domingo, 16 de março de 2014

A um passo de uma nova Guerra Fria. “Ganhámos. A Crimeia é parte da Rússia” / PÚBLICO. Crimean referendum: Mr Putin and the threat of a new cold war. Crimea votes to secede from Ukraine in 'illegal' poll. / The Guardian


OPINIÃO
A um passo de uma nova Guerra Fria
DIRECÇÃO EDITORIAL 17/03/2014 - PÚBLICO
A Crimeia votou como se esperava que votasse. Estaremos a caminho de uma nova Guerra Fria?
Nos primeiros dias de Março foi colocado junto à estátua de Lenine, no centro de Sinferopol, capital da Crimeia, o seguinte dístico: “Não toquem no nosso chefe.” Não tocaram. Pelo contrário. Do alto da sua imponente estátua, situada na praça que também leva o seu nome, o histórico líder soviético assistiu impávido ao agitar de bandeiras russas e de bandeiras vermelhas com a foice e o martelo a celebrar o referendo onde uma grande maioria de votantes disse “sim” à integração na Rússia. Em Kiev, em Dezembro de 2013, Lenine teve pior sorte: a sua estátua foi furiosamente derrubada. Por isso também se manteve esta intacta e se consumou (pelo menos no desejo expresso num referendo ilegal e incontrolado) o regresso da Crimeia à “grande mãe” Rússia.

Nada disto foi novidade, nem sequer o júbilo expresso nas ruas, ou a celebração mais do que antecipada (horas antes do fecho das urnas) de uma vitória previsível. Na entrevista que concedeu a Teresa de Sousa, publicada na edição de ontem, o investigador francês Jacques Rupnik disse claramente: “Não há qualquer meio, nem para a Europa nem para os Estados Unidos, de impedir a integração da Crimeia na Rússia.” E se, como Rupnik também disse, “a Europa se construiu contra a geopolítica”, é a geopolítica que não só a Europa mas o mundo, em particular os Estados Unidos, têm agora pela frente no caso da Crimeia. As promessas de sanções, que voltaram a fazer-se ouvir, só surtirão efeito se com elas se pretender atingir um fim óbvio. E está à vista que só muito dificilmente este será a “devolução” da Crimeia, por mais que a Ucrânia a reclame (baseada na lei e em tratados de delicada elaboração internacional). Ao contrário, se tais sanções servirem para coisa nenhuma, haverá um impasse e o regresso, com novos contornos, da velha Guerra Fria. John Kerry dizia, há dias, que a porta da diplomacia continuava aberta. Pois é tempo ainda de usá-la, para evitar males piores para todos.
As urnas fecharam às oito horas da noite, mas às sete e cinco minutos o resultado foi anunciado oficialmente no palco em frente à estátua de Lenine, por uma deputada que acabara de cantar uma velha canção soviética: “Ganhámos. A Crimeia é parte da Rússia.” O número exacto seria anunciado depois: 95% de votos a favor da integração da Crimeia na Rússia.



REPORTAGEM
“Ganhámos. A Crimeia é parte da Rússia”
PAULO MOURA (Simferopol) 16/03/2014 – PÚBLICO

Com 95% de votos no “sim”, muitos milhares vieram para a praça celebrar a Rússia. Na noite dos bairros tártaros, o silêncio. Famílias ucranianas começavam a planear o êxodo.

Aplausos. Gritos. “Rússia! Rússia!” Um raio lazer projectado no edifício do Ministério do Interior e no peito de pedra de Lenine: “Primavera da Crimeia.” Mais canções. Já não os hinos patrióticos das manifestações das últimas semanas, mas cantigas populares, ligeiras, até infantis, dos tempos da União Soviética. As letras falam de amor, de flores, ou são lengalengas para adormecer. A muitos fazem lembrar a infância.

