quarta-feira, 15 de maio de 2013

A poucos meses do final do mandato, Rui Rio deixa avisos aos futuros autarcas do Porto.

Rio afirmou que a SRU é o maior problema que se coloca à cidade

A poucos meses do final do mandato, Rui Rio deixa avisos aos futuros autarcas do Porto.

Por Patrícia Carvalho in Público.
15/05/2013

Reabilitação urbana, falta de manutenção das pontes e críticas ao Tribunal de Contas marcaram discurso do presidente da câmara.
A cerca de cinco meses do final do mandato à frente da Câmara do Porto, Rui Rio foi anteontem à Assembleia Municipal (AM) deixar uma série de avisos aos deputados, aos partidos que representam e aos candidatos que propõem para a presidência da autarquia. O futuro da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), a falta da solução para a manutenção de algumas das pontes que a cidade partilha com Gaia e as exigências do Tribunal de Contas (TC) surgiram no topo dos "avisos" deixados por Rio.
Chamado a fazer um balanço da actividade do município nos últimos meses, o autarca não teve dúvidas em eleger a SRU e o facto de o Governo ter "a intenção clara de [a] deixar falir" como o tema central da sua intervenção. "Este é o maior problema que temos na cidade do Porto. Ou melhor, quem me suceder tem aqui um problema gigantesco, se não resolvermos isto agora. Estou a avisar e vale para todos."
Num discurso muito crítico para o Governo - como já vem sendo habitual sempre que o tema é a reabilitação urbana da cidade -, o autarca defendeu que "matar [a dinâmica induzida pela SRU] é de uma irresponsabilidade sem limites", atirou, visando a administração central: "Atingiu um patamar de desconhecimento e irresponsabilidade que nunca julguei possível". Rio defendeu que foram ultrapassados "os limites do bom senso, da decência e da competência para gerir o país". "Eu pergunto se acham exagerado dar à segunda cidade do país uma verba [cerca de um milhão de euros ao ano] que não paga os salários dos gestores de topo deste país, alguns dos quais responsáveis pela situação em que estamos", disse.
Ontem mesmo o líder concelhio e candidato do PS à câmara, Manuel Pizarro, anunciou que a bancada do partido na Assembleia da República entregou uma proposta de recomendação, a votar em Junho, que exorta o Governo a pagar o devido à SRU. Na AM, apesar de todos os partidos se mostrarem solidários com a câmara na questão da SRU - que viu as contas chumbadas pelo accionista Estado -, o deputado da CDU Belmiro Magalhães não resistiu a ironizar. "Este ponto da agenda devia mudar de nome para a "falta de actividade do município do Porto" ou "dissertação do doutor Rui Rio sobre a situação política nacional"", disse.
Os deputados aprovaram, com críticas da oposição, a redução do capital social da empresa municipal Águas do Porto e a contratualização de um empréstimo de três milhões de euros para a realização de obras numa escola da cidade, na escarpa das Fontainhas e no troço nascente da Avenida da Boavista. Rui Rio aproveitou a ocasião para explicar que a requalificação da avenida "já poderia ter começado em Janeiro", mas ainda não tem data de arranque porque falta o visto do TC. "Se a segunda câmara do país tem este problema, como havemos de ter esperança que se consiga animar a economia e arranjar emprego?", questionou.
As críticas ao Governo não se ficaram por aqui, com Rodrigo Oliveira, do PS, a dar o mote para o último aviso da noite de Rui Rio. O deputado socialista questionou o autarca sobre o facto de ninguém se responsabilizar pela manutenção das pontes D. Maria, do Infante e do tabuleiro inferior da ponte Luís I, que disse estar com "chapas corroídas e buracos expostos". Na resposta, Rui Rio afirmou que este é um assunto que o está a "preocupar muito". "De X em X tempo mando uma carta ao ministro ou ao secretário de Estado e tenho uma pastinha com tudo isso guardado, para o caso de algum dia haver algum problema. Isto não pode ser assim. É uma questão de tempo e estamos a brincar com o fogo, parece-me claro", disse.



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