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De acordo com o empresário são "seis ou sete" os estabelecimentos encerrados, dois dos quais há cerca de quatro anos e outros dois com perspectiva de reabertura em breve.
Lixo, Graffiti,Arrumadores, Uniformização das Esplanadas, etc., |
Comerciantes da Guerra Junqueiro unidos contra morte anunciada.
Por Inês Boaventura
15/05/2013
O movimento informal de lojistas nasceu há cerca de um mês, com o objectivo de fazer desta avenida e da Praça de Londres um "centro comercial ao ar livre" dirigido a famílias de classe média
A Avenida Guerra Junqueiro saltou nos últimos meses para as páginas dos jornais e para os ecrãs de televisão pelas piores razões, havendo mesmo quem antecipasse que a maioria das suas lojas iria encerrar em breve. Mas as notícias da morte desta artéria de Lisboa foram manifestamente exageradas, garantem os comerciantes, que com o obituário precoce ganharam alento para lançar um conjunto de iniciativas com vista à dinamização da zona.
"Ouvimos uma série de notícias e começámos a olhar uns para os outros e a perguntar: Vais fechar? E tu, vais fechar? E chegámos à conclusão de que era um exagero", conta um dos proprietários da Mercearia Criativa, que há três anos abriu portas na Guerra Junqueiro. "Eram dados completamente absurdos", diz Carlos Moura-Carvalho, referindo-se a declarações da presidente da União das Associações de Comércio e Serviços, Carla Salsinha, segundo a qual 90% das lojas desta artéria estariam em risco de fechar.
De acordo com o empresário são "seis ou sete" os estabelecimentos encerrados, dois dos quais há cerca de quatro anos e outros dois com perspectiva de reabertura em breve. A C&A e a Massimo Dutti foram duas das últimas marcas a abandonar esta avenida, na qual se mantêm outras insígnias de renome, como Mango, Pull & Bear, Zara e Stefanel. Lado a lado com a pastelaria Mexicana, fundada em 1946, ou com a geladaria Surf, de 1978. Certo é que aquelas declarações "fatalistas" tiveram o condão de, admitem Carlos Moura-Carvalho e a sua sócia Rita Ferreira, fazer com que os comerciantes unissem esforços para melhorar e promover a Guerra Junqueiro. O levantamento dos principais problemas sentidos pelos lojistas foi um dos primeiros passos deste movimento informal, que foi iniciado há cerca de um mês e envolve perto de 70 lojistas, grandes e pequenos, dessa artéria e da Praça de Londres.
Entre os aspectos a melhorar, elencam Carlos Moura-Carvalho e Carlos Simão, proprietário da Surf, estão o elevado preço do estacionamento à superfície, a permanência no local de muitos arrumadores, a fraca iluminação das ruas e alguma falta de limpeza e manutenção do espaço público. Isto além de outros problemas cuja resolução está muito além das capacidades dos lojistas, como o valor elevado das rendas e a taxa de 23% do IVA na restauração.
No último mês, os comerciantes desdobraram-se em contactos, nomeadamente com a Câmara de Lisboa, juntas de freguesia, Empresa Pública Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (Emel) e autoridades policiais, mas também com empresas privadas, como a que produziu os candeeiros de iluminação pública e a que gere os dois parques de estacionamento subterrâneo existentes na zona. Em breve, adianta Carlos Moura-Carvalho, será lançada uma campanha para consciencializar comerciantes, moradores e quem se desloca à Guerra Junqueiro para a importância do seu papel na luta para acabar com a venda ilegal e com a presença de arrumadores.
Em relação às esplanadas, tem havido reuniões com elementos do gabinete do vereador José Sá Fernandes, com vista à sua harmonização e ao fim de chapéus-de-sol, mesas e cadeiras com publicidade. Uma operação que, sublinha Carlos Simão, vai exigir um investimento avultado dos comerciantes, que ainda assim se mostraram receptivos à ideia. Quanto ao estacionamento à superfície, o PÚBLICO confirmou junto da Emel que hoje mesmo vai haver alterações no preço, deixando a Guerra Junqueiro de fazer parte dos eixos vermelhos (aqueles com as tarifas mais elevadas da cidade) e passando a ser uma zona amarela.
Open Night a 6 de Junho
Iniciativas para dinamizar o comércio local
Na noite de 6 de Junho, quinta-feira, a Avenida Guerra Junqueiro e a Praça de Londres vão estar em festa, naquela que promete ser uma das muitas iniciativas de dinamização do comércio local a realizar num futuro próximo. As lojas vão estar abertas até à meia-noite e a rua será palco de passagens de modelos, fados e outras expressões musicais e provas de vinhos, estando ainda anunciados descontos e ofertas nos espaços aderentes. Para Setembro, no âmbito da semana da mobilidade, e para o Natal estão já a ser pensadas outras iniciativas. Entretanto, haverá tertúlias na Mexicana, numa loja desocupada vai ser criado um espaço para as crianças e nas montras de outros espaços vazios serão colocadas fotografias antigas da Guerra Junqueiro. O grande objectivo dos comerciantes, reunidos num movimento informal, é fazer desta zona um "centro comercial ao ar livre", dirigido a "famílias de classe média, urbanas, tipicamente lisboetas, informadas e culturalmente interessadas".
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