Marcha da Mudança” vai percorrer um pequeno caminho, da Praça Cibeles às Portas do Sol, em Madrid, homenageando assim o movimento dos indignados, que ali nasceu a 15 de Maio de 2011, pedindo uma democracia mais representativa, e que deu origem a grupos que defendem a educação ou a saúde e abriu a porta à criação do próprio partido.

“A esperança chegou”, afirmou Iglesias depois da vitória de Alexis Tsipras, novo primeiro-ministro grego. Nascido há pouco mais de um ano — o aniversário foi assinalado em Sevilha, no dia 17 —, o Podemos apresentou-se às europeias com quatro meses de vida e elegeu cinco deputados. Desde Novembro que as sondagens indicam que pode vencer as legislativas, dando-lhe vantagem sobre o Partido Popular, a direita, no poder, e colocando-o à frente ou muito perto dos socialistas do PSOE.

O “sismo” de que falam os analistas, capaz de rebentar com o bipartidarismo que governa a Espanha desde a Transição, em 1978, diz-se pronto para ir a votos.

2015 é o ano de todas as eleições e começa mais cedo do que o previsto. As regionais andaluzas foram antecipadas para 22 de Março: a decisão da presidente da região com mais população do país, a socialista Susana Diaz, terá em vista encurtar o tempo que o Podemos tem para se preparar. Há duas semanas, Iglesias encheu o auditório Fibes de Sevilha, algo que até agora só o PSOE era capaz de fazer, e diz reunir 55 mil inscritos nesta comunidade, acima dos 46 mil militantes socialistas.

Em Maio, seguem-se regionais noutras comunidades, como Madrid ou Valência, e municipais. Em Setembro, há regionais antecipadas na Catalunha e até ao fim do ano vão realizarse legislativas. A marcha de Madrid também serve para lançar este ano vertiginoso, anunciando, como diz o “vice” de Iglesias, Iñigo Errejon, “uma política ao serviço do povo e não dos interesses privados”.

PP e PSOE têm denunciado as propostas do Podemos como irrealistas, mas o programa para as legislativas que o partido discute agora está longe daquele com que se apresentou às europeias. Lá continua o aumento dos salários e de empregos nos serviços básicos, que o partido quer pagar com a subida de impostos sobre as grandes empresas e fortunas. Mas não se fala de saída do euro e defende-se a reestruturação da dívida.

Alguns socialistas não concordam com os ataques da liderança a Iglesias. Beatriz Talegón, secretária-geral da União das Juventudes Socialistas, e Enrique del Olmo, candidato às primárias em Madrid, escrevem no Público espanhol que vão marchar porque acreditam que “é possível recuperar direitos e que as instituições governam para as pessoas e não para a elite”, como se lê na convocatória. A Madrid chegarão 260 autocarros (uma campanha de crowdfunding juntou 4600 euros), apoiantes disponibilizaram os seus carros para partilha e 500 madrilenos ofereceram cama a mais de 1200 pessoas.

O politólogo José Ignacio Torreblanco diz à AFP que a marcha é “arriscada”, mas que os líderes do Podemos querem acabar com a impressão de que só existem na televisão (onde Iglesias se tornou conhecido, apresentando programas de debate político) e nas redes sociais. Iglesias só quer “dizer que as pessoas estão fartas de protestar pelo evidente, o direito à saúde ou a uma educação decentes”, numa mobilização em que não se pedirá nada ao

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