Primárias do PS marcadas para 28
de Setembro, Costa diz que é "grave erro político"
NUNO SÁ LOURENÇO
e MARGARIDA GOMES 05/06/2014 - 22:12 (actualizado às 00:28 de 06/06/2014) / PÚBLICO
Líder do PS confirma que se demitirá se for derrotado por António Costa nas
primárias.
O secretário-geral de do PS propôs nesta quinta-feira que as primárias para
a escolha do candidato a primeiro-ministro se realizem a 28 de Setembro ou a 5
de Outubro e a comissão política aprovou a primeira data. Antes da aprovação,
já António Costa tinha qualificado as datas propostas como um “grave erro
político”.
A proposta foi
apresentada pelo secretário-geral na comissão política socialista desta
quinta-feira à noite, convocada após a Comissão Nacional de sábado na qual
Seguro defendeu a realização de primárias e eleições para as federações
distritais.
O adversário de
António José Seguro não foi o único a responder à proposta do secretário-geral.
Alguns apoiantes de António Costa sustentaram que a “clarificação” que se
impunha tinha de se realizar até Julho deste ano. Mas a reunião socialista
também foi palco de apoios ao calendário apresentado por Seguro.
A resolução que
Seguro apresentou assume também claramente que, “na hipótese de não vir a ser o
candidato eleito, e apenas nessa circunstância, o secretário-geral apresentará
de imediato a sua demissão”.
Na mesma reunião
da comissão política na sede do PS, Seguro definiu o universo eleitoral para as
primárias. Além dos militantes, o actual líder propôs que participem também
todos os últimos candidatos do PS às autárquicas, legislativas, regionais e
europeias, todos os cidadãos que se inscreveram no Laboratório de Ideias e na
Convenção Novo Rumo – iniciativas do actual líder socialista – e todos os
eleitores que assinem um “compromisso individual de concordância com a
declaração de princípios do PS”.
A proposta
aprovada acabou por ser diferente. Nomeadamente, no universo de participantes.
Os candidatos eleitorais, os inscritos na Convenção Novo Rumo e Laboratório de
Ideias e os militantes da JS deixaram de ter capacidade eleitoral automática.
Para participarem teriam de fazer como qualquer simpatizante e assinar um
“compromisso individual”.
À entrada para a
reunião desta quinta-feira à noite, já se manifestavam expectativas para o
encontro. Do lado dos apoiantes de Costa, a tónica assentava na rapidez. Todos
os entrevistados pediram velocidade no processo das primárias. Carlos César, o
ex-chefe do Governo Regional dos Açores, que chegou ao Largo do Rato ao lado do
edil de Lisboa, foi mesmo ao ponto de considerar como exequível que estas se
realizassem “no espaço de um ou dois meses”. Por seu turno, Eurico Dias, membro
do secretariado nacional de Seguro, afirmou que esperava “um grande dia para o
partido e para o país”.
Encontro com
distritais
Antes da reunião
da comissão política, Miguel Laranjeiro reuniu-se com os líderes distritais,
mas a reunião foi inconclusiva, porque o dirigente nacional não apresentou
nenhum calendário com vista à realização das eleições federativas.
Alguns dirigentes
das distritais chegaram a defender que as eleições para os órgãos federativos
deveriam realizar-se logo que os actuais mandatos terminassem. Esta foi a
posição defendida pelo líder da distrital de Santarém, António Gameiro, num
e-mail que enviou aos militantes do seu distrito, na quarta-feira ao final do
dia. No caso de Santarém, o mandato termina no dia 6 de Julho. Assim, se vingar
a tese de Gameiro, as eleições da Federação de Santarém podem vir a ser
marcadas para Setembro, ou seja, 60 dias após a cessação do mandato.
No entanto,
também houve quem advertisse que não fazia qualquer sentido convocar eleições
federativas, porque o importante é dar prioridade ao processo das primárias.
Uma fonte
socialista adiantou ao PÚBLICO que a reunião com as distritais “não serviu para
nada”, cumprindo apenas um objectivo: “Anular a reunião que as distritais
tentaram marcar à revelia da direcção de António José Seguro”.
No sábado
passado, as distritais reagiram mal à carta jogada pelo secretário-geral, no
Vimeiro, onde anunciou eleições distritais no PS, ao mesmo tempo que propunha
primárias para o candidato a primeiro-ministro. Os dirigentes federativos não
gostaram que o líder do partido não os tivesse informado previamente dessa
intenção, antes de a anunciar à Comissão Nacional, e acusaram Seguro de colocar
a sua sobrevivência política à frente da dos líderes federativos. E houve quem
defendesse que seria bom reunirem-se para conversar sobre a decisão do
secretário-geral e esse encontro chegou a ser marcado para quarta-feira, em
Leiria. Porém, horas depois, uma proposta da direcção do partido convocando-os
para uma reunião na sede do partido nesta quinta-feira, fez abortar o encontro
entre os dirigentes distritais.
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