OPINIÃO
A um passo de uma nova Guerra
Fria
DIRECÇÃO
EDITORIAL 17/03/2014 - PÚBLICO
A Crimeia votou
como se esperava que votasse. Estaremos a caminho de uma nova Guerra Fria?
Nos primeiros
dias de Março foi colocado junto à estátua de Lenine, no centro de Sinferopol,
capital da Crimeia, o seguinte dístico: “Não toquem no nosso chefe.” Não
tocaram. Pelo contrário. Do alto da sua imponente estátua, situada na praça que
também leva o seu nome, o histórico líder soviético assistiu impávido ao agitar
de bandeiras russas e de bandeiras vermelhas com a foice e o martelo a celebrar
o referendo onde uma grande maioria de votantes disse “sim” à integração na
Rússia. Em Kiev, em Dezembro de 2013, Lenine teve pior sorte: a sua estátua foi
furiosamente derrubada. Por isso também se manteve esta intacta e se consumou
(pelo menos no desejo expresso num referendo ilegal e incontrolado) o regresso
da Crimeia à “grande mãe” Rússia.
Nada disto foi
novidade, nem sequer o júbilo expresso nas ruas, ou a celebração mais do que
antecipada (horas antes do fecho das urnas) de uma vitória previsível. Na
entrevista que concedeu a Teresa de Sousa, publicada na edição de ontem, o
investigador francês Jacques Rupnik disse claramente: “Não há qualquer meio,
nem para a Europa nem para os Estados Unidos, de impedir a integração da
Crimeia na Rússia.” E se, como Rupnik também disse, “a Europa se construiu
contra a geopolítica”, é a geopolítica que não só a Europa mas o mundo, em
particular os Estados Unidos, têm agora pela frente no caso da Crimeia. As
promessas de sanções, que voltaram a fazer-se ouvir, só surtirão efeito se com
elas se pretender atingir um fim óbvio. E está à vista que só muito
dificilmente este será a “devolução” da Crimeia, por mais que a Ucrânia a
reclame (baseada na lei e em tratados de delicada elaboração internacional). Ao
contrário, se tais sanções servirem para coisa nenhuma, haverá um impasse e o
regresso, com novos contornos, da velha Guerra Fria. John Kerry dizia, há dias,
que a porta da diplomacia continuava aberta. Pois é tempo ainda de usá-la, para
evitar males piores para todos.
As urnas fecharam
às oito horas da noite, mas às sete e cinco minutos o resultado foi anunciado
oficialmente no palco em frente à estátua de Lenine, por uma deputada que
acabara de cantar uma velha canção soviética: “Ganhámos. A Crimeia é parte da
Rússia.” O número exacto seria anunciado depois: 95% de votos a favor da
integração da Crimeia na Rússia.
REPORTAGEM
“Ganhámos. A Crimeia é parte da
Rússia”
PAULO MOURA
(Simferopol) 16/03/2014 – PÚBLICO
Com 95% de votos no “sim”, muitos milhares vieram para a praça celebrar a
Rússia. Na noite dos bairros tártaros, o silêncio. Famílias ucranianas
começavam a planear o êxodo.
Aplausos. Gritos.
“Rússia! Rússia!” Um raio lazer projectado no edifício do Ministério do
Interior e no peito de pedra de Lenine: “Primavera da Crimeia.” Mais canções.
Já não os hinos patrióticos das manifestações das últimas semanas, mas cantigas
populares, ligeiras, até infantis, dos tempos da União Soviética. As letras
falam de amor, de flores, ou são lengalengas para adormecer. A muitos fazem
lembrar a infância.
O dia do
referendo da Crimeia decorreu sem incidentes. As estações de voto abriram a
horas, não houve violência, nem queixas de maior. Aleksander, um homem de 68
anos, boné e muletas, ex-combatente no Exército Vermelho, reformado dos
caminhos-de-ferro e tocador de acordeão nos tempos livres, saiu da cabine de
voto a chorar. “O Governo de Kiev não é legítimo”, disse ele. “Podiam ter
deixado Ianukovich terminar o mandato, e depois votavam noutro presidente, nas
eleições. Agora o poder está na rua. Os fascistas do Sector Direito têm armas e
preparavam-se para atacar as bases militares, e depois mandar em nós… Por isso
tivemos de pedir ajuda à Rússia.” Aleksander vê toda esta informação nos canais
de televisão russos. Os ucranianos foram fechados, mas ele não se importa.
