( … )” O autarca
explica que a hipótese que está agora a ser considerada é bastante diferente da
de uma candidatura da Baixa pombalina a Património Mundial, que tinha sido
lançada pelo município em 2004, mas que acabou por ser suspensa. “Aí era
preciso uma grande unidade e coerência no objecto”, frisou o autarca acrescentando
que esse projecto não avançou porque “a UNESCO considerou que faltavam os
instrumentos de gestão, concretamente o plano de salvaguarda”, entretanto
concretizado.”
“Segundo Manuel
Salgado, aquilo que se pondera neste momento é uma candidatura dos bairros
históricos da cidade, incluindo a Baixa, como “paisagem urbana histórica”.
“Esta ideia é muito mais lata, aceita situações diversificadas”, afirmou.”
Claro que o conceito da Candidatura da Baixa a Património
Mundial tal como sido proposto, que impunha uma grande exigência e rigor por
parte da UNESCO na unidade e coerência do objecto ( leia-se verdadeiro RESTAURO
com manutenção rigorosa de tipologias / materiais nos exteriores e interiores )
não interessava a Manuel Salgado em função dos seus planos de betonização /
alteração / gentrificação especulativa e construção de dezenas e dezenas de hotéis.
Interessa-lhe é claro, muito mais um conceito mais “vago” e
generalizado de IMAGEM superficial sem verdadeiro conteúdo real … aquilo a que
ele chama “uma ideia mais lata “
É preciso ter … LATA !!
António Sérgio Rosa de Carvalho
Em 2004 foi lançada a ideia da candidatura da Baixa, agora
encara-se a hipótese de incluir nela os bairros históricos
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Candidatura dos bairros históricos de Lisboa à UNESCO
ganha apoios
“É uma hipótese
interessante”, admite o vereador Manuel Salgado. A ideia é que a classificação
como Património Mundial inclua não só a Baixa, mas também o Bairro Alto, a
Bica, Alfama, Castelo e Mouraria
Inês Boaventura / 28-2-2014 / PÚBLICO
Pelo menos até ao final de 2017 Portugal não poderá formalizar qualquer
candidatura Este tipo de classificação permite encarar o património como algo
estruturante para o futuro das cidades
A Câmara de Lisboa admite não avançar com a candidatura da
Baixa a Património Mundial da UNESCO, como estava previsto no programa
eleitoral de António Costa, e concentrar os seus esforços numa candidatura mais
abrangente, de todos os bairros históricos da cidade. A ideia tem vindo a
ganhar forma na assembleia municipal.
“Acho que é uma hipótese interessante, que vale a pena
estudar”, afirmou ao PÚBLICO o vereador do Urbanismo e da Reabilitação Urbana.
Ainda assim, Manuel Salgado lembrou que “pelo menos até ao final de 2017” não será possível
Portugal formalizar qualquer candidatura junto da UNESCO, dado que o país
integra o Comité do Património Mundial, responsável pela aplicação, gestão e
utilização dos fundos nesta área.
O autarca explica que a hipótese que está agora a ser
considerada é bastante diferente da de uma candidatura da Baixa pombalina a
Património Mundial, que tinha sido lançada pelo município em 2004, mas que
acabou por ser suspensa. “Aí era preciso uma grande unidade e coerência no
objecto”, frisou o autarca, acrescentando que esse projecto não avançou porque
“a UNESCO considerou que faltavam os instrumentos de gestão, concretamente o plano
de salvaguarda”, entretanto concretizado.
Segundo Manuel Salgado, aquilo que se pondera neste momento
é uma candidatura dos bairros históricos da cidade, incluindo a Baixa, como
“paisagem urbana histórica”. “Esta ideia é muito mais lata, aceita situações
diversificadas”, afirmou.
Na Assembleia Municipal de Lisboa o rosto desta ideia tem
sido o social-democrata Victor Gonçalves, que propôs que fossem duas das
comissões desse órgão (a de Ordenamento do Território, Urbanismo e Reabilitação
Urbana, Habitação e Desenvolvimento Local e a de Cultura, Educação, Juventude e
Desporto) a apresentar à Câmara de Lisboa uma proposta com vista a uma
candidatura à classificação dos bairros históricos, incluindo Bairro Alto e
Bica, Alfama e Colina do Castelo, Mouraria e Baixa pombalina. Na quarta-feira o
assunto foi discutido numa reunião da primeira dessas comissões, e segundo
alguns dos deputados presentes foi bem acolhido por todas as forças políticas.
“É um trabalho moroso, que vai demorar no mínimo dois anos a
desenvolver”, admite Victor Gonçalves, defendendo que este processo deve ser
desenvolvido em conjunto com as juntas de freguesia abrangidas. O ex-vereador
da Câmara de Lisboa sublinha que os bairros em causa constituem um território
que “na sua diversidade é singular”, e no qual “está a mais autêntica
representação da cidade de Lisboa”.
“Aderimos desde o início a essa possibilidade”, diz, por sua
vez, o socialista Ricardo Saldanha. “É importante para a cidade que este
património seja reconhecido mundialmente, para que Lisboa seja mais uma vez
projectada para o mundo”, considerou o deputado municipal do PS, lembrando que
daí poderão advir “dividendos” ao nível do turismo e em última instância para a
“qualidade de vida” das populações.
Recentemente, num dos debates temáticos sobre a Colina de
Santana promovidos pela assembleia municipal, representantes do Icomos Portugal
(Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios) defenderam que os
projectos que estão a ser pensados para essa zona de Lisboa “podem colocar em
causa uma valorização da cidade em termos internacionais que deveria culminar
na sua inclusão na lista do Património Mundial no conceito das Paisagens
Urbanas Históricas”.
“Do nosso ponto de vista, essa inclusão era muito
interessante para Lisboa”, disse ao PÚBLICO a presidente do Icomos Portugal.
Ana Paula Amendoeira explicou que o conceito de paisagens urbanas históricas
(em inglês urban historic landscapes) está definido num documento que a UNESCO
aprovou em 2011 e assenta basicamente na consideração das cidades históricas
“como um todo”.
A ideia, diz a historiadora, é que “não se tratem os bairros
históricos das cidades como coisas pontuais, desgarradas do contexto urbano e
histórico”. E também, acrescenta, que se olhe para o património “como
estruturante para o futuro das cidades e não como uma coisa passadista, que
impede o desenvolvimento”.
Portugal tem actualmente 15 bens inscritos na Lista do
Património Mundial da UNESCO. Entre eles o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de
Belém, em Lisboa, o Convento de Cristo, em Tomar, os centros históricos de
Évora, Porto e Guimarães, a paisagem cultural de Sintra e a Floresta
Laurissilva da Madeira.
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