Assaltos e pouco material justificam
manter só três carruagens no metro após as 20h30
POR O CORVO • 20 JULHO, 2017 •
A chegada das composições com seis carruagens à Linha Verde
do metro de Lisboa, ocorrida esta quarta-feira (19 de julho), em simultâneo com
o encerramento da estação de Arroios, veio com um asterisco em forma de aviso
nos painéis de informação aos utentes: só nos dias úteis e até às 20h30. Fora
desse período, e à imagem do que sucede no resto da rede, com excepção dos
fins-de-semana na Linha Vermelha, opta-se pela circulação com apenas três
carruagens. “Isso tem que ver com a menor procura, nessas alturas, mas também
com razões de segurança, devido à maior probabilidade de ocorrência de
assaltos. Com composições mais pequenas e as pessoas mais juntas, é mais fácil
evitar situações dessas”, explicou a O Corvo Luís Antunes Barroso, vogal do
conselho de administração do Metropolitano de Lisboa, que destaca a necessidade
de se realizar uma gestão inteligente da frota, aumentando a oferta nos
períodos em que demanda é maior. “Pôr uma composição do metro a circular é uma
coisa que tem custos elevados”, refere.
A referida redução na
procura a partir das 20h30, de segunda a sexta-feira, e aos fins-de-semana leva
a que a transportadora opte por cortar no número de unidades circulantes,
mantendo assim uma prática seguida nos últimos anos. “Há necessidade de fazer
uma gestão inteligente do equipamento, pois são conhecidas as carências de
material circulante. Temos que usar parcimoniosamente os nossos recursos”,
disse o mesmo vogal, à margem da conferência de imprensa, ontem realizada no
átrio da estação do Aeroporto, para apresentar tanto as novidades da Linha
Verde como inaugurar o centro de acolhimento de turistas naquela estação, ponto
de entrada de muita gente na rede de metro da capital. Apesar dessa frugalidade
de carruagens em circulação, Luís Barroso admite alargar a oferta, caso a
procura venha a justificá-lo.
Ou seja, sempre que
necessário, optar-se-á por aumentar para seis o número de carruagens em cada
comboio, para além do período estabelecido para a circulação dessa tipologia de
composições. Algo que acontece já, por exemplo, em dias de jogos de futebol no
Estádio da Luz (Linha Azul) e Alvalade XXI (Linha Amarela e agora também
possível na Linha Verde), garante o responsável. “Faremos uma gestão dinâmica,
monitorizando a procura”, promete o vogal da administração da transportadora
pública, assinalando que, após a grande queda de procura ocorrida entre 2012 e
2014, “está-se já a assistir a um aumento gradual da procura” por parte dos
passageiros. Algo confirmado pela subida de mais de 20% verificada desde o
início do ano, disse na conferência de imprensa o presidente da administração,
Vítor Domingos dos Santos.
Contrariando o
optimismo dos dirigentes da empresa pública, a Comissão de Utentes dos
Transportes de Lisboa emitiu ontem um comunicado em que denuncia o que
considera ser a degradação do serviço prestado pelo Metropolitano de Lisboa,
dando ênfase a carências de meios humanos e materiais. Entre as várias
reivindicações, a comissão exige “a redução dos tempos de espera e o fim das
constantes ‘perturbações’ na linha” e “o funcionamento regular em todas as
linhas, acabando com os percursos alternados e com as habituais reduções no
serviço no período de Verão”. Ainda na tarde desta quarta-feira (19 de julho),
João Ferreira, vereador e candidato da CDU à presidência do município de
Lisboa, num comunicado em que questionava a transparência do processo de adjudicação
da obra da estação de Arroios, também considerava que “não faz sentido, com a
estação de Arroios encerrada, que não circulem sempre – incluindo noites e
fins-de-semana – comboios de seis carruagens”.
O novo espaço de
acolhimento agora inaugurado na estação do aeroporto – baptizado de Welcome
Center – servirá, sobretudo, como balcão de apoio aos turistas que acabam de
chegar à capital portuguesa, informando-os sobre a rede de metro e o seus
títulos de transporte. Mas também funcionará como ponto de esclarecimento sobre
os principais pontos de interesse da cidade, os seus museus, os monumentos, a
hotelaria, bem como a restante oferta de transportes de Lisboa. “Este espaço
reduzirá a afluência de turistas noutros postos venda e de atendimento existentes
na restante rede do Metro, melhorando, desta forma, o atendimento aos seus
clientes”, explica a empresa. Por enquanto, o Welcome Center funcionará apenas
aos dias úteis, entre as 8h30 e as 19h30, mas o Metropolitano de Lisboa
assegura que existe a possibilidade de prolongamento nos dias úteis e
alargamento aos fins-de-semana, se a afluência assim o justificar.
Texto: Samuel
Alemão Fotografia: Metropolitano de
Lisboa
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