domingo, 5 de maio de 2013

Um terço da moda fabricada para a Inditex é made in Portugal.


A Zara é uma das principais marcas do grupo galego Inditex

Um terço da moda fabricada para a Inditex é made in Portugal

Por Ana Maria Henriques in Público
06/05/2013

São cerca de 200 os fornecedores portugueses que fabricam para o grupo dono da Zara. Inditex está em Portugal há 25 anos


O maior grupo têxtil a nível mundial, com sede em Arteixe, pequena vila às portas da cidade galega da Corunha, encomenda um terço da moda em Portugal. São cerca de 200 os fornecedores portugueses de primeira linha que trabalham directamente com a Inditex. Nesta designação entram as peças com uma maior componente de tendência, que têm de chegar rapidamente às lojas para satisfazer a procura dos clientes.
Espanha e Marrocos são os outros dois países responsáveis por este "aprovisionamento de proximidade", que representa 51% do volume dos 970 milhões de peças produzidas anualmente, segundo o director de comunicação da empresa Jesus Echevarría. A restante fatia de produção acontece em países como China, Turquia, Índia, Brasil e Bangladesh - onde, a 24 de Abril, uma fábrica ruiu, provocando a morte a um número ainda indeterminado de pessoas. Nestes cinco dos oito clusters formados pela Inditex são produzidas as peças "básicas" que, vendendo-se durante todo o ano, não têm um carácter tão urgente.
Duas vezes por semana, cada loja pede uma parte específica da colecção, explicou Echevarría num encontro com jornalistas na sede da empresa, traçando assim o perfil do seu cliente. "Em duas horas, o mais tardar, o pedido está a ser analisado pela central, incorporando novidades", continua. Cerca de oito horas depois, está tudo pronto para que a mercadoria saia dos centros de distribuição em direcção às lojas. Esta comunicação diária entre encarregados de loja e comerciais, na qual assenta o modelo de negócios da Inditex, repete-se para as seis mil lojas espalhadas por todo o mundo.
Da Inditex fazem parte oito marcas, todas para públicos diferentes: Zara, Massimo Dutti, Pull&Bear, Bershka, Stradivarius, Zara Home, Oysho e Uterque (a mais recente da família). Mas é a Zara, a primeira marca do grupo, com central criativa e comercial em Arteixe, que mais vende: representa cerca de 66% das vendas do grupo. A Inditex facturou, em 2012, cerca de 16 mil milhões de euros (mais 16% face ao ano anterior). Os lucros aumentaram, assim, em 22%, para 2,36 milhões de euros. Só Espanha detém a responsabilidade de 20% das vendas totais do grupo, que, sozinho, representa 80% das exportações da Galiza.
Na zona industrial de Arteixe, a marca Inditex é impossível de ignorar. Além da sede corporativa da empresa, num enorme complexo espelhado rodeado de espaços verdes estão instalados um dos três centros distributivos do grupo e grande parte das suas fábricas próprias. A vantagem de ter próximos os locais de produção e distribuição reflecte-se numa maior flexibilidade de resposta à procura de peças de moda, normalmente encomendadas pelas lojas com urgência.
Em Portugal há 25 anos

Há 50 anos, em 1963, Amancio Ortega Gaona lançou a primeira pedra do "império da moda" que é, hoje, a Inditex, com a criação da primeira fábrica de confecção numa garagem. Na altura, não fazia qualquer tipo de distribuição - o nível de produção ainda não o exigia, como acontece agora. A primeira loja da Zara abriu em 1975, na Corunha, e treze anos depois foi a vez de Portugal.
A loja da Rua de Santa Catarina, no Porto, foi a primeira a abrir no estrangeiro, em 1988; seguiram-se cidades como Nova Iorque e Paris. Hoje, o grupo Inditex tem lojas em 86 países, nos cinco continentes. Só em Portugal são 348. Em países como a Rússia e a China, o número de lojas tem crescido nos últimos tempos, ultrapassando assim Portugal como o maior mercado externo.
No mundo inteiro, a Inditex emprega cerca de 120 mil pessoas, seis mil das quais em Portugal. O continente africano, onde apenas existem lojas do grupo em Marrocos e na África do Sul, pode ser um dos mercados a explorar no futuro, adiantou Echeverría (veja mais em p3.publico.pt).
O PÚBLICO viajou a convite da Inditex



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