Vespa-asiática detectada na
cidade do Porto
LUSA 21/03/2014 -
Foram observados indivíduos, mas não ninhos, no Jardim Botânico do Porto.
A Quercus revelou
nesta sexta-feira ter a confirmação da presença da vespa-asiática na cidade do
Porto, exigindo ao Governo que o plano de acção contra esta espécie exótica e
invasora seja “efectivamente aplicado com urgência”.
Em declarações à
Lusa, o vice-presidente da Quercus, João Branco, afirmou que foram observados
“indivíduos, mas não ninhos, no Jardim Botânico do Porto” por um entomólogo
consultor da associação.
“O Governo tenta
minimizar a situação, afirmando que se trata de uma praga que existe apenas na
região de Entre Douro e Minho, mas a Quercus tem a confirmação da sua
ocorrência na cidade do Porto e teme que rapidamente se propague a outras
regiões do país”, alertou a associação, em comunicado enviado à agência Lusa.
Segundo João
Branco, “tem de haver um plano de acção que garanta um combate eficaz”, porque
o que existe “depende das pessoas, ou seja, só após comunicação da existência
de ninhos é que a Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) atua”.
“Isto não chega,
é preciso que haja uma busca sistemática dos ninhos da vespa-asiática e sua
posterior destruição”, defendeu.
O ambientalista
recordou que a introdução fortuita ou intencional de espécies exóticas e
invasoras “foi considerada uma das principais causas da perda da biodiversidade
e de degradação dos serviços de ecossistemas em toda a União Europeia e no
mundo”.
“O custo
económico das espécies exóticas e invasoras é estimado em pelo menos 12 mil
milhões de euros por ano na União Europeia”, sustentou, acrescentando que a
vespa-asiática “está em expansão há vários anos provocando prejuízos na
actividade apícola e na perda da biodiversidade, ao reduzir o número de
polinizadores.
Para João Branco,
“não tem lógica” o Estado “estar a distribuir milhões para a apicultura
(através de fundos comunitários) e não combater esta praga”, podendo estar-se
perante “um investimento perdido”.
O ambientalista
destacou ainda ser desconhecido o impacto que a vespa-asiática tem nos outros
insectos polinizadores, porque “apenas se sabe que ataca abelhas”.
Na luta contra
esta praga, “muitos apicultores acabam por combater todas as vespas,
indiscriminadamente, e há vespas autóctones que combatem a vespa-asiática”,
acrescentou.
No comunicado, a
Quercus adianta estar a preparar uma campanha pública sobre a protecção dos
polinizadores que visa, entre outros objectivos, “alertar para os perigos que a
introdução de espécies exóticas pode ter nos ecossistemas, dando destaque a uma
campanha urgente de informação relativa à vespa-asiática” e “sensibilizar os
agricultores, em particular, e a opinião pública, em geral, para os perigos do
mau uso dos pesticidas na saúde pública e no desaparecimento dos
polinizadores”.
A Lusa contactou
a Câmara do Porto e a Direcção de Serviços de Alimentação e Veterinária da
Região Norte para obter esclarecimentos sobre a presença da vespa-asiática na
cidade, aguardando respostas.
O responsável da
Quercus chamou ainda a atenção para outras espécies exóticas e invasoras que
ameaçam a produção de frutos pequenos (mirtilos, morangos, framboesas e
cerejas) e a produção de castanha, a mosca Drosophilasusukii e a vespa do
castanheiro Dryocosmus, respectivamente, para as quais é preciso estar alerta.
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