Martin Schulz optimista após
encontro com Tsipras
João Manuel Rocha
/ 30 jan 2015 / PÚBLICO.
Martin Schulz, o
primeiro líder de uma instituição europeia a ser recebido em Atenas desde a
mudança de Governo, gostou do que ouviu e saiu optimista do encontro que ontem
teve com o novo primeiro-ministro grego, Alex Tsipras.
“Raramente senti
durante o meu mandato que tive uma discussão tão construtiva e aberta”, disse,
citado pelo diário grego Kathimerini. “Há a impressão na União Europeia de que
o novo Governo grego vai tentar seguir um caminho à parte”, mas “descobri hoje
que não é o caso”, afirmou, após o encontro.
A Grécia procura
“soluções numa base comum” com os parceiros europeus, disse também, citado pela
AFP, depois de um encontro que se prolongou por duas horas e que Martin Schulz
descreveu como “sincero”, “construtivo”, “substancial” e também “fatigante”.
“Estamos de
acordo sobre muitos assuntos, mas há coisas que é preciso ainda discutir”,
disse o socialista que preside ao Parlamento Europeu desde 2012. Schulz
manifestou agrado com o facto de o combate à evasão fiscal e “a injustiça
social que está ligada à evasão fiscal” sejam prioridades do executivo de
Tsipras. “É um bom passo em frente e espero que amanhã, com o patrão da zona
euro, Jeroen Dijsselbloem, haja passos concretos”, disse ainda. Dijsselbloem
visita hoje Atenas.
Com um tom bem
diferente, o presidente da Comissão Europeia, JeanClaude Juncker, disse, numa
entrevista ao jornal francês Le Figaro, que eliminar a dívida grega “está fora
de questão” e é uma solução que não seria aceite pelos outros países do euro.
“São possíveis arranjos, mas eles não alterarão o essencial do que está em
vigor”, afirmou.
“Tsipras diz que
a Grécia não aceitará a austeridade. Os países do euro respondem que não haverá
mais créditos se a Grécia não respeitar os compromissos”, acrescentou.
“Respeitamos o sufrágio universal na Grécia, mas a Grécia deve também respeitar
os outros.”
O vice- chanceler
e ministro da Economia alemão, o social-democrata Sigmar Gabriel, disse quase o
mesmo que Juncker. “Os cidadãos europeus têm o direito de esperar que as
mudanças na política grega não se façam à sua custa, e é disso que se trata”,
afirmou no Parlamento.
As declarações
surgem depois das primeiras medidas antiausteridade anunciadas pelo novo
Governo grego, incluindo o aumento do salário mínimo, o alargamento dos
cuidados de saúde a desempregados que não tenham seguro e o fim da mobilidade
na função pública.
Falando após o
encontro com Martin Schulz, o primeiro-ministro grego disse que o seu Governo
está a procurar “construir uma nova relação de confiança” com a Europa. Tsipras
repetiu a mensagem que deixou na quarta-feira, no seu primeiro Conselho de
Ministros, e declarou que pretende uma solução “mutuamente benéfica” para o
problema da dívida grega. A Grécia, afirmou também, está a trabalhar para o
“regresso ao crescimento” e “a Europa vai ultrapassar a crise e sairá mais
forte”, com “mais solidariedade e confiança recíproca”.
A procura de uma
“nova relação” com a Europa vai levar na segunda e terça-feira a Londres, Paris
e Roma o seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, para contactos com os
seus homólogos.
Sem comentários:
Enviar um comentário