A “distribuição dos pães” aos habitantes da Gália Ocupada …
Medina a tentar tapar o Sol com a Peneira, depois de ter
negado sistemáticamente os problemas da Habitação, ter recusado impôr qualquer
regulamento ao Alojamento Local e ter apoiado um modelo desenvolvido por Manuel
Salgado que levou a esta situação …
"Temos de assegurar um mercado de rendas acessíveis sem
matar o turismo. Não temos alojamento local a mais, temos habitação acessível a
menos", sublinhou António Costa “…
E, ainda Medina : (…) “Com toda a franqueza, não prometo,
nem posso prometer criar uma expectativa de resolver, por magia, uma oferta de
habitação e de uma política que não foi feita." "É o máximo que
podemos." Sem preocupações à vista, os turistas iam olhando com
curiosidade para o pequeno aparato mediático à volta do autarca.
"It"s the mayor", legendou o condutor do tuk-tuk.”
Profundