Papa: "Não se pode provocar
nem insultar a fé das outras pessoas"
ALEXANDRE MARTINS
15/01/2015 - 13:35 / PÚBLICO
O líder da Igreja Católica defende que há limites para a liberdade de
expressão, mas considera que o acto de matar pessoas em nome de uma religião
"é uma aberração".
Depois de ter
condenado os ataques terroristas da semana passada em França, referindo-se aos
seus responsáveis como "fundamentalistas religiosos", o Papa
Francisco quis deixar claro, nesta quinta-feira, que no seu entender há limites
para a liberdade de expressão e que "ninguém pode insultar a fé das outras
pessoas".
A bordo do avião
que o levou do Sri Lanka até às Filipinas, para uma visita de cinco dias,
Francisco disse que "todas as religiões que respeitam a vida e a pessoa
humana têm dignidade", quando questionado por um jornalista francês sobre
a liberdade religiosa e os limites da liberdade de expressão.
Na pergunta de
Sebastien Maillard, do jornal La Croix, não estava nenhuma referência directa
aos ataques terroristas contra o jornal Charlie Hebdo e uma mercearia kosher em
Paris, mas o Papa fez questão de sublinhar que era sobre isso que ia falar:
"Falemos com clareza. Vamos falar sobre o atentado em Paris."
"A liberdade
religiosa e a liberdade de expressão são ambos direitos fundamentais",
começou por dizer o Papa, antes de proferir uma outra declaração definitiva:
"Não se pode matar em nome de Deus. Matar em nome de Deus é uma
aberração."
Apesar de tudo,
defendeu o Papa Francisco, há limites para a liberdade de expressão:
"Temos a obrigação de dizer a verdade abertamente, mas sem
ofendermos."
Para o líder da
Igreja Católica, ninguém pode estranhar que se responda com violência quando se
"ridiculariza as religiões dos outros", um argumento que ilustrou com
a ajuda de Alberto Gasbarri, responsável pela organização das visitas papais.
"É verdade
que não devemos reagir com violência, mas se o dr. Gasbarri, que é um grande
amigo, ofender a minha mãe, deve estar preparado para levar um soco. É normal.
Não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros. Não se pode
ridicularizar a religião dos outros", afirmou o Papa Francisco.
"Há muita
gente a difamar as religiões, a ridicularizar as religiões dos outros, e isso
provoca as pessoas", reforçou. "Há um limite. Todas as religiões que
respeitam a vida e a pessoa humana têm dignidade. E eu não posso brincar com
ela. É um limite."
Na segunda-feira,
o líder da Igreja Católica tinha comentado os ataques terroristas da semana
passada sem qualquer referência ao tema da liberdade de expressão.
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