Marisa Soares
02/06/2014 - PÚBLICO
Grupo d' Os
Verdes na Assembleia Municipal de Lisboa quer saber se o projecto não afectará
o jardim e as galerias do Aqueduto das Águas Livres.
O grupo do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) na Assembleia
Municipal de Lisboa pediu explicações à câmara sobre as perfurações iniciadas
na semana passada na Praça do Príncipe Real e a eventual construção de um
parque de estacionamento subterrâneo naquele local. Os deputados consideram que, a concretizar-se, o
projecto pode pôr em causa “um dos jardins mais emblemáticos” da capital.
O PEV quer saber se o executivo camarário tem
conhecimento das perfurações e se está a acompanhar os trabalhos, em conjunto
com a Direcção Geral do Património Cultural (DGPC). “Pode a Câmara de Lisboa
garantir que a construção deste parque de estacionamento subterrâneo e
respectivos acessos não afectará o jardim do Príncipe Real e as galerias do
Aqueduto das Águas Livres?”, questionam os deputados.
Na semana
passada, o grupo Amigos do Príncipe Real alertou no seu blogue para a presença
de máquinas de perfuração na praça. Os membros deste movimento acreditam que a
câmara se prepara para autorizar o “malfadado projecto” de parque de
estacionamento, que tem já 13 anos mas foi sendo bloqueado pelo protesto de
moradores e ambientalistas.
Na sexta-feira, o
director-geral da empresa responsável pelo projecto, a espanhola Empark,
explicou ao PÚBLICO que as sondagens visam o estudo hidrogeológico do local,
para incluir no projecto que ainda há-de ser sujeito à aprovação da câmara.
Paulo Nabais garantiu que a empresa tem autorização municipal para realizar as
perfurações, que estão a ser realizadas com “acompanhamento permanente” dos
técnicos camarários.
As sondagens
hidrogeológicas foram autorizadas pela DGPC, segundo disse ao PÚBLICO fonte do
gabinete de comunicação deste organismo. A 14 de Janeiro, a DGPC emitiu um
despacho desfavorável ao projecto apresentado pela Empark, referindo que
faltava esclarecer “cabalmente” os impactos negativos da construção do parque
no Reservatório da Patriarcal, uma cisterna do século XIX, cujos pilares estão
situados no subsolo do jardim. Na sequência desse despacho, a empresa
apresentou um pedido para realização do estudo hidrogeológico da zona.
O PEV quer também
saber se se confirma a possibilidade de uma empresa americana vir a construir
mais uma cave num edifício na Rua da Escola Politécnica, de forma a albergar um
parque de estacionamento público. Esta hipótese foi avançada ao PÚBLICO pelo
ex-vereador da Mobilidade, Fernando Nunes da Silva, em Julho de 2012.
“Pode a Câmara de
Lisboa garantir que a construção destes parques de estacionamento e respectivos
acessos não afectarão a estabilidade dos centenários edifícios da Praça, muitos
dos quais são património classificado?”, lê-se no requerimento assinado pelos
dois deputados do PEV na Assembleia Municipal, Cláudia Madeira e José Luís
Sobreda Antunes.
O partido quer
também saber se os moradores e comerciantes da zona foram informados sobre os
projectos e conhecer a política de mobilidade defendida pela autarquia para o
eixo entre o Cais do Sodré - Príncipe Real – Rato.
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