sexta-feira, 17 de maio de 2013

Bolhão está no epicentro da campanha no Porto. Comboio histórico do Douro vai perder a locomotiva a vapor neste Verão.


Bolhão está no epicentro da campanha no Porto.

Por Abel Coentrão in Público
17/05/2013

Anteontem foi Pizarro, hoje é Menezes a apresentar, no mercado, o seu projecto de reabilitação. Com parque de estacionamento na cave

Costumam dar as melhores fotos de campanha os passeios de candidatos pelo Mercado do Bolhão. Mas, a cinco meses das eleições, mais do que os beijos e abraços para convencer indecisos, as candidaturas do PS e do PSD tentam mostrar, à cidade e ao comerciantes do mercado, que é seu o melhor projecto de reabilitação deste espaço. Disse-o o socialista Manuel Pizarro anteontem. Di-lo-á, hoje, Luís Filipe Menezes.
O ainda presidente da Câmara de Gaia leu a proposta de Pizarro para o mercado e não gostou. Se o socialista diz que o parque de estacionamento na cave custa "uma pipa de massa", o candidato do PSD garantiu ao PÚBLICO que o parque pagará precisamente a obra do Bolhão, tendo em conta que a vontade que já assumiu de o concessionar já lhe garantiu o interesse de "quatro privados" na execução da empreitada. Sobre isso falará esta manhã, numa sessão marcada para as 11h30, no principal palco da campanha: o próprio Bolhão.
Menezes considera que o projecto do PS é idêntico àquele em que a Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) esteve a trabalhar nos últimos tempos com a câmara e não acredita, por isso, que custe apenas oito milhões de euros. Ainda que Pizarro tenha dito que não construirá nenhuma das caves previstas ou a própria cobertura de toda a praça, o autarca de Gaia não vê como fazer o que propõe o PS por menos do que os 20 milhões de euros que se apontava para o desenho da DRCN.
Já o projecto do PSD - que recupera o trabalho de Joaquim Massena, vencedor de um concurso lançado pela Câmara do Porto na década de 90 - custava 12,5 milhões na altura em que foi concebido. Mas Menezes, que referira esse mesmo valor há semanas, até admitiu ontem ao PÚBLICO que ele possa não ultrapassar os dez milhões. O prazo de execução, esse impedirá sempre que a obra esteja pronta em 2014, como há dias disse "desejar". "O que eu espero é ter a empreitada em curso no próximo ano", clarificou ontem.

CP promete que a locomotiva a vapor regressa em 2014, mas deixa de funcionar a carvão.

Comboio histórico do Douro vai perder a locomotiva a vapor neste Verão.

Por Carlos Cipriano in Público
17/05/2013

Custos levam a CP a trocar locomotiva a vapor por outra a diesel no comboio turístico Régua-Tua

O silvo da locomotiva a vapor que costuma rebocar o comboio turístico entre a Régua e o Tua não se fará ouvir no vale do Douro neste Verão. No lugar da locomotiva a vapor a CP vai pôr a circular uma locomotiva a diesel, pintada com as cores originais dos anos 60. O comboio histórico cumprirá o mesmo percurso, mas o preço da viagem baixará de 45 para 35 euros.
A empresa promete, no entanto, que o comboio a vapor regressará em 2014, depois de reconverter a locomotiva 0186, que deixará de trabalhar a carvão: o aquecimento da caldeira passa a ser feito com a queima de diesel. O resultado será o mesmo: a tracção será a vapor e haverá fumo, como nos comboios de antigamente, se bem que os nostálgicos possam lamentar que já não se sinta o cheiro do carvão.
Para a CP, porém, isso representa uma diminuição significativa de custos. O comboio a vapor no Douro foi lançado em 1998 e nos últimos cinco anos acumulou prejuízos de 370 mil euros de prejuízos, o que levou a CP a ponderar acabar com o serviço.
No entanto, segundo fonte oficial da empresa, esta considerou "que a importância do produto justifica a sua continuidade, pelo relevo que assume ao nível do turismo da região, da imagem da CP em particular e da ferrovia em geral". Daí a opção pelo meio termo, que será a manutenção do comboio turístico com uma locomotiva a diesel, que é mais barata do que a vapor, regressando a velha 0186 aos carris do Douro no próximo ano.
Menos gente, mais prejuízos

A CP diz que em 2012 o comboio turístico foi muito afectado pelas greves dos maquinistas às horas extraordinárias, o que levou a que a empresa, em alguns dias, já tivesse de substituir a tracção a vapor por diesel. Essa alteração, que apanhou muitos clientes desprevenidos, mais os dias em que não houve mesmo comboio por motivo de greve e a própria retracção económica levaram a que, no Verão passado, o número de passageiros se ficasse pelos 1968, bem abaixo da média de 2637 dos quatro anos anteriores.
A interrupção deste serviço foi ponderada há dois anos (ver PÚBLICO de 28/11/2011), devido aos sucessivos prejuízos: 266 mil euros, sem contar com os 102.479 de 2012. A CP assumiu então que estava em causa a continuidade do comboio histórico.
Mas um donativo de sete mil euros da EDP e o apoio institucional da Entidade de Turismo do Porto e Norte de Portugal na divulgação do serviço levaram a CP a prosseguir com a aposta neste ex libris do turismo ferroviário. Até porque, a nível regional, o comboio a vapor e o caminho-de-ferro, que desde o séc. XIX faz parte da própria geografia do vale do Douro, constituem para muitos parte integrante da identidade da região.
Inquéritos realizados pela CP mostram que a maioria dos clientes deste serviço são oriundos das regiões de Lisboa e Porto, havendo também muitos estrangeiros, com destaque para ingleses, espanhóis e franceses, muitos dos quais integrados em circuitos turísticos no Douro.
O abandono da tracção a vapor no Douro fará de Portugal um dos raros países da Europa que não têm este produto turístico, e numa zona Património da Humanidade. Na Europa os ingleses e os franceses são os campeões deste tipo de comboios nostálgicos. A Espanha tem comboios a vapor na Andaluzia, no País Basco, na Catalunha e entre Madrid e Aranjuez, onde circula o famoso Tren de la Fresa (Comboio do Morango). Ainda na região de Madrid, Arganda mantém uma via estreita com comboios a vapor para fins turísticos. E na Grécia circula o comboio de Pelion, num percurso de 16 quilómetros com paisagens únicas, onde viagem custa 45 euros (o mesmo preço até agora pedido nos 36 quilómetros entre Régua e o Tua).





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