Manuel Salgado,
perante uma ausência de uma política e estratégia integrada de Urbanismo
Comercial e de Planeamento Estratégico capaz de equilibrar os usos e funções do
Centro Histórico, continua a afirmar que não pode substituir / intervir e
regular “o mercado”.
Também reconhece
que toda a função residencial começa ser ocupada exclusivamente por habitação
de curto prazo.
Tal como eu já
afirmei várias vezes em diversas circunstâncias:
“Tudo dirigido ao
novo “Bezerro de Ouro” que se chama Turismo, fenómeno importante com
indiscutível potencial de reconhecimento e prestígio, com vasta dimensão
económica, mas que sem gestão equilibrada, transforma as cidades em produto
efémero e temporário.”
Mas ... não é
precisamente a Função do Vereador do Urbanismo de planear e garantir este mesmo
equílibrio e evitar o desastre que se adivinha com saturação “do mercado”(
excesso de oferta / ocupação monofuncional ) e Omnipresença de Gentrificação
Especulativa e Hotelaria, tornando o centro da cidade, numa área proíbitiva e
económicamente inacessível para os seus próprios habitantes e tranformando-a
exclusivamente num “palco” e “decor” da Globalização com as conhecidas
consequências para a sua Identidade e Vivência no quotidiano ?
António Sérgio Rosa de Carvalho
LISBOA EM RISCO DE SER “GUETO DE TURISMO”
Texto: Fernanda
Ribeiro / Blog “OCORVO” / http://ocorvo.pt/2014/03/27/lisboa-em-risco-de-ser-gueto-de-turismo/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=lisboa-em-risco-de-ser-gueto-de-turismo
Lisboa tem
demasiados hotéis ou deve captar mais turistas, para que a procura se aproxime
da oferta, que é excedentária? Podem as políticas públicas regular o
aparecimento de novos hotéis e alojamentos locais, muitos dos quais se suspeita
que funcionam em mercado paralelo? O que fazer para encontrar um equilíbrio
entre turistas e residentes, sabendo-se que, actualmente, os apoios financeiros
à reabilitação urbana são absorvidos pelo sector hoteleiro e não há fundos para
apoiar igualmente a habitação?
Estas questões
foram debatidas, terça-feira, na conferência realizada no âmbito da Semana da
Reabilitação Urbana, sobre “O Papel do Turismo na Regeneração dos Bairros
Tradicionais de Lisboa” e os problemas colocados não tiveram uma resposta
única, nem unívoca. Houve mesmo “forças de tracção opostas”, como afirmou Cristina
Siza Vieira, presidente da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), entidade
organizadora do debate. Mas, num aspecto, todos os participantes concordaram:
“Lisboa não pode ser um gueto de turismo”.
“Isso seria a
morte do turismo, porque os que hoje nos procuram querem autenticidade, querem
estar onde há uma vida normal de cidade e não num bairro turístico”, alertou o
consultor Luís Correia da Silva.
E os números de
novos empreendimentos hoteleiros a aparecer impressionam. Segundo Cristina Siza
Vieira, nos próximos tempos, “Lisboa deverá ter 10 novos hotéis, com uma média
de 100 quartos cada, segundo um estudo feito pela PriceWaterhouseCoopers, e
isto traduz-se em mais mil quartos em Lisboa, ou seja em mais 365 mil dormidas
para venda num ano”.
Nestes números
não se incluem sequer os novos alojamentos locais – designação criada, em 2007,
para dar cobertura legal às antigas pensões, residenciais, albergarias e
hostels – que aumentaram exponencialmente com a crise no mercado de habitação. “Com
a crise, o que não era vendido foi descarregado para alojamento local”, disse
Cristina Siza Vieira, para quem este mercado deve ser regulado.
O presidente da
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo,
Eduardo Brito Henriques, partilha a preocupação. “O problema não é haver
excesso de turismo é, quando muito, haver excesso de hotéis e de outras formas
de alojamento. Só na zona entre o Rossio, o Campo das Cebolas e a Rua Garrett,
há seis edifícios que vão ser transformados em hotéis. E não há forma de
regular. Estamos a criar uma situação que pode não ser controlada a médio
prazo. Temos o turismo a intervir no desenvolvimento do espaço urbano”.
Mas para o
vereador do urbanismo, Manuel Salgado, que interveio na sessão, Lisboa não corre
o risco de se transformar num gueto de turismo. “Há espaço para mais turistas e
para mais residentes”, sustentou, reconhecendo porém haver uma concorrência
desleal com a função habitacional, tendo em conta o aproveitamento que é feito
dos edifícios para alojamento turístico.
“Só na Baixa,
temos 79 edifícios total ou parcialmente devolutos”, disse. Para o vereador do
urbanismo, não há hipótese de a Câmara Municipal de Lisboa “medir a carga
turística da cidade”, como reclamava Cristina Siza Vieira, segundo a qual as
políticas públicas deveriam contribuir para regular os mercados. “Medir a carga
de Lisboa em relação a quê? Confesso que não sei como se faz isso”.
Quanto ao
aparecimento de diversos novos hotéis na cidade, Manuel Salgado está tranquilo
e entende que são bons investimentos para o futuro da cidade e dos
investidores: “Eu presumo que, em hotelaria, quem vai investir uns milhões num
hotel, tenha feito as contas primeiro”.
Texto: Fernanda Ribeiro
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