EDITORIAL
Um balde de água fria antes das europeias
DIRECÇÃO EDITORIAL 28/02/2014 - 20:39 / PÚBLICO
Governo chega às eleições com
um trunfo. E com uma carta que vale pouco votos: mais austeridade.
Nesta altura há três calendários que correm em paralelo: um
para as eleições de 25 de Maio, outro para a saída do programa de resgate e um
terceiro para a apresentação do Documento de Estratégia Orçamental (DEO) que,
já se percebeu, vai incluir mais medidas de austeridade. E é no meio de todos
estes calendários que o Governo está a tentar fazer algum malabarismo para
chegar a 25 de Maio e não sofrer uma derrota humilhante.
O trunfo do Governo, já se percebeu, será a chamada ‘saída
limpa’ do programa de resgate. E depois é rezar para que os juros não invertam
a trajectória de correcção. E aqui terá o apoio (se calhar até o incentivo) dos
parceiros europeus. Passos Coelho também tem na manga uma outra carta, mas que
vale pouco ou nada em termos eleitorais. Ontem, a ministra das Finanças foi
bastante clara ao dizer que o DEO, que será apresentado no final de Abril, ou
seja, ainda antes das europeias, terá mais medidas de austeridade. Ou seja,
muito provavelmente quando chegarem as eleições, o país já ficará a conhecer os
cortes definitivos, quer nas pensões, quer nos salários da função pública. E
não é por acaso que o Governo não se cansa de pedir consenso ao PS, para não
ser o único a pagar a factura política de mais austeridade.
E no meio deste jogo político, um balde de água fria,
sobretudo para Paulo Portas. Na conferência de ontem, Maria Luís Albuquerque
disse que a comissão que vai ser criada para a reforma do IRS “não foi criada
para baixar as taxas de imposto”. Portas estava ao lado. Ouvi e nada disse.
Se a ministra das Finanças tiver razão, o CDS e o PSD chegam
às europeias sem o grande trunfo com que contavam para ainda tentar reter algum
do eleitorado que já não aguenta mais austeridade.
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