terça-feira, 4 de julho de 2017

Há um general entre os 12 militares detidos por suspeitas de corrupção


Há um general entre os 12 militares detidos por suspeitas de corrupção

Abuso de poder e falsificação de documentos fazem também parte de esquema fraudulento de sobrefacturação nas messes que estaria activo há vários anos, com cumplicidade de empresários.

PÚBLICO 4 de Julho de 2017, 11:54 actualizada às 12:02

A Polícia Judiciária deteve 16 pessoas, entre os quais 12 militares, por suspeitas de crimes corrupção passiva e activa para acto ilícito, abuso de poder e falsificação de documentos. Entre os militares contam-se um general e um coronel. Foram ainda detidos quatro empresários ligados ao ramo da comercialização de géneros alimentícios, informou a Judiciária em comunicado, explicando que se trata da segunda fase da chamada Operação Zeus.

As detenções foram efectuadas pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) no âmbito de um inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa. Em Novembro passado já tinham sido detidos seis militares no âmbito da mesma operação. Nessa altura, o advogado de um dos suspeitos, o major Rogério Martinho, falou sobre o caso à Lusa dizendo ser "impensável" que neste caso "a responsabilidade criminal seja assacada só a seis pessoas".

As actuais detenções resultaram do trabalho de 130 efectivos da PJ e de 10 magistrados do Ministério Público, com a colaboração dos Serviços da Polícia Judiciária Militar, fruto de 36 buscas nos distritos de Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal, Évora e Faro – destas 31 foram buscas domiciliárias e cinco não-domiciliárias, detalha a PJ na mesma nota. Foi apreendido material relacionado com a actividade em investigação, bem como documentos, sem que sejam avançados mais detalhes sobre o tema.

De acordo com a PJ, e fazendo eco do contexto oferecido já em Novembro do ano passado, em causa está um modus operandi que “consistia na sobrefacturação de bens e matérias-primas para a confecção de refeições nas messes da Força Aérea, e posterior divisão entre os militares e os empresários do saldo relativo à diferença entre o valor da factura original, ou seja, o valor efectivo da venda dos produtos alimentares e o valor sobre facturado ao Estado”. No final do ano passado, a PJ avançava que o esquema fraudulento terá lesado o Estado em cerca de dez milhões de euros. A investigação dura pelo menos desde 2015 e é fruto de uma denúncia anónima. O esquema fraudulento estaria activo há vários anos.


 Os detidos serão agora presentes a tribunal, para determinação das medidas de coacção e a PJ informa que a investigação está ainda em curso para recolher mais provas.

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