BE critica venda de património da
câmara
Transparência /
Inês Boaventura / 28-1-2015 / PÚBLICO
Não fosse a
abstenção do CDS e a recomendação do Bloco de Esquerda “pela transparência do
planeamento urbanístico e da política de alienação de activos imobiliários do
município”, teria sido aprovada pela Assembleia Municipal de Lisboa. Até os
independentes dos Cidadãos por Lisboa votaram a favor da recomendação, na qual
se propunha à câmara que criasse um registo de todas as manifestações de
interesse de privados na aquisição, arrendamento ou utilização do seu
património.
Na recomendação
sugeria-se também que a câmara, “na elaboração de planos urbanísticos e na
decisão relativa a unidades de execução, sinalize nas respectivas deliberações
qualquer manifestação de interesse de privados” em imóveis municipais, bem como
“as alterações propostas aos planos que afectem esses activos”.
Assinado pelo
deputado Ricardo Robles, o documento votado ontem condena a política de
planeamento urbanístico da autarquia, por considerar que esta tem sido “posta
ao serviço da alienação de património imobiliário, numa clara inversão do que
deveria ser uma correcta planificação urbanística: a opção pelas melhores
escolhas para a cidade, num exercício de abstracção de meros interesses
privados e particulares”. Como exemplo, o eleito do BE aponta os casos da
alienação de terrenos a empresas ligadas à Espírito Santo Saúde e à José de
Mello Saúde.
PSD, PCP, BE,
PEV, MPT, PAN e deputados independentes votaram a favor da recomendação, que
teve os votos contra do PS e do Parque das Nações Por Nós. O vice-presidente da
câmara não gostou das críticas dirigidas à maioria, particularmente por Ricardo
Robles e pela comunista Lúcia Gomes, e disse que as “insinuações” relativamente
à falta de transparência nos referidos processos de alienação são “alegações
verdadeiramente insuportáveis, injustificáveis, caluniosas até”.
Fernando Medina
defendeu que as hastas públicas realizadas assentaram “na defesa intransigente
do interesse público” e cumpriram as regras de transparência, acusando os seus
opositores de não gostarem dos compradores. “Não se trata de antipatia para com
grupos económicos. Trata-se da demasiada simpatia deste executivo para com
determinados clientes”, respondeu Lúcia Gomes.
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