O dia do referendo da Crimeia decorreu sem incidentes. As estações de voto abriram a horas, não houve violência, nem queixas de maior. Aleksander, um homem de 68 anos, boné e muletas, ex-combatente no Exército Vermelho, reformado dos caminhos-de-ferro e tocador de acordeão nos tempos livres, saiu da cabine de voto a chorar. “O Governo de Kiev não é legítimo”, disse ele. “Podiam ter deixado Ianukovich terminar o mandato, e depois votavam noutro presidente, nas eleições. Agora o poder está na rua. Os fascistas do Sector Direito têm armas e preparavam-se para atacar as bases militares, e depois mandar em nós… Por isso tivemos de pedir ajuda à Rússia.” Aleksander vê toda esta informação nos canais de televisão russos. Os ucranianos foram fechados, mas ele não se importa. Nunca os via. “Não gosto das canções que eles passam. Ainda bem que os fecharam. Tínhamos de estar sempre a ouvir aquela música…”

Às 11 horas da manhã, na Escola número 7, já tinham votado um quarto dos eleitores registados. Havia muita gente a chegar às mesas de voto, mas não faziam filas, empurravam-se até conseguir impor a sua vez. Exibiam o documento de identificação, viam o nome ser confirmado na lista. Numa cabine fechada, preenchiam o boletim, que introduziam, aberto, sem o dobrar, numa urna transparente.

“As pessoas que estão nas mesas de voto são activistas de organizações cívicas, aprovadas pela comissão do referendo”, explicou o presidente da assembleia de voto. Logo pela manhã, uma comissão da Duma de Moscovo veio verificar se tudo estava correcto. Fez isto em todas as assembleias de voto.

Não há observadores. Mas o momento da contagem dos votos será aberto aos jornalistas, prometeu o presidente. Regressámos pouco antes das oito, mas era mentira. As portas estavam fechadas.

Na Escola número 16, ao fim da manhã, registara-se apenas um problema, um eleitor cujo nome não constava da lista. Mas provou que vivia na zona, votou. Natasha Kalashnikova, 27 anos, economista, grávida de um rapaz, acha normal que a generalidade dos países do mundo não reconheça o referendo. “Não é do interesse dos EUA, da Europa, etc., que a Rússia se desenvolva.” Também não acha estranho que quem contesta a integração da Crimeia na Rússia não tenha tido direito a fazer qualquer campanha. “São uma minoria. Por isso nem quiseram fazer publicidade.” Natasha veio votar com o pai, Iuri Nichomaievich, 65 anos, que diz, muito excitado: “Só espero que Putin não esteja a fazer isto por razões geopolíticas, mas para defender o povo da Crimeia.” Acrescenta: “Desculpe estar tão eufórico. Pareço agressivo, mas não sou.”

Ali perto, o enorme edifício da ermbaixada da Rússia tinha um papel afixado na porta: “A embaixada fechará o serviço a partir de dia 16 de Março, para sempre.”

No bairro de Ak Meshet, um subúrbio de Sinferopol onde a população é quase exclusivamente tártara, ninguém sabia a morada da assembleia de voto. É uma zona de casas pobres e ruas de terra, esburacadas. O endereço na lista oficial das assembleias voto corresponde ao da mesquita do bairro. “Aqui não há votação nenhuma”, disseram três homens mal-humorados à porta da mesquita. Como as organizações tártaras decidiram boicotar o referendo, para este local nem sequer foi destacada nenhuma equipa da comissão eleitoral.

Também no bairro tártaro de Selim Garai a assembleia de voto, um barracão no meio de um descampado, perto de uma lixeira, estava fechada. Era possível ver no interior as mesas de voto e as urnas. Mas ninguém apareceu para abrir a porta, disse um homem que tem uma oficina num barracão ao lado. Também não veio ninguém para votar. À volta há edifícios destruídos, prédios de apartamentos de dez andares com as paredes rachadas, janelas partidas, a fazer pensar: que razões teriam os tártaros para lutarem pela Ucrânia?