Nunca os via. “Não gosto das canções que eles passam. Ainda bem que os
fecharam. Tínhamos de estar sempre a ouvir aquela música…”
Às 11 horas da
manhã, na Escola número 7, já tinham votado um quarto dos eleitores registados.
Havia muita gente a chegar às mesas de voto, mas não faziam filas, empurravam-se
até conseguir impor a sua vez. Exibiam o documento de identificação, viam o
nome ser confirmado na lista. Numa cabine fechada, preenchiam o boletim, que
introduziam, aberto, sem o dobrar, numa urna transparente.
“As pessoas que
estão nas mesas de voto são activistas de organizações cívicas, aprovadas pela
comissão do referendo”, explicou o presidente da assembleia de voto. Logo pela
manhã, uma comissão da Duma de Moscovo veio verificar se tudo estava correcto.
Fez isto em todas as assembleias de voto.
Não há
observadores. Mas o momento da contagem dos votos será aberto aos jornalistas,
prometeu o presidente. Regressámos pouco antes das oito, mas era mentira. As
portas estavam fechadas.
Na Escola número
16, ao fim da manhã, registara-se apenas um problema, um eleitor cujo nome não
constava da lista. Mas provou que vivia na zona, votou. Natasha Kalashnikova,
27 anos, economista, grávida de um rapaz, acha normal que a generalidade dos
países do mundo não reconheça o referendo. “Não é do interesse dos EUA, da
Europa, etc., que a Rússia se desenvolva.” Também não acha estranho que quem
contesta a integração da Crimeia na Rússia não tenha tido direito a fazer
qualquer campanha. “São uma minoria. Por isso nem quiseram fazer publicidade.”
Natasha veio votar com o pai, Iuri Nichomaievich, 65 anos, que diz, muito
excitado: “Só espero que Putin não esteja a fazer isto por razões geopolíticas,
mas para defender o povo da Crimeia.” Acrescenta: “Desculpe estar tão eufórico.
Pareço agressivo, mas não sou.”
Ali perto, o
enorme edifício da ermbaixada da Rússia tinha um papel afixado na porta: “A
embaixada fechará o serviço a partir de dia 16 de Março, para sempre.”
No bairro de Ak
Meshet, um subúrbio de Sinferopol onde a população é quase exclusivamente
tártara, ninguém sabia a morada da assembleia de voto. É uma zona de casas
pobres e ruas de terra, esburacadas. O endereço na lista oficial das
assembleias voto corresponde ao da mesquita do bairro. “Aqui não há votação
nenhuma”, disseram três homens mal-humorados à porta da mesquita. Como as
organizações tártaras decidiram boicotar o referendo, para este local nem
sequer foi destacada nenhuma equipa da comissão eleitoral.
Também no bairro
tártaro de Selim Garai a assembleia de voto, um barracão no meio de um descampado,
perto de uma lixeira, estava fechada. Era possível ver no interior as mesas de
voto e as urnas. Mas ninguém apareceu para abrir a porta, disse um homem que
tem uma oficina num barracão ao lado. Também não veio ninguém para votar. À
volta há edifícios destruídos, prédios de apartamentos de dez andares com as
paredes rachadas, janelas partidas, a fazer pensar: que razões teriam os
tártaros para lutarem pela Ucrânia?
A população do
bairro Fantan é mista, e a assembleia de voto, a Escola número 11, funcionou
normalmente. Sete activistas sentavam-se nas mesas de voto, das quais não vimos
aproximar-se nenhum votante. Quantas pessoas já votaram? “No coment”, respondeu
o presidente da mesa, Anatoli Venich. Quantas pessoas estão nas listas? “No
coment.” Podemos assistir à contagem? “Não.” Na urna transparente viam-se
apenas algumas dezenas de boletins. Um dos activistas da mesa gritou lá do
fundo: “Portugal? Gosto mais de Figo do que Cristiano Ronaldo. Se quiser falar
de futebol, falamos o tempo que quiser.”
