quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ex-administradora da Gebalis gastou 11.500 euros em refeições com cartão da empresa. Administradora da Gebalis admite nunca ter limitado consumo de marisco.

Além disso, entre Março de 2006 e Outubro de 2007 - período em que esteve no cargo -, a ex-administradora assumiu que realizou 15 viagens ao estrangeiro, pagas também com os dois cartões de crédito da empresa, os quais, em conjunto, tinham um "plafond" mensal de 12.500 euros.





Ex-administradora da Gebalis gastou 11.500 euros em refeições com cartão da empresa.
30 Maio 2013, 20:27 por Lusa in Jornal de Negócios online A ex-administradora da Gebalis acusada de peculato e de administração danosa confirmou hoje em tribunal que pagou 11.530 euros em refeições com os cartões de crédito da empresa municipal de Lisboa, apesar de receber subsídio de alimentação.

Clara Costa justificou as dezenas de almoços e jantares, muitos em restaurantes dos mais conceituados e caros de Lisboa e arredores - alguns acima dos 300 euros, outros realizados aos fins-de-semana, férias ou feriados -, como sendo "reuniões de trabalho" e "ao serviço da Gebalis", responsável pela gestão dos bairros municipais.
Além disso, entre Março de 2006 e Outubro de 2007 - período em que esteve no cargo -, a ex-administradora assumiu que realizou 15 viagens ao estrangeiro, pagas também com os dois cartões de crédito da empresa, os quais, em conjunto, tinham um "plafond" mensal de 12.500 euros.
Clara Costa disse hoje ao colectivo de juízes da 5.ª Vara Criminal de Lisboa que recebia um ordenado base de 3.290 euros, mais 658 euros relativos a despesas de representação - considerado pelos arguidos como um complemento do vencimento -, ajudas de custo nas deslocações ao estrangeiro, subsídio de alimentação, carro de serviço, além dos dois cartões de crédito da empresa.
A ex-gestora, em conjunto com o ex-presidente da Gebalis Francisco Ribeiro e outro ex-administrador, Mário Peças, terá, alegadamente, feito despesas de cerca de 200 mil euros utilizando os cartões de crédito atribuídos pela empresa para adquirir objectos de usufruto pessoal - como bens de luxo, DVD, CD e livros -, refeições, prendas e viagens.
Segundo o Ministério Público, os três responsáveis terão gasto, entre 2006 e 2007, mais de 80 mil euros em viagens.
Em relação às deslocações ao estrangeiro - Londres, Belfast, Barcelona, Sevilha, Cracóvia, Dublin, Marraquexe, em Marrocos, Copenhaga, Roma, entre outros destinos -, a ex-administradora, hoje com 37 anos, assegurou que foram todos "ao serviço" da Gebalis, nomeadamente para receber "formação", estar presente em "feiras internacionais" ou participar em "conferências".
A arguida confirmou que, em algumas dessas viagens, teve a companhia do namorado, mas assegurou que as viagens foram todas pagas pelo próprio. Contudo, disse desconhecer as razões pelas quais havia fichas de reserva de viagens em nome do companheiro e outras em nome da Gebalis, quando a viagem fora reservada para o namorado.
Sobre a viagem a Marraquexe, a ex-administradora disse inicialmente que uma despesa de hotel, de mais de 150 euros, dizia respeito a pequenos-almoços, mas, depois de confrontada pelo tribunal com a factura - que descrevia despesa com almoços e jantares -, respondeu: "Não coincide com a minha versão, mas é o que me lembro.
Clara Costa foi ainda questionada pelo colectivo de juízes sobre a aquisição de dezenas de DVD, CD e livros através do cartão de crédito. Muitos destes objectos acabaram por nunca aparecer.
A arguida justificou a compra com a intenção de fazer, nas instalações da Gebalis, uma "videoteca", de forma a proporcionar a "sociabilização e o convívio" dos colaboradores da sede, projecto que nunca chegou a concretizar-se.
Os três arguidos incorrem numa pena de oito anos de prisão pelo crime de peculato e de cinco anos pelo de administração danosa.
A próxima sessão ficou agendada para as 14:00 de 24 de Junho.

Administradora da Gebalis admite nunca ter limitado consumo de marisco


Por Ana Henriques in Público
31/05/2013

Gastos sumptuários à custa do erário público feitos por administradores de empresa municipal de Lisboa estão a ser julgados

A responder pelos crimes de peculato e gestão danosa, uma antiga administradora da empresa municipal que gere os bairros sociais de Lisboa (Gebalis) admitiu ontem em tribunal nunca ter imposto limites ao consumo de marisco quando almoçava e jantava com colegas a expensas do erário público.
Muitos dos repastos que estão a ser objecto da atenção dos juízes tiveram lugar em fins-de-semana, em marisqueiras e restaurantes de luxo longe dos Olivais - onde ficava a sede da empresa. O que não impede a ex-administradora Clara Costa e os seus antigos colegas de administração Francisco Ribeiro e Mário Peças de garantirem a pés juntos que se tratava sempre de refeições de trabalho, contrariamente ao que o Ministério Público alega.
Tudo aconteceu entre 2006 e 2007. Nos 20 meses que estiveram à frente da empresa dos bairros sociais, onde as rendas mensais oscilavam entre os 50 e os 150 euros, a administradora gastou 570 euros mensais em refeições, mesmo assim bem menos que o seu colega Mário Peças, com uma média de gastos mensais em comes e bebes da ordem dos 2000 euros.
Única accionista da Gebalis, a Câmara de Lisboa exige aos arguidos que reponham um total de 200 mil euros de gastos que considera terem sido feitos indevidamente.
O facto de ser muitas vezes necessário esticar o horário de trabalho até mais tarde é a principal razão invocada por Clara Costa para as facturas dos jantares de trabalho na cervejaria Sete Mares, em Sete Rios, e na Bica do Sapato, em Santa Apolónia, ascenderem frequentemente aos três dígitos. Pela lista de restaurantes percebe-se a sua predilecção por peixe e comida japonesa. No Aya das Twin Towers foram gastos de uma só assentada 311 euros, na Sete Mares 392.
"As despesas mais significativas eram em marisco. De uma vez foram gastos 80 euros só em cavaco, que é a lagosta dos Açores. Acha que isto era necessário?", interrogou a procuradora Lígia Fernandes. "Eu não impunha um limite [àquilo que as pessoas podiam consumir]", retorquiu Clara Costa. "Apesar de tudo, os gastos devem ter sido inferiores às horas extra de trabalho que não lhes paguei", afirmou.
Os administradores obsequiavam ainda os funcionários com estadias em hotéis e outros mimos. Assim justificou, pelo menos, a arguida o facto de ter comprado com dinheiro da empresa vários filmes de Woody Allen e Bergman. As suas viagens em serviço ao estrangeiro, várias das quais acompanhada do namorado, foi outro assunto que ontem intrigou os juízes. Clara Costa assegurou que nunca fez a Gebalis pagar estadias ou deslocações ao companheiro.

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