Dois acusados de homicídio
pelo incêndio do Caramulo
ANA CRISTINA PEREIRA 28/02/2014 - 17:45 / PÚBLICO
No incêndio do Verão passado morreram quatro bombeiros e
arderam quase sete mil hectares
Está deduzida a acusação contra dois supostos autores dos
incêndios que em Agosto de 2013 devoraram a serra do Caramulo. O Ministério
Público acusa-os de crimes de incêndio florestal, homicídio qualificado e
ofensa à integridade física qualificada.
Foi um Verão trágico: mais de 120 mil hectares de área
ardida, 73 detidos pela Polícia Judiciária, nove mortos — oito bombeiros e o
presidente da junta de Queirã (Viseu), que esteve 25 dias internado depois de
se ter juntado aos que combatiam os incêndios da serra do Caramulo e ter
sofrido queimaduras em 60% do corpo.
O Caramulo foi o mais dramático cenário. Há muito que o país
não via nada assim. O fogo consumiu perto de sete mil hectares. No combate às
chamas morreram os bombeiros Ana Rita Pereira, de 24 anos, de Alcabideche,
Bernardo Figueiredo, de 23, do Estoril, Cátia Pereira, de 21, e Bernardo
Cardoso, de 18 anos, ambos de Carregueira do Sal.
Era grande a pressão para encontrar responsáveis. Os
suspeitos ficaram em prisão preventiva e assim deverão continuar até ao
julgamento. Por vontade do Ministério Público, conforme anunciou esta
sexta-feira numa nota enviada a toda a comunicação social, o julgamento
realizar-se-á com júri.
P.T., de 28 anos, natural de Vouzela, residia no Luxemburgo
há muito. Entregou-se em Setembro, bem depois de F.M., de 20 anos, natural da
Nogueira, o ter mencionado como a pessoa que com ele colaborara no incêndio que
devorou pinheiros e eucaliptos nos concelhos de Vouzela e Tondela.
F.M. fora detido ainda em Agosto pelo Departamento de
Investigação Criminal de Aveiro e pela Directoria do Centro da Polícia
Judiciária, com a colaboração do Núcleo de Protecção Ambiental da Guarda
Nacional Republicana de Viseu de Santa Comba Dão. Na ocasião, esteve no local
com os inspectores e fez uma reconstituição da noite de 20 de Agosto de 2013 e
da madrugada do dia 21.
Segundo então adiantou a Polícia Judiciária, o jovem terá
explicado que, de moto, com um isqueiro, ateou sete focos de incêndio. Terá
ainda dito que o outro se quisera vingar do facto da GNR o ter multado por
conduzir sem carta de condução válida.
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