Todos participámos na loucura dos últimos 20 anos; não apenas os políticos"
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"A nossa dívida nunca poderá ser paga"
Económico
27/05/13 09:08
O economista César das Neves escreve que “todos os envolvidos” na dívida “terão de suportar algum custo”.
"A nossa dívida, das maiores do mundo, nunca poderá ser paga", defende o economista João César das Neves, num artigo de opinião publicado hoje no Diário de Notícias.
Segundo o professor universitário, a maior parte da dívida não é do Estado. "Todos participámos na loucura dos últimos 20 anos; não apenas os políticos", sublinha César das Neves, acrescentando que "as maiores responsabilidades são dos dirigentes, mas o povo não foi só vítima inocente de uma festa de que gozou durante décadas".
"A culpa até é dos credores, que alimentaram a mesma loucura", continua o economista.
Assim, defende, "todos os envolvidos terão de suportar algum custo, devendo encontrar-se uma partilha razoável". Para isso, diz César das Neves, Portugal "não deve fazer de galaró arrogante, repudiando o débito ou exigindo renegociações". "Prudente é uma atitude serena e negociada, mostrando que estamos a assumir culpas e suportar sacrifícios", defende o professor universitário.
Estas são verdades "incómodas" que "muitos tentam esconder", sublinha.
Para o economista, os reformados, que hoje estão "entre os críticos mais vociferantes", "não descontaram o suficiente para as reformas que agora gozam", pelo que não faz sentido protestar contra os cortes anunciados pelo Governo "como se fosse um roubo nos montantes acumulados". As actuais pensões são pagas pelos descontos dos actuais trabalhadores, lembra o economista.
"Se alguém pode dizer-se roubado, não são os actuais pensionistas, mas os nossos filhos e netos, que suportarão as enormes dívidas dos últimos 20 anos, e não apenas na Segurança Social", considera César das Neves.
De acordo com o professor da Universidade Católica, outro "mito incómodo" é o que diz respeito ao Estado Social e aos direitos dos trabalhadores. "Muitos empregados no privado nunca tiveram aquilo que agora cortam aos funcionários públicos", frisa.
O economista sublinha que o Estado Social "teve como principais inimigos aqueles que durante décadas acumularam supostos direitos sem nunca se preocuparem com o respectivo financiamento". "Aproveitando os aplausos como defensores do povo, receberam benefícios durante uns tempos e, ao receber a conta, zurzem agora aqueles que limpam a sujidade que eles criaram", defende César das Neves.
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