sábado, 17 de janeiro de 2015

Conversão das Lajes em bomba de gasolina "não afeta capacidade dos EUA na Europa"


Expresso: conversão das Lajes em bomba de gasolina "não afeta capacidade dos EUA na Europa"
O general Philip Breedlove, comandante das forças norte-americanas na Europa, defende que a conversão das Lajes em mera bomba de gasolina bem como o encerramento de outras infraestruturas na Europa em nada compromete as capacidades militares dos EUA no Velho Continente.

Carlos Abreu e Luísa Meireles |

O comandante supremo das forças armadas dos Estados Unidos na Europa assegura ao Expresso que o processo de Avaliação da Consolidação das Infraestruturas Europeias (EIC na sigla inglesa), que prevê a retirada de 985 militares e civis, portugueses e norte-americanos, da Base das Lajes até ao outono, nada tem que ver com capacidades militares mas, tão-somente, com infraestruturas.

"Ainda temos infraestruturas na Europa que podemos dispensar, o que nos permitirá poupar dinheiro para gastar nas capacidades militares", responde o porta-voz do general Philip Breedlove, num pedido de esclarecimento que o Expresso remeteu por correio eletrónico.

O Expresso pretendia saber se os norte-americanos poderiam retirar totalmente da base aérea localizada na ilha Terceira, Açores, e como iriam compensar o impacto da grande debandada na economia local. A segunda questão não foi respondida e sobre o caso específico das Lajes o general recusa fazer mais comentários, remetendo para o seu comunicado de 8 de janeiro.

No dia em o Departamento de Estado norte-americano anunciou o EIC, Philip Breedlove, que também é supremo comandante aliado na Europa, justificou em comunicado o processo de consolidação. "O contexto de segurança em mutação, o desenvolvimento tecnológico e a difícil conjuntura económica" foram as razões apontadas por este chefe militar para a devolução de instalações militares também na Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália e Reino Unido, e que deverá permitir uma poupança anual de 500 milhões de dólares (423,8 milhões de euros) ao Governo norte-americano.

Nesse comunicado, sem fazer qualquer referência a casos concretos, o general Breedlove lembra ainda os "grandes investimentos" realizados pelos EUA nas infraestruturas europeias para garantir que seriam capazes de defender os seus interesses e respeitar os compromissos assumidos com os aliados. Mas, na difícil conjuntura económica, prossegue, "temos de procurar ganhos de eficiência, respeitando a nossa presença na Europa e garantindo que estamos a disponibilizar os recursos onde os ganhos sejam maiores".

"O EIC permitirá ao Departamento de Defesa aplicar corretamente os recursos financeiros de forma a garantir a manutenção das nossas capacidades operacionais na Europa, respondendo às ameaças do presente e antecipando os desafios do futuro", assegura este antigo piloto de F-16.

"Gas station"

Em entrevista concedida ao Expresso esta semana, o embaixador dos Estados Unidos em Portugal reconhece que a Base das Lajes está reduzida a uma "gas station". "Nos últimos quatro anos, houve menos de dois voos por dia nas Lajes, e ter cerca de 650 militares e mil civis a apoiá-los não faz sentido nenhum", disse Robert Sherman.

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