A população do bairro Fantan é mista, e a assembleia de voto, a Escola número 11, funcionou normalmente. Sete activistas sentavam-se nas mesas de voto, das quais não vimos aproximar-se nenhum votante. Quantas pessoas já votaram? “No coment”, respondeu o presidente da mesa, Anatoli Venich. Quantas pessoas estão nas listas? “No coment.” Podemos assistir à contagem? “Não.” Na urna transparente viam-se apenas algumas dezenas de boletins. Um dos activistas da mesa gritou lá do fundo: “Portugal? Gosto mais de Figo do que Cristiano Ronaldo. Se quiser falar de futebol, falamos o tempo que quiser.”

A cidade esteve tranquila, tudo correu bem. No centro, perto da Rua Pushkin, várias cantoras em trajes tradicionais sucediam-se ao microfone, numa esquina onde haviam improvisado uma instalação sonora. Enquanto uma rapariga de calças muito justas interpretava, meneando as ancas, uma cançoneta popular, uma mulher caiu no passeio, e ficou ali, ferida, sem que ninguém a socorresse. Tudo isto num espaço exíguo. A cantora a uns cinco metros da audiência, constituída por não mais de 20 pessoas. A mulher no chão parecia ter perdido os sentidos. Alguns juntaram-se à sua volta. Chamaram uma ambulância. Uma fotógrafa ergueu a câmara e de imediato saltaram de todos os lados “vigilantes” e “seguranças”, que se lançaram sobre ela com agressividade. A ambulância chegou. A mulher ferida foi arrastada aos gritos. E, enquanto tudo isto aconteceu, a cantora não interrompeu a sua cançoneta ridícula.

Durante todo o dia, a cidade representou nervosamente uma farsa. A tensão era extrema, sob a fina película de normalidade. O canal oficial de televisão CrimTV, onde os jornalistas estão obrigados a ler notícias previamente escritas no parlamento, emitiu todo o dia documentários sobre a Segunda Guerra Mundial e os nazis. No palco do Lenine, a meio da tarde, enquanto decorria a votação, soldados russos realizaram cerimónias de condecoração dos “valorosos voluntários” que ajudaram na ocupação. A audiência gritava: “Obrigado! Obrigado!”

“Agora a nossa vida vai ser muito melhor. Os salários vão aumentar. Vai haver riqueza na Crimeia, porque a Rússia é um país muito rico”, disse Katia, 23 anos.

“Nós vivemos a guerra na Crimeia. Ninguém aqui quer de novo o fascismo”, disse Vladimir, um homem de 69 anos cheio de emblemas comunistas na lapela. De blusão de couro, ao lado da sua Honda Africa Twin, Piotr Nikitin, membro do clube de motociclistas Night Wolves, disse estar feliz porque “a Rússia está a reconquistar o seu império". "O século XIX foi a idade de ouro da Rússia. Hoje, tem muitos inimigos, como os EUA, a Europa e a China. Mas vai vencê-los, e repor o seu império. Esse novo destino começa hoje.”

Kristina Panich, 18 anos, disse que adora Putin. “Na Ucrânia, os jovens, como eu, não tinham direito a sonhar. Agora podemos finalmente imaginar um futuro.” Irina Pavlankova, 45 anos, explicou que sempre se considerou ucraniana e acreditou na revolução da Maidan. “Mas agora fomos atirados para uma situação em que não temos escolha. Só nos resta a Rússia, ou o caos. Apoio esta solução, mas de coração destruído.” Olga, 32 anos, fotógrafa, teve de repente um ataque de choro. “O que fizemos a nós próprios? O que fizemos a nós próprios?”

A praça encheu-se de gente. Muitos milhares de pessoas vieram celebrar a Rússia. O fogo-de-artifício parecia interminável. As canções de paz e amor dominaram o palco. Na noite dos bairros tártaros, o silêncio. Famílias ucranianas começavam a planear o êxodo.

