Alameda com 83
plátanos, junto ao rio LimaASSOCIAÇÃO ÁRVORES DE PORTUGAL
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Oliveira de
Pedras D'el Rei, perto de Tavira, com 2210 anosASSOCIAÇÃO ÁRVORES DE PORTUGAL
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Alameda com 321
freixos entre Castelo de Vide e MarvãoASSOCIAÇÃO ÁRVORES DE PORTUGAL
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Plátano de 41
metros de altura, localizado em Monchique.ASSOCIAÇÃO ÁRVORES DE PORTUGAL
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As árvores contêm
uma imensidão de vida e podem ser testemunhas da história de um povo. Podem ter
troncos tão largos que é preciso várias pessoas para os abraçar ou tão finos
como um pão de vassoura. Acolhem ninhos das aves e mais uns quantos bicharocos,
as suas folhagens são esvoaçantes. Algumas, pela beleza, raridade, pelo
tamanho, idade, forma ou factores históricos e culturais, podem ser
classificadas como monumentos-vivos, ficando protegidas de várias ameaças. No
entanto, desde 2012, quando foi publicada a nova lei sobre arvoredo de
interesse público, que estas árvores estão desprotegidas — porque a nova
legislação continua à espera de regulamentação.
“Constituem um
património de elevadíssimo valor ecológico, paisagístico, cultural e histórico,
em grande medida desconhecido da população portuguesa”, assim descreve o
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) as árvores de
interesse público no seu site.
Ainda do tempo do
Estado Novo, a lei portuguesa que passou a proteger estas árvores — de 1938, a mais antiga da
Europa sobre esta questão, esteve em vigor até 2012. “O arvoredo, que constitui
interessante moldura decorativa dos monumentos arquitectónicos e valoriza
grandemente as paisagens, é por vezes impiedosamente sacrificado, sendo de
esperar que a protecção que lhe for dada pela pelo Estado frutifique e seja
seguida pelos particulares”, mencionava o decreto-lei de 1938.
Há quase dois
anos, para actualizar e reduzir as limitações da antiga lei (Decreto-Lei nº 28
468), considerada muito genérica e de difícil interpretação, foi aprovada uma
nova legislação (Lei nº 53/2012), publicada em Diário da República a 5 de
Setembro de 2012. Apesar de ter 60 dias para ser regulamentada, a nova
legislação ainda hoje continua à espera desse passo da parte do Ministério da
Agricultura e do Mar (MAM).
Actualmente,
estão classificadas 472 árvores isoladas e 82 arvoredos (informações sobre elas
podem encontrar-se na base de dados do ICNF). Como a nova lei revogou a antiga,
todas estas árvores e arvoredos têm estado em perigo. “É uma coisa que nos
preocupa seriamente. Há um vazio legal, porque a nova lei revoga a lei
anterior. E também não se pode aplicar este decreto, porque não está regulamentado”,
alerta o biólogo Miguel Rodrigues, um dos fundadores da Associação Árvores de
Portugal, em 2009, e professor do ensino básico. “Assim que regulamentarem a
lei, as árvores voltam a estar protegidas.”
Porém, o MAM nega
esse vazio legal. “Não é verdade que com a publicação da nova lei o arvoredo
classificado tenha ficado desprotegido ou que seja dificultada a classificação
de novos exemplares. Os estatutos de protecção mantém-se”, diz o ministério,
por escrito, acrescentando que a futura regulamentação irá “definir aspectos do
procedimento administrativo, que concretizam as soluções já previstas na lei”.
Mas no texto da
nova lei está dito que a futura regulamentação (uma portaria) é que irá definir
os critérios de classificação e o regime de inventário, quais “as intervenções
proibidas e todas aquelas que carecem de autorização prévia do ICNF”, bem como
as contra-ordenações e sanções. Uma resolução da Assembleia da República, de 21
de Março de 2014, já recomendou ao Governo que procedesse, “com urgência, à
regulamentação da Lei nº53/2012”.
Como
monumentos-vivos
Entre estas
árvores que são monumentos-vivos está o plátano da Quinta da Abrigada, em
Alenquer, classificado logo em 1939 por ter um “porte majestoso e aspecto
monumental”. Há oliveiras milenares, como a de Santa Iria da Azóia, com cerca
de 2850 anos, a de Monsaraz com 2450 anos e a de Pedras D’el Rei, em Tavira, já
conhecida e destronada do título de “mais antiga”, uma vez que “só” tem 2210
anos.
Ou, ainda, o
eucalipto mais alto da Europa (72 metros), em Coimbra; um castanheiro de Vila
Pouca de Aguiar, com 14,4 metros de perímetro; o carvalho mais antigo de
Portugal, em Póvoa de Lanhoso; e até a azinheira das aparições de Fátima em
1917.
Intervenções em
árvores de interesse público têm de ser comunicadas às autoridades e o corte do
tronco, ramos ou raízes são punidos. Mas agora isto pode passar impune.
Um desses
episódios ocorreu este ano, em Ponte de Lima, na Avenida dos Plátanos, que,
segundo a sua classificação, é “uma magnífica alameda de 83 plátanos de grande
porte e valor ornamental”. Apesar de dois dos seus plátanos já se mostrarem
fragilizados, e necessitarem de uma intervenção, Miguel Rodrigues relata que o
corte da copa destas árvores não ocorreu nas devidas condições, deixando-as
instáveis.
“Qualquer
intervenção numa árvore classificada — dizia a lei antiga e diz a nova — não
pode ocorrer sem que sejam informados os serviços florestais. E tem de estar um
técnico presente para aprovar a intervenção”, refere o biólogo.
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