Pedrogão: Seguradoras não conseguem
pagar às famílias porque Estado mantém lista em segredo
Maria Teixeira Alves e Jornal Económico com agências
00:43
A não divulgação da lista oficial de vítimas mortais pelo
Estado está a bloquear a chegada de ajuda monetária às vítimas de Pedrogão.
Luís Marques Mendes revelou na SIC uma queixa da Associação Portuguesa de
Seguradores às autoridades. Nádia Piazza, presidente da futura associação de
apoio às vítimas, vai pedir audiências ao Presidente da República e outras
entidades.
O dinheiro dos donativos não está a chegar a Pedrógão. Os
familiares das vítimas de Pedrogão não estão a ter acesso nem aos fundos
doados, nem aos seguros. Essa é a conclusão que se retira das declarações, por
um lado de Nádia Piazza, presidente da futura Associação das Vítimas do
Incêndio de Pedrógão Grande, que disse à SIC Notícias que há uma demora na
aplicação dos donativos que “é insuportável”, e por outro do comentário de Luís
Marques Mendes, também na SIC, que disse que as seguradoras não conseguem pagar
às vítimas porque o Estado mantém a lista dos nomes em segredo de justiça e não
fornece a lista dos carros ardidos.
“A Associação Portuguesa de Seguros já se queixou às
autoridades deste bloqueio que está a atrasar o pagamento dos seguros às
vítimas”, denuncia Marques Mendes. As seguradoras constituíram um fundo no
valor de 2,5 milhões de euros para apoiar as vítimas, querem atribuir essas
compensações e não conseguem pagar porque desconhecem a lista de vítimas e a
lista de carros queimados nas chamas.
Já Nádia Piazza disse ontem ainda que “a MEO tem cobrado
multas pelos cancelamento dos contratos de pessoas que morreram [na tragédia de
Pedrógão]”, denunciou a presidente da futura associação.
Familiares das vítimas de Pedrógão Grande criticaram este
domingo a falta de informação e de acompanhamento psicológico, numa reunião
para debater os estatutos da futura associação de vítimas da Pedrogão, na qual
ponderaram avançar com um processo coletivo contra o Estado, avança Nádia
Piazza que diz que em agosto vão solicitar audiências com o Presidente da
República, com o Presidente da Assembleia da República os Grupos Parlamentares,
com a Procuradoria e com o Provedor da Justiça.
O encontro aconteceu em Figueiró dos Vinhos e juntou
familiares das vítimas do incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, a 17 de
junho, para definir os estatutos da futura Associação das Vítimas do Incêndio
de Pedrógão Grande, avança a Lusa.
Na reunião, os presentes criticaram a ausência de informação
útil, a burocracia, a não divulgação da lista oficial de vítimas mortais e a
falta de apoio psicológico, disse à agência Lusa uma das promotoras do
movimento, Nádia Piazza, que perdeu o filho na tragédia.
Em cima da mesa, avança a Lusa, esteve também a
possibilidade de se criar um memorial às vítimas e de se avançar com um
processo coletivo contra o Estado, mas Nádia Piazza sublinhou que essa decisão
ainda terá de ser pensada.
Nádia Piazza alertou ainda para o facto de os familiares não
terem acesso à lista oficial das vítimas do incêndio, para além de haver falta
de “informação concisa e útil” para as pessoas.
“As questões burocráticas pequenas estão a moer as pessoas”,
disse a presidente da futura associação, referindo que informação sobre a
possibilidade de apoios ou o que fazer em relação aos carros ardidos – “que as
pessoas “não sabem onde estão” – não está a ser facultada.
Na reunião, que contou com a participação de cerca “de 30 a
40 pessoas”, ficaram definidos os estatutos, sendo que a Associação das Vítimas
do Incêndio de Pedrógão Grande deverá ficar formalmente constituída a 13 de
agosto, numa assembleia geral que se vai realizar em Vila Facaia, no concelho
de Pedrógão Grande, informou.
O incêndio que deflagrou a 17 de junho em Pedrógão Grande,
no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos e só
foi dado como extinto uma semana depois.
Das vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, pelo
menos 47 morreram na Estrada Nacional 236.1, entre Castanheira de Pera e
Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas, resume a Lusa.
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