A cidade esteve
tranquila, tudo correu bem. No centro, perto da Rua Pushkin, várias cantoras em
trajes tradicionais sucediam-se ao microfone, numa esquina onde haviam
improvisado uma instalação sonora. Enquanto uma rapariga de calças muito justas
interpretava, meneando as ancas, uma cançoneta popular, uma mulher caiu no
passeio, e ficou ali, ferida, sem que ninguém a socorresse. Tudo isto num
espaço exíguo. A cantora a uns cinco metros da audiência, constituída por não
mais de 20 pessoas. A mulher no chão parecia ter perdido os sentidos. Alguns
juntaram-se à sua volta. Chamaram uma ambulância. Uma fotógrafa ergueu a câmara
e de imediato saltaram de todos os lados “vigilantes” e “seguranças”, que se
lançaram sobre ela com agressividade. A ambulância chegou. A mulher ferida foi
arrastada aos gritos. E, enquanto tudo isto aconteceu, a cantora não
interrompeu a sua cançoneta ridícula.
Durante todo o
dia, a cidade representou nervosamente uma farsa. A tensão era extrema, sob a
fina película de normalidade. O canal oficial de televisão CrimTV, onde os
jornalistas estão obrigados a ler notícias previamente escritas no parlamento,
emitiu todo o dia documentários sobre a Segunda Guerra Mundial e os nazis. No
palco do Lenine, a meio da tarde, enquanto decorria a votação, soldados russos
realizaram cerimónias de condecoração dos “valorosos voluntários” que ajudaram
na ocupação. A audiência gritava: “Obrigado! Obrigado!”
“Agora a nossa
vida vai ser muito melhor. Os salários vão aumentar. Vai haver riqueza na
Crimeia, porque a Rússia é um país muito rico”, disse Katia, 23 anos.
“Nós vivemos a
guerra na Crimeia. Ninguém aqui quer de novo o fascismo”, disse Vladimir, um
homem de 69 anos cheio de emblemas comunistas na lapela. De blusão de couro, ao
lado da sua Honda Africa Twin, Piotr Nikitin, membro do clube de motociclistas
Night Wolves, disse estar feliz porque “a Rússia está a reconquistar o seu
império". "O século XIX foi a idade de ouro da Rússia. Hoje, tem
muitos inimigos, como os EUA, a Europa e a China. Mas vai vencê-los, e repor o
seu império. Esse novo destino começa hoje.”
Kristina Panich,
18 anos, disse que adora Putin. “Na Ucrânia, os jovens, como eu, não tinham
direito a sonhar. Agora podemos finalmente imaginar um futuro.” Irina
Pavlankova, 45 anos, explicou que sempre se considerou ucraniana e acreditou na
revolução da Maidan. “Mas agora fomos atirados para uma situação em que não
temos escolha. Só nos resta a Rússia, ou o caos. Apoio esta solução, mas de
coração destruído.” Olga, 32 anos, fotógrafa, teve de repente um ataque de
choro. “O que fizemos a nós próprios? O que fizemos a nós próprios?”
A praça encheu-se
de gente. Muitos milhares de pessoas vieram celebrar a Rússia. O
fogo-de-artifício parecia interminável. As canções de paz e amor dominaram o
palco. Na noite dos bairros tártaros, o silêncio. Famílias ucranianas começavam
a planear o êxodo.
Crimean referendum: Mr Putin and the threat of a new
cold war
Through a series
of interventions in civil liberties, Mr Putin is turning a soft autocracy into
a highly repressive state
Editorial
The Guardian, Sunday 16 March 2014 / http://www.theguardian.com/commentisfree/2014/mar/16/crimea-referendum-putin-threat-cold-war
The referendum that took place in Crimea is both irrelevant and deeply significant.
