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"Esta não é a altura de o partido discutir essas situações. Devemos ficar atentos a todos os militantes, à sua participação nas diversas candidaturas, e só depois das eleições é que se deve avaliar quem fez campanha contra o partido. E se existirem indícios de carácter estatutários passíveis de serem expulsos, eles devem ser accionados", defende o presidente da comissão política distrital do PSD/Porto, Virgílio Macedo.
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Processos disciplinares no PSD adiados para depois das autárquicas
Por Margarida Gomes
29/05/2013
Direcção do partido só quer discutir eventuais sanções a militantes que integrem outras candidaturas após o período eleitoral
O PSD vai esperar pelo desfecho do processo eleitoral autárquico para, eventualmente, desencadear processos disciplinares com vista à expulsão dos militantes envolvidos em candidaturas adversárias às do partido. A avaliação política, da responsabilidade da comissão política nacional, só será feita depois de o processo eleitoral autárquico estar encerrado.
"Esta não é a altura de o partido discutir essas situações. Devemos ficar atentos a todos os militantes, à sua participação nas diversas candidaturas, e só depois das eleições é que se deve avaliar quem fez campanha contra o partido. E se existirem indícios de carácter estatutários passíveis de serem expulsos, eles devem ser accionados", defende o presidente da comissão política distrital do PSD/Porto, Virgílio Macedo.
O Porto é um dos concelhos onde o PSD aparece duplamente fracturado no combate eleitoral deste ano. Não só porque os sociais-democratas não vão renovar a coligação com o CDS-PP, mas também porque, desta vez, há militantes do partido que não apoiam Luís Filipe Menezes, o candidato oficial do partido à Câmara do Porto.
Militantes históricos como Valente de Oliveira, Miguel Veiga ou Arlindo Cunha estão ao lado da candidatura independente de Rui Moreira, que, em teoria, disputa o mesmo espaço eleitoral do social-democrata Luís Filipe Menezes.
Também Francisco Ramos, ex-líder da concelhia do PSD-Porto e que teve um papel activo na candidatura de Rui Rio ao Porto, apoia, desta vez, Rui Moreira, sendo seu mandatário financeiro.
Já Valente de Oliveira, actual presidente da Assembleia Municipal do Porto, é o coordenador de todos os mandatários da candidatura do presidente da Associação Comercial do Porto.
Em jeito de aviso aos "notáveis" do PSD que estão com Rui Moreira, o presidente do conselho nacional de jurisdição do PSD, Calvão da Silva, chegou a afirmar que os estatutos serão cumpridos. E estes prevêem a expulsão dos militantes que sejam "mandatários ou apoiantes de uma candidatura adversária".
Há dias, numa reunião da concelhia do PSD-Porto, houve quem questionasse o envolvimento de militantes na candidatura de Rui Moreira, mas logo ali Ricardo Almeida, líder da concelhia, deixou claro que, da sua parte, não haverá qualquer "perseguição contra seja quem for". Essa ideia foi, de resto, reforçada ontem ao PÚBLICO, tendo Ricardo Almeida afirmado que "as pessoas são livres de expressarem a sua opinião". "Da minha parte, não haverá qualquer perseguição, nem qualquer tentativa de expulsar ninguém do partido. A minha lógica é outra: temos um candidato vencedor", disse.
Poucos dias antes de ser apresentado publicamente como mandatário financeiro da candidatura independente, Francisco Ramos escreveu uma carta ao secretário-geral do PSD, Matos Rosa, solicitando a suspensão como militante, uma figura que, de acordo com vários dirigentes do partido, não tem qualquer enquadramento a nível dos estatutos. As mesmas fontes salientam que o envolvimento de militantes em candidaturas adversárias às do partido constitui um delito susceptível de expulsão do partido, porque os estatutos são "muito claros". Mas havia quem lembrasse que, apesar disso, o partido aceitou a suspensão de militância de Cavaco Silva quando se candidatou a Presidente da República. O PÚBLICO tentou ontem falar sem sucesso com o vice-presidente do partido, Jorge Moreira da Silva, e com o secretário-geral do PSD.
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