Crimean referendum: Mr Putin and the threat of a new cold war
Through a series of interventions in civil liberties, Mr Putin is turning a soft autocracy into a highly repressive state
Editorial

The referendum that took place in Crimea is both irrelevant and deeply significant. Irrelevant because it has no standing in the law of the country to which it applies, and because it took place while the autonomous region was under military occupation. International bodies are unlikely to recognise its outcome: the UN security council voted by 13-1 to condemn it on Saturday, with only Russia voting against. The referendum is significant, however, because it represents a giant step on the road to Russian annexation, and because it reveals a little more of the nature of that country's president, Vladimir Putin.

Like many a strongman before him, Mr Putin is motivated as much by fear as boldness. He has embarked on the path of dismembering Ukraine in part because he fears for Russia if its neighbour is seen to escape into a bright European future. Ever since the mass protests that surrounded his controversial return to the presidency in 2012, Mr Putin has worked hard to prevent himself being ejected on a wave of pro-democratic sentiment of the kind that ran around the world following Tunisia's revolution in December 2010. Having seen his protege Viktor Yanukovych toppled in Kiev, he has been rolling back the gains of glasnost with renewed vigour.

Just when the Russian people have needed independent media most, the government has been crushing it. Last Wednesday, Galina Timchenko, the editor of the popular independent Russian news website Lenta.ru, was fired and replaced with a Kremlin sympathiser, after running an interview with a member of the Ukrainian nationalist group Right Sector. Many of the website's reporters resigned in protest, saying as they did so: "The trouble is not that we've lost our jobs. The trouble is that you've got nothing to read." The only independent TV station, Dozhd, which had dared to cover anti-government demonstrations in Kiev, was dumped from all major cable networks in February; news websites have been blocked; the general director of the liberal Ekho Moskvy radio station was sacked and replaced with a conservative.

There is opposition to the Crimean intervention – thousands marched in Moscow on Saturday – but, faced with a full-scale assault on the truth, it is unsurprising that many Russians believe in Mr Putin's worldview, in which western-backed "fascists" have created "anarchy" in Ukraine that only Russia can resolve. Unsurprising, too, that Mr Putin's approval rating has climbed to a three-year high in the past month on the back of his handling of Ukraine and the Sochi Olympics. Almost half of Russians polled in a recent survey thought there was a real threat from bandits and nationalists to Russians in Ukraine, while more than half thought Russian troops could be deployed there legally.

Through a series of crackdowns and interventions in civil liberties, Mr Putin is turning a soft autocracy into a highly repressive state that appears to be run by a small group of Putin confidants within the Kremlin and whose character is increasingly nationalistic and paranoid about the west. Vladimir Yakunin, the head of Russian Railways and a friend of Mr Putin, expressed this in a recent interview. "We are witnessing a huge geopolitical game in which the aim is the destruction of Russia as a geopolitical opponent of the US or of this global financial oligarchy," Mr Yakunin said. Part of his solution is a plan for a Soviet-style mega-project in the east of the country, as far as possible from the meddling west.

EU foreign ministers meet on Monday to consider action against a list of high-level Russian officials in light of the Crimean referendum. The US will likely follow suit, and further European sanctions are in the offing: the German chancellor, Angela Merkel, has warned darkly of "massive" economic and political damage to Russia unless Mr Putin changes course. If the sovereignty of Ukraine is to be defended, there are few other options. East and west appear locked on the path to a new and dangerous divide.
 
Igor Tenyukh announcing the truce: 'No measures will be taken against our military facilities in Crimea during that time.' Photograph: Yury Kirnichny/AFP/Getty Images
Crimea votes to secede from Ukraine in 'illegal' poll
Referendum shows 95.5% in favour of joining Russia, as US condemns Kremlin's 'dangerous' escalation
Luke Harding in Kiev and Shaun Walker in Simferopol

Crimea voted to secede from Ukraine in a referendum that most of the world has condemned as illegal. Early results – when 50% of the votes were counted – showed that 95.5% of ballots were in favour of joining Russia.

As the results rolled in, they were met with neither surprise nor welcome by the west. Russian president Vladimir Putin told Barack Obama in a phone call on Sunday night that the referendum endorsing Crimea becoming part of Russia was legal and should be accepted, according to the Kremlin. However, Obama said that the US rejected the results and warned that Washington was ready to impose sanctions on Moscow over the crisis.