Irrelevant because it has no standing in the law of the country to which it
applies, and because it took place while the autonomous region was under
military occupation. International bodies are unlikely to recognise its
outcome: the UN security council voted by 13-1 to condemn it on Saturday, with
only Russia
voting against. The referendum is significant, however, because it represents a
giant step on the road to Russian annexation, and because it reveals a little
more of the nature of that country's president, Vladimir Putin.
Like many a strongman before him, Mr Putin
is motivated as much by fear as boldness. He has embarked on the path of
dismembering Ukraine in part
because he fears for Russia
if its neighbour is seen to escape into a bright European future. Ever since
the mass protests that surrounded his controversial return to the presidency in
2012, Mr Putin has worked hard to prevent himself being ejected on a wave of
pro-democratic sentiment of the kind that ran around the world following Tunisia 's
revolution in December 2010. Having seen his protege Viktor Yanukovych toppled
in Kiev , he has
been rolling back the gains of glasnost with renewed vigour.
Just when the Russian people have needed
independent media most, the government has been crushing it. Last Wednesday,
Galina Timchenko, the editor of the popular independent Russian news website
Lenta.ru, was fired and replaced with a Kremlin sympathiser, after running an
interview with a member of the Ukrainian nationalist group Right Sector. Many
of the website's reporters resigned in protest, saying as they did so:
"The trouble is not that we've lost our jobs. The trouble is that you've
got nothing to read." The only independent TV station, Dozhd, which had
dared to cover anti-government demonstrations in Kiev , was dumped from all major cable
networks in February; news websites have been blocked; the general director of
the liberal Ekho Moskvy radio station was sacked and replaced with a
conservative.
There is opposition to the Crimean
intervention – thousands marched in Moscow on
Saturday – but, faced with a full-scale assault on the truth, it is
unsurprising that many Russians believe in Mr Putin's worldview, in which
western-backed "fascists" have created "anarchy" in Ukraine that only Russia can resolve. Unsurprising,
too, that Mr Putin's approval rating has climbed to a three-year high in the
past month on the back of his handling of Ukraine and the Sochi Olympics.
Almost half of Russians polled in a recent survey thought there was a real
threat from bandits and nationalists to Russians in Ukraine , while more than half
thought Russian troops could be deployed there legally.
Through a series of crackdowns and
interventions in civil liberties, Mr Putin is turning a soft autocracy into a
highly repressive state that appears to be run by a small group of Putin
confidants within the Kremlin and whose character is increasingly nationalistic
and paranoid about the west. Vladimir Yakunin, the head of Russian Railways and
a friend of Mr Putin, expressed this in a recent interview. "We are
witnessing a huge geopolitical game in which the aim is the destruction of Russia as a geopolitical opponent of the US or of this
global financial oligarchy," Mr Yakunin said. Part of his solution is a
plan for a Soviet-style mega-project in the east of the country, as far as
possible from the meddling west.
EU foreign ministers meet on Monday to
consider action against a list of high-level Russian officials in light of the
Crimean referendum. The US
will likely follow suit, and further European sanctions are in the offing: the
German chancellor, Angela Merkel, has warned darkly of "massive"
economic and political damage to Russia unless Mr Putin changes
course. If the sovereignty of Ukraine
is to be defended, there are few other options. East and west appear locked on
the path to a new and dangerous divide.
Igor
Tenyukh announcing the truce: 'No measures will be taken against our military
facilities in Crimea during that time.'
Photograph: Yury Kirnichny/AFP/Getty Images
Crimea votes to secede from Ukraine in 'illegal' poll
Referendum shows
95.5% in favour of joining Russia ,
as US condemns Kremlin's 'dangerous' escalation
Luke
Harding in Kiev and Shaun Walker in Simferopol
The
Guardian, Sunday 16 March 2014 / http://www.theguardian.com/world/2014/mar/16/ukraine-russia-truce-crimea-referendum
Crimea
voted to secede from Ukraine
in a referendum that most of the world has condemned as illegal. Early results
– when 50% of the votes were counted – showed that 95.5% of ballots were in
favour of joining Russia .
