sábado, 1 de março de 2014

O jogo do catavento ...e do Carnaval ... enquanto PORTUGAL se afunda ...

Enquanto os políticos se posicionam e re/posicionam em “idas e retornos” no cansativo e desgastante jogo do “catavento”, comparável a repetitivas “sessões contínuas” num filme visto e re/visto milhares de vezes … PORTUGAL afunda sem alternativas futuras ...                                                                               OVOODOCORVO
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(…) "O salve-se quem puder deixou apenas de se exprimir na violência urbana, nos roubos ou na incivilidade; entrou no seio das famílias, estendeu-se aos serviços públicos e começa a dar sinais de se querer cristalizar no seio dos alegados brandos costumes dos portugueses.
É impossível não prestar atenção ao estudo revelado esta semana que dava conta que 13% dos idosos portugueses com mais de 65 anos são vítimas da violência perpetradas pelos seus familiares. Que a maior parte destas agressões, que chegam a acabar na morte, resulta de processos de extorsão. É difícil passar ao lado de notícias que dão conta de violações nas cadeias, do abandono crescente de bebés nos hospitais ou nas esquadras da polícia, o crescimento das agressões nas relações amorosas entre jovens, a indisciplina grave nas escolas ou o vandalismo crescente dos espaços públicos. Um dia, custe o que custar, o país vai ter de colocar a aflição das contas num curto parêntesis para discutir o modelo de sociedade que está a emergir nestes anos duros."
Análise Manuel Carvalho / 2-3-2014 / PÚBLICO

( ...) “Se Marcelo não tivesse aparecido, os media teriam comentado muito mais o discurso de Santana Lopes, que foi completamente ofuscado. Sinal particular: o último parágrafo do comentário de Marcelo na TVI foi dedicado a zurzir em Santana.
Quanto ao resto, o comentador que não é candidato assinou o momento do congresso, divertindo Passos, a direcção do partido e os ex-líderes presentes. Ficou demonstrado que os comentadores (todos os comentadores), mesmo criticando, pertencem à tribo e fizeram a vénia ao chefe da tribo. Cada um à sua maneira. Marcelo com muito mais brilho do que os outros.
No jogo de aparecer e não aparecer que é o das presidenciais, Marcelo foi marcar espaço para impedir Santana de fazer o mesmo. Para manter o jogo em aberto e condicionar os candidatos que ainda não apareceram e o aparelho partidário.
Mas o congresso acabaria por ficar marcado pelo misterioso regresso de Miguel Relvas, ele próprio um fantasma político. A prova: o facto de ter liderado uma lista ao conselho nacional do partido sem pôr os pés no Coliseu. Se Marcelo foi para não desaparecer, Relvas não foi para poder aparecer.
Esta lógica de vasos comunicantes estendeu-se para lá do congresso. Tal como a pressão de Paulo Rangel levou Seguro a antecipar o anúncio de Assis, o ausente Relvas precedeu em alguns dias o anúncio de que Jorge Coelho ia ajudar o líder socialista. Há neste paralelismo mais do que uma história de homens do aparelho mobilizados em véspera de um ciclo eleitoral complexo.
Para Relvas ser chamado, Passos deixou claro que quem, dentro do PSD, se meter com o seu amigo de sempre, leva. O regresso de Jorge Coelho tem uma nuance em relação ao passado: a missão do antigo ministro de Guterres já não é dizer que quem se mete com o PS, leva. É dizer que quem, dentro do PS, se meter com o líder, leva.
Mas o apoio que quer um quer outro trazem aos respectivos líderes pode ir mais longe do que as legislativas. Porque tanto um como outro poderão estar a apostar em que esses líderes, um pouco mais à frente, venham a apoiar Durão Barroso e António Guterres como candidatos presidenciais do centro-direita e do centro-esquerda.
Seguro tem muito a ganhar com a nova aquisição, dada a forma como tem sido atacado dentro do partido. Já Passos foi entronizado há uma semana, mas não se libertou do fantasma de um desaire nas europeias.”
Comentário Miguel Gaspar / in Público


O grande Carnaval
Vasco Pulido Valente/ 2-3-2014/ PÚBLICO

Num partido em que os “notáveis” só se preocupam com a sua carreira e com os seus “negócios”, não admira que já haja três candidatos à presidência da República e que a questão se discuta ardorosamente por aí. Os três candidatos são Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso e Santana Lopes e todos fazem a sua humilde corte ao PSD, de que precisam para ser candidatos, primeiro, e eleitos, depois.
É difícil escolher o pior. Mas como nenhum, por mais que se esforçasse, poderia ser pior do que o Prof. Cavaco, o país, que devia andar aterrado, anda tranquilo. De resto, o estatuto e a influência do Presidente caíram tanto de há vinte anos para cá que ele se tornou num ornamento inócuo do regime, a que ninguém atribui especial importância e que desceu, por sua própria conta, a angariador de investimentos para Portugal.

De qualquer maneira, este extraordinário trio talvez nos consiga divertir no meio da desgraça. É pena que Marcelo nos prive da sua missa dominical, em troca da vista de Belém, embora talvez nos compense com a sua inclinação para o inesperado e a sua congénita malícia política: o país precisa que o agitem. Pedro Santana Lopes apareceu agora, desde que lhe deram a Misericórdia, com um arzinho de frade franciscano, que lhe fica bem e o ajuda a competir com o Papa. E Durão Barroso teoricamente traz consigo um cheiro a Europa de que os portugueses sempre gostaram. Claro que nada disto se consegue levar a sério. Mas, na tristeza do dia-a-dia, o absurdo distrai e até consola. Verdade que os três candidatos (ou “protocandidatos”) não chegam para uma orquestra. Nem se pede tanto, com as dificuldades da pátria: hoje basta um trio enquanto o “Titanic” se afunda.

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