The White House said that Obama "emphasised that Russia's actions were in violation of Ukraine's sovereignty and territorial integrity and that, in co-ordination with our European partners, we are prepared to impose additional costs on Russia for its actions".
Obama told Putin the crisis could still be resolved diplomatically, but said the Russian military would need to first stop its "incursions" into Ukraine, the White House said.
 
People in Crimea vote in the referendum on whether to join the Russian Federation or remain as an autonomous republic in Ukraine. Photograph: Zuma/REX
Putin told Obama the vote was "fully consistent with the norms of international law and the UN charter", according to a statement on the Kremlin website.

The European Union also condemned the referendum as illegal and said it is taking steps to increase sanctions against Russia. EU foreign ministers will meet today to decide whether to impose asset freeze and visa sanctions and, if so, who to target.

"The referendum is illegal and illegitimate and its outcome will not be recognised," Herman Van Rompuy, president of the European council, and José Manuel Barroso, European commission president, said in a joint statement on Sunday.
France and Germany echoed the statement by the British foreign secretary, William Hague, that Moscow must face "economic and political consequences".
 
Artists of the Russian Black Sea fleet dance and music groups perform at pro-Russian celebrations in Lenin Square, Simferopol. Photograph: Max Vetrov/AP
Earlier on Sunday, Russia and Ukraine agreed a truce in the region until Friday, Ukraine's acting defence minister announced, in a move that may ease tension between Moscow and the western-backed government in Kiev. Speaking on the sidelines of a cabinet meeting, Ukraine's acting defence minister, Ihor Tenyukh, said the deal has been struck with Russia's Black Sea fleet and the Russian defence ministry. "No measures will be taken against our military facilities in Crimea during that time," he said. "Our military sites are therefore proceeding with a replenishment of reserves."

The agreement has provided some respite for Ukraine's beleaguered troops, who have been trapped on their military bases and naval ships since Russian forces began occupying the peninsula on 27 February. They have been encircled ever since, in some cases without electricity. Local residents have smuggled in food to them amid a nervous standoff with the Russian military.

But there seems little doubt that Ukrainian forces will be evicted from Kremlin-controlled Crimea once the truce expires. Crimea's deputy prime minister, Rustam Temirgaliyev, said on Sunday troops would be given safe passage and predicted that eastern Ukraine would be next to join Russia. "Donetsk, Lugansk, Kharkiv have the same situation as in Crimea – 75% of people want to join Russia in eastern Ukraine," he told journalists near the parliament building in Simferopol.There was further turmoil in Donetsk when pro-Russian protesters stormed the prosecutor's office and removed the Ukrainian flag from the roof raising a Russian flag in its place. Riot police deployed to protect the building made little effort to stop the crowd, which later dispersed.
 
Pro-Russian people celebrate in Lenin Square, in Simferopol, Ukraine. Fireworks exploded and Russian flags fluttered above jubilant crowds after residents in Crimea voted overwhelmingly to secede from Ukraine and join Russia. Photograph: Max Vetrov/AP
The government in Kiev has accused Moscow of deliberately stirring up tensions in the east by bringing in professional activists and provocateurs from across the border. In a series of ominous statements, Russia's foreign ministry has said it may be forced to act to "protect" ethnic Russians – an expression that appears to provide a rationale for future military incursions.

Putin spent Sunday evening at the closing ceremony of the Paralympics in Sochi but was keeping an eye on the Crimea results, his spokesman said. Earlier he had expressed concern about the escalation of tensions in the south and south-eastern regions of Ukraine, Reuters reported.
He blamed the febrile mood on "radical forces" acting with the "connivance of the current Kiev authorities". The Kremlin refuses to recognise Kiev's temporary government that it says came to power on the back of a "fascist" coup.

Putin telephoned the German chancellor, Angela Merkel, on Sunday and told her the referendum in Crimea, condemned by the west, complied with international law.
 