As the
results rolled in, they were met with neither surprise nor welcome by the west.
Russian president Vladimir Putin told Barack Obama in a phone call on Sunday
night that the referendum endorsing Crimea becoming part of Russia was
legal and should be accepted, according to the Kremlin. However, Obama said
that the US rejected the
results and warned that Washington was ready to
impose sanctions on Moscow
over the crisis.
The White
House said that Obama "emphasised that Russia 's
actions were in violation of Ukraine 's
sovereignty and territorial integrity and that, in co-ordination with our
European partners, we are prepared to impose additional costs on Russia for its
actions".
Obama told
Putin the crisis could still be resolved diplomatically, but said the Russian
military would need to first stop its "incursions" into Ukraine ,
the White House said.
People in
Crimea vote in the referendum on whether to join the Russian
Federation or remain as an autonomous republic in Ukraine .
Photograph: Zuma/REX
Putin told
Obama the vote was "fully consistent with the norms of international law
and the UN charter", according to a statement on the Kremlin website.
The
European Union also condemned the referendum as illegal and said it is taking
steps to increase sanctions against Russia . EU foreign ministers will
meet today to decide whether to impose asset freeze and visa sanctions and, if
so, who to target.
"The
referendum is illegal and illegitimate and its outcome will not be
recognised," Herman Van Rompuy, president of the European council, and
José Manuel Barroso, European commission president, said in a joint statement on
Sunday.
Artists of
the Russian Black Sea fleet dance and music groups perform at pro-Russian
celebrations in Lenin Square ,
Simferopol . Photograph: Max
Vetrov/AP
Earlier on
Sunday, Russia and Ukraine agreed a truce in the region until
Friday, Ukraine 's acting
defence minister announced, in a move that may ease tension between Moscow and the western-backed government in Kiev . Speaking on the
sidelines of a cabinet meeting, Ukraine's acting defence minister, Ihor
Tenyukh, said the deal has been struck with Russia's Black Sea fleet and the
Russian defence ministry. "No measures will be taken against our military
facilities in Crimea during that time,"
he said. "Our military sites are therefore proceeding with a replenishment
of reserves."
The
agreement has provided some respite for Ukraine 's beleaguered troops, who
have been trapped on their military bases and naval ships since Russian forces
began occupying the peninsula on 27 February. They have been encircled ever
since, in some cases without electricity. Local residents have smuggled in food
to them amid a nervous standoff with the Russian military.
But there
seems little doubt that Ukrainian forces will be evicted from
Kremlin-controlled Crimea once the truce
expires. Crimea's deputy prime minister, Rustam Temirgaliyev, said on Sunday
troops would be given safe passage and predicted that eastern Ukraine would be next to join Russia .
"Donetsk, Lugansk, Kharkiv have the same situation as in Crimea – 75% of
people want to join Russia in eastern Ukraine," he told journalists near
the parliament building in Simferopol.There was further turmoil in Donetsk when
pro-Russian protesters stormed the prosecutor's office and removed the
Ukrainian flag from the roof raising a Russian flag in its place. Riot police
deployed to protect the building made little effort to stop the crowd, which
later dispersed.
Pro-Russian
people celebrate in Lenin Square ,
in Simferopol , Ukraine . Fireworks exploded and
Russian flags fluttered above jubilant crowds after residents in Crimea voted
overwhelmingly to secede from Ukraine
and join Russia .
Photograph: Max Vetrov/AP
The
government in Kiev has accused Moscow of deliberately stirring up tensions
in the east by bringing in professional activists and provocateurs from across
the border. In a series of ominous statements, Russia 's foreign ministry has said
it may be forced to act to "protect" ethnic Russians – an expression
that appears to provide a rationale for future military incursions.
Putin spent
Sunday evening at the closing ceremony of the Paralympics in Sochi
but was keeping an eye on the Crimea results,
his spokesman said. Earlier he had expressed concern about the escalation of
tensions in the south and south-eastern regions of Ukraine , Reuters reported.
