Banif justifica o milhão de euros pago a antiga administradora
Maria Conceição Leal |
O Banif recusou ontem qualquer ligação entre a atribuição de um prémio de gestão à administradora do banco no Brasil e a recapitalização pública e garantiu que os cortes nos salários dos gestores estão a ser cumpridos.
Segundo o comunicado ontem divulgado pelo banco sediado no Funchal, o valor atribuído em 2012 a Maria da Conceição Leal incorpora um prémio de gestão relativo a 2011 e não infringiu "as regras e os princípios que são impostos às instituições recapitalizadas".
"O Banif reafirma, portanto, que qualquer ligação entre a atribuição daquele prémio de gestão e o processo de recapitalização com recurso a dinheiros públicos não tem sentido. A recapitalização ocorreu cerca de um ano depois", afirmou em comunicado o banco, que, em Janeiro, foi recapitalizado em 1100 milhões de euros pelo Estado português, que ficou accionista maioritário.
O semanário Expresso revelou, no sábado, que a ex-administradora do Banif - Banco de Investimento Brasil recebeu em 2012 mais do que qualquer banqueiro em Portugal, ao ter ganho um vencimento superior a 980 mil euros (prémio de gestão de 533,7 mil euros a que se junta um salário de 448,6 mil). A operação do Banif no Brasil tem vindo a dar vários problemas nos últimos anos.
Já ontem, no Parlamento, a deputada bloquista Ana Drago defendeu que o valor pago deve ser "imediatamente devolvido". "É insultuoso que um governo que cortou no subsídio de desemprego e de doença, que cortou no passe escolar, que cortou salário a quem no serviço público ganha mais do que 600 euros tenha posto 1100 milhões de euros num banco insolvente que paga salários e prémios de um milhão de euros a uma administradora", afirmou a deputada do BE, na Assembleia da República, em Lisboa.
Na nota ontem divulgada, o banco fundado por Horácio Roque diz que a actual equipa de gestão tem vindo a levar a cabo uma "substancial redução da remuneração dos órgãos de gestão", que levou a que em 2012 os vencimentos dos titulares desses órgãos tivessem sido cortados em 20,5% face a 2011. Já este ano, afirma o banco, os vencimentos "foram adicionalmente reduzidos para 50% da média dos vencimentos de 2011 e 2012".
Lusa / in Público
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