A Ukrainian member of the Maidan self-defence forces rides a bicycle next to EU and Ukraine flags during a meeting – organised as reaction to the referendum – at Independence Square, Kiev. Photograph: Robert Ghement/EPA
The Russian leader had reportedly agreed with Putin and Merkel reportedly agreed that more observers from the Organisation for Security and Co-operation in Europe (OSCE) should be deployed in east Ukraine. Existing observers were refused entry to Crimea by pro-Russian checkpoint guards.On Saturday, Russia vetoed a US-drafted motion in the UN security council in New York, which had declared the Crimea referendum invalid. China – a consistent ally of Moscow – abstained.

Ukraine's acting prime minister, Arseniy Yatsenyuk, has promised to take action against separatist "ringleaders" who, he said, had compromised his country's independence "under the cover of Russian troops". He said: "We will find all of them – if it takes one year, two years – and bring them to justice. The ground will burn beneath their feet."The conflict spread from the ground to the internet, with several Nato websites targeted by hackers calling themselves CyberBerkut, after the Ukrainian riot police who were disbanded by the Kiev government. Crimean officials said their referendum website was also hacked.

Pro-unity rallies took place at the Maidan in Kiev on Sunday, the scene of Ukraine's revolution that led to President Viktor Yanukovych abandoning his office and fleeing to Russia last month. Some of those who attended were Crimeans who opposed secession and said they had left the peninsula in recent days amid threats and pressure.

Antonina Danchuk, 30, who lived in Simferopol until two years ago and studied Greek and English at its university, described the referendum as a "fake". "It's illegal," she said. "My Crimean friends who are there are afraid to go out and build their own Maidan. They're not voting. People with Russian passports are being allowed to vote.
Danchuk said she was not opposed to Russia , but to Putin and his expansionist policies. "I'm ethnic Russian. But I feel my nationality is Ukrainian. We've stayed in Ukraine for 22 years. We want Putin to leave us alone. We don't want Crimea to be a part of Russia."
 
Sergei Aksyonov , the pro-Russian prime minister of Crimea, gestures as people celebrate in Lenin Square, in Simferopol on Sunday. Photograph: Max Vetrov/AP
Danchuk's mother Larissa, 62, arrived in Kiev on Saturday from Crimea's regional capital, Simferopol, travelling by train. She said she had taken part in anti-secession rallies dressed in the Ukrainian national colours of blue and yellow. She had also taken food to trapped Ukrainian sailors.

"We were protesting outside Simferopol theatre when two cars pulled up. Men with guns got out. They told me: 'If you want to stay alive clear off.' Of course I left. A similar thing happened two days ago at another demonstration next to the [Taras] Shevchenko statue. A man – not local – came up and said: 'What are you doing? Where are your papers?'"

Larissa said she was born in Russia's far east but had lived in Crimea for 37 years. "The whole referendum is taking place at the point of a Kalashnikov. It's improper, and organised by Moscow." She said she did not know how long she would stay out of Crimea but said she wanted to return for her grandson's impending birthday.

Danchuck, her husband Taras and their one-year-old son Lyubomyr had driven to the Maidan in a black saloon car decorated with anti-Putin slogans. One read: "Crimea=Ukraine". Another described the Russian leader as an "executioner". Lyubomyr sat placidly in his pushchair, wearing a yellow and blue scarf, above a sign that read: "Putin is a poo".

Meanwhile, Dave Young, a British expatriate who has lived in Kiev for nine years, turned up at the Maidan on Sunday waving a Union flag with the words: "Ukraine-Great Britain". Young said he was unimpressed by David Cameron's handling of the Ukraine crisis. "His response has been limp and apathetic. He's seemed more concerned with protecting the interests of the City than doing what is right."
Young said he feared the crisis in Ukraine raised profound questions for Europe and its values. He said: "There is a fundamental argument here about the right of a country to decide its future. God knows how long Russia has been planning this action but it's clear they don't want Ukraine to stand as an independent nation."


"The whole of Europe needs to realise this is a pivotal point. After here, what next? If this state falls where next?"

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