segunda-feira, 20 de maio de 2013

Bundesbank ataca política seguida pelo BCE. Bundesbank quer França a cumprir défice de 3% em 2015.


Bundesbank ataca política seguida pelo BCE

Por Luís Villalobos in Público
20/05/2013

Jens Weidmann diz que a descida das taxas de juro da dívida pública afasta pressão para resolver as causas da crise

O presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, tem sido crítico do BCE, e ontem voltou ao ataque, sustentando que a política monetária seguida é contraproducente quando se pretende resolver o problema da dívida pública que afecta muitos dos Estados-membros. "Temo que o bom comportamento dos mercados financeiros, com destaque para a baixa do nível dos juros da dívida pública [faça com que] se combata as causas da crise com menos pressão", afirmou o responsável do banco central alemão em entrevista publicada ontem no Bild am Sonntag, citado pelo El País.
O certo é que, desde o momento em o presidente do BCE, Mario Draghi, assumiu que tudo faria para preservar a moeda única, incluindo um programa de compra ilimitada de dívida soberana no mercado secundário (e ao qual Portugal pretende aderir), os juros cobrados pelos investidores nas transacções de dívida têm vindo a descer, o que facilita o financiamento do Estado (e das empresas).
De acordo com uma análise do BPI emitida na sexta-feira, o mercado de dívida dos países periféricos "tem vindo a mostrar-se menos turbulento e mais procurado pelos investidores, numa lógica de rentabilidade e de diversificação de activos".
No caso das obrigações do tesouro a 10 anos, a taxa implícita da Grécia situa-se nos 8,15% (contra os 28,1% de há um ano), valor que no caso português desce para 5,2% (era 11,1%). Já Espanha e Irlanda estão nos 4,21% e 3,43%, respectivamente (contra 6,2%, e 7,3%). E, se isso não agrada a Weidmann, por receios no ritmo de aplicação de medidas, o mesmo se passa com o corte da taxa directora decidida pelo BCE, que desceu de 0,75% para 0,5%.
Na lista de críticas, sobrou ainda espaço para visar a França: o país tem uma responsabilidade acrescida pelo seu peso na Europa, pelo que, diz Weidmann, tem de "levar a sério" a redução do défice para menos de 3% do PIB.


Bundesbank quer França a cumprir défice de 3% em 2015.

Por Margarida Bon de Sousa in (jornal) i online
publicado em 20 Maio 2013

Presidente do Banco Central Alemão está contra a política expansionista de Hollande e insiste no controlo da inflação

O presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, acredita que as recentes decisões do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, são contraproducentes para combater a crise da dívida. Weidmann também criticou o governo francês por ter minimizado o compromisso para com a austeridade, tendo pedido a Paris para levar a sério o objectivo de atingir um défice de 3% em 2015 pelo facto de ser a segunda maior economia da zona euro. Outra advertência: a taxa de juro de 0,5% fixada na última reunião de governadores do BCE não será permanente.
Numa entrevista publicada ontem pelo jornal alemão “Bild am Sonntag”, Wiedmann criticou não só o anuncio de Mario Draghi de comprar divida soberana em troca de reformas como as sucessivas reduções das taxas de juro. “Receio que o bom desempenho dos mercados financeiros e, especialmente, as baixas taxas de juros sobre as dívidas públicas levem a combater as causas da crise com menos pressão”, disse. Na sua opinião, este é um dos “riscos e efeitos colaterais” da “medicina” da política monetária expansionista que está a recomeçar a ser implementada pelos bancos centrais, referindo-se especificamente à Reserva Federal dos EUA e aos bancos do Reino Unido e Japão.
Weidmann disse ainda que se a zona euro tivesse optado pelo sistema de eurobonds, a euforia dos mercados teria sido ainda maior, o que não significaria que os problemas fiscais tivessem sido resolvidos. Para ele, o objectivo principal da zona euro deve permanecer o controle dos preços e a manutenção de uma união de estabilidade.

Críticas a França
O presidente do Bundesbank considera que a França tem uma responsabilidade acrescida na concretização desta política, tendo em conta que é a segunda maior economia da Europa, a seguir à alemã. “Paris deveria levar a sério as novas regras para a redução do défice criadas no ano passado” que prevêem penalizações para o não cumprimento das recomendações e metas.
A Comissão Europeia prevê um défice de 3,9% este ano para França e 4,2% em 2014, com base nas previsões de crescimento excessivamente optimistas de Paris.

UE exasperada com Cameron
Se por um lado, o Bundesbank elegeu a França como alvo contra o desvio na austeridade, Bruxelas está cada vez mais exasperada com as posições do chefe do executivo britânico, que parece ter mergulhado numa crise de eurocepticismo, aliada a uma onda de populismo e de nacionalismo. O conservador David Cameron mantém que quer renegociar o papel da Grã-Bretanha na Europa, reafirmando a ameaça de promover um referendo sobre a saída do país da UE caso as suas reivindicações não sejam satisfeitas.
Bruxelas já advertiu que qualquer tentativa de reescrever os tratados causaria um efeito dominó de referendos noutros estados-membros, embora Cameron se recuse a atender a estes argumentos: o primeiro-ministro argumenta que as rápidas mudanças da zona euro para combater a crise exigem a revisão dos tratados.


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