He blamed
the febrile mood on "radical forces" acting with the "connivance
of the current Kiev
authorities". The Kremlin refuses to recognise Kiev 's temporary government that it says came
to power on the back of a "fascist" coup.
Putin
telephoned the German chancellor, Angela Merkel, on Sunday and told her the
referendum in Crimea , condemned by the west,
complied with international law.
A Ukrainian
member of the Maidan self-defence forces rides a bicycle next to EU and Ukraine flags
during a meeting – organised as reaction to the referendum – at Independence Square , Kiev . Photograph: Robert Ghement/EPA
The Russian
leader had reportedly agreed with Putin and Merkel reportedly agreed that more
observers from the Organisation for Security and Co-operation in Europe (OSCE)
should be deployed in east Ukraine .
Existing observers were refused entry to Crimea by pro-Russian checkpoint
guards.On Saturday, Russia
vetoed a US-drafted motion in the UN security council in New
York , which had declared the Crimea
referendum invalid. China –
a consistent ally of Moscow
– abstained.
Pro-unity
rallies took place at the Maidan in Kiev on Sunday,
the scene of Ukraine 's
revolution that led to President Viktor Yanukovych abandoning his office and
fleeing to Russia
last month. Some of those who attended were Crimeans who opposed secession and
said they had left the peninsula in recent days amid threats and pressure.
Antonina
Danchuk, 30, who lived in Simferopol
until two years ago and studied Greek and English at its university, described
the referendum as a "fake". "It's illegal," she said.
"My Crimean friends who are there are afraid to go out and build their own
Maidan. They're not voting. People with Russian passports are being allowed to
vote.
Danchuk
said she was not opposed to Russia
, but to Putin and his expansionist policies. "I'm ethnic Russian. But I
feel my nationality is Ukrainian. We've stayed in Ukraine for 22 years. We want Putin
to leave us alone. We don't want Crimea to be a part of Russia ."
Sergei
Aksyonov , the pro-Russian prime minister of Crimea, gestures as people
celebrate in Lenin Square ,
in Simferopol
on Sunday. Photograph: Max Vetrov/AP
Danchuk's
mother Larissa, 62, arrived in Kiev on Saturday
from Crimea's regional capital, Simferopol ,
travelling by train. She said she had taken part in anti-secession rallies
dressed in the Ukrainian national colours of blue and yellow. She had also
taken food to trapped Ukrainian sailors.
"We
were protesting outside Simferopol
theatre when two cars pulled up. Men with guns got out. They told me: 'If you
want to stay alive clear off.' Of course I left. A similar thing happened two
days ago at another demonstration next to the [Taras ]
Shevchenko statue. A man – not local – came up and said: 'What are you doing?
Where are your papers?'"
Larissa
said she was born in Russia 's
far east but had lived in Crimea for 37 years.
"The whole referendum is taking place at the point of a Kalashnikov. It's
improper, and organised by Moscow ."
She said she did not know how long she would stay out of Crimea
but said she wanted to return for her grandson's impending birthday.
Danchuck,
her husband Taras and their one-year-old son Lyubomyr had driven to the Maidan
in a black saloon car decorated with anti-Putin slogans. One read:
"Crimea=Ukraine ".
Another described the Russian leader as an "executioner". Lyubomyr
sat placidly in his pushchair, wearing a yellow and blue scarf, above a sign
that read: "Putin is a poo".
Meanwhile,
Dave Young, a British expatriate who has lived in Kiev for nine years, turned up at the Maidan
on Sunday waving a Union flag with the words: "Ukraine-Great
Britain". Young said he was unimpressed by David Cameron's handling of the
Ukraine
crisis. "His response has been limp and apathetic. He's seemed more
concerned with protecting the interests of the City than doing what is right."
Young said
he feared the crisis in Ukraine
raised profound questions for Europe and its
values. He said: "There is a fundamental argument here about the right of
a country to decide its future. God knows how long Russia
has been planning this action but it's clear they don't want Ukraine to
stand as an independent nation."
"The
whole of Europe needs to realise this is a
pivotal point. After here, what next? If this state falls where next?"
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