Davos: Sindicatos pedem nova
Magna Carta para travar desemprego
ANA RUTE SILVA
21/01/2015 - PÚBLICO
Políticos e empresários estão sentados num “vulcão de descontentamento
legítimo", alertam centrais sindicais.
No primeiro dia
completo de trabalho, no Fórum Económico Mundial, em Davos, as maiores centrais
sindicais do mundo vieram pedir uma nova Magna Carta para travar a escalada do
desemprego e das desigualdades.
Desde o início da
semana que têm sido divulgados relatórios sobre a distribuição da riqueza no
mundo — e que evidenciam a distância cada vez maior entre os ricos e a restante
população — e, nesta quarta-feira, a UNI Global Union, com mais 20 milhões de
membros em todo o mundo, pegou nos números para reforçar a ideia de que os
políticos e os empresários em Davos estão “sentados num vulcão de
descontentamento legítimo, alimentado pelo desemprego, a desigualdade e a
austeridade”. “Juntos temos a responsabilidade de mudar”, defendeu Philip
Jennings, secretário-geral da UNI Global Union.
Davos vai
assinalar os 800 anos da Magna Carta, documento de referência assinado pelo Rei
João de Inglaterra em 1215 onde se reconhecem pela primeira vez as liberdades e
direitos dos “homens livres”. Para Philip Jennings, é preciso voltar a lembrar
que “a democracia foi difícil de conquistar”.
“Não devemos
deixá-la escapar ao continuar neste caminho de desigualdade em benefício de uma
mão cheia de bilionários. Precisamos de uma Magna Carta nova”, inclusiva, para
“responder à urgência dos nossos tempos, uma Magna Carta para a igualdade, o
emprego e o crescimento sustentável. Nós, as pessoas, falámos e Davos deve
ouvir e agir”, declarou.
A Confederação
Sindical Internacional (International Trade Unions Confederation, ou ITUC)
também pede mudanças. “O actual modelo de negócio é mau para as pessoas, mau
para a economia e mau para a estabilidade e a democracia”, disse Sharan Burrow,
secretária-geral da ITUC. A confederação divulgou um estudo recente realizado
em 14 países onde se conclui que apenas 50% dos inquiridos acreditam que vão
conseguir encontrar um emprego “decente”.
“Os trabalhadores
e as suas famílias precisam de um novo modelo de negócio que coloque um fim à
desintegração das democracias e das economias. O mundo
precisa de investimento e de empregos”, defendeu.
Davos Man Sitting on a Volcano Fuelled by Inequality
Philip Jennings
General Secretary, UNI Global Union
On the eve of the Annual Meeting of the
World Economic Forum in Davos, an avalanche of reports from the likes of Oxfam
to the ILO point to the fault lines in our global economy - fault lines opening
up from jobs to inequality to falling trust in political institutions. We need
a call to action at #wef15 and a Magna Carta for the 21st Century.
The evidence is irrefutable that the jobs
crisis will continue to deepen as inequality rises. We are living in a world
transformed by the insatiable greed of the 1% and the failure of governments to
act on the concerns of people.
We can expect seismic shifts in the
political landscape this year. We have seen an upsurge of growing unrest across
the globe as people take to the streets to demonstrate against inequality and
attacks on democracy. They are right to protest.
Politicians and business leaders at Davos
are sitting on a volcano of legitimate discontent fuelled by unemployment,
inequality and austerity. Collectively we have a responsibility to face-up to
the need to change course.
'Keep Calm and Carry On' is no solution to
the urgency and anxiety of the times. The labour movement has constructive
solutions to offer - a future built on a living wage, decent jobs and
collective bargaining where workers have a seat at the table.
At UNI we call it "Including
You," at Oxfam they say "Even It Up"; it amounts to the same
thing, growth geared to social inclusion, a fair share of profits, young people
given training and job guarantees, quality jobs and a living wage.
This year at Davos we will celebrate the
800th anniversary of the Magna Carta, a cornerstone of modern democracy. We
should not forget that democracy has been hard won and we should not let it
leak away by continuing down the path of inequality for the benefit of a
handful of multi-billionaires.
We need a new 'Including You' Magna Carta
to address the urgency of our times. A Magna Carta for equality, jobs and
sustainable growth. 'We the people' have spoken and Davos must listen and act.
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