Maduro clama vitória contestada pela
oposição e marcada por mortes
Segundo a comissão eleitoral,
participação chegou aos 41,5%, o que corresponde a mais de oito milhões de
votos. Oposição estima que foram 12%. Pelo menos dez pessoas morreram.
PÚBLICO 31 de Julho de 2017, 6:52 actualizada às 7:09
Mais de oito milhões de venezuelanos (41,5% dos eleitores)
votaram na eleição dos 545 membros da Assembleia Constituinte, segundo os dados
da Comissão Nacional Eleitoral. Um valor contestado pela oposição, que estima
uma participação eleitoral de 12%, num acto marcado pela violência: segundo o
Ministério Público, morreram dez pessoas no domingo.
A oposição já anunciou que não reconhece este resultados e
agendou novos protestos para esta segunda-feira.
"Não reconhecemos este processo fraudulento, para nós é
nulo, não existe", disse o líder da oposição Henrique Capriles, pedindo
aos venezuelanos que voltem hoje a sair às ruas para contestar aquilo que
qualificou como "um massacre" e "uma fraude eleitoral".
Capriles agendou ainda um protesto para quarta-feira, dia em que a Assembleia
Constituinte toma posse.
Já Nicolás Maduro clamou vitória. "Temos Assembleia
Constituinte (...) oito milhões (de votos) no meio de ameaças (...) foi a maior
votação que teve a revolução bolivariana em 18 anos. O povo deu uma lição de
coragem, de valentia. O que vimos foi admirável", afiirmou Maduro, perante
centenas de apoiantes que se concentraram na Praça Bolívar, em Caracas.
A Comissão Nacional Eleitoral anunciou que foram registados
8.089.320 votos, o que corresponde a 41,5% dos eleitores.
Esta jornada eleitoral ficou marcada pela violência. Segundo
o Ministério Público, morreram dez pessoas, incluindo dois adolescentes de 13 e
17 anos. Quatro pessoas morreram no estado de Tachira (Oeste), na fronteira com
a Colômbia, durante manifestações. Três homens foram mortos no estado de Merida
(Oeste), um no estado de Lara (Norte), um no estado de Zulia (Norte) e um
dirigente da oposição no estado de Sucre (Norte), indicou num novo balanço o
Ministério Público venezuelano, citado pela Lusa.
O período de votação deveria ter terminado às 18h locais
(23h em Portugal continental), mas a comissão nacional de eleições venezuelana
decidiu prolongá-lo por mais uma hora.
Segundo diferentes jornais locais, como o Noticias24, o
anúncio do prolongamento da votação foi feito pela presidente daquele órgão,
justificando a decisão com o facto de "haver venezuelanos a aguardar em
filas, para ainda exercerem o seu direito de voto". Sandra Oblitas
acrescentou que o processo eleitorial se desenrolou com "total
normalidade" – um conceito no mínimo impreciso, neste caso, visto que o
Governo de Caracas proibiu, dois dias antes das eleições, as manifestações da
oposição, colocou mais de 300 mil efectivos policiais e militares nas ruas e,
pior que tudo, há mortes a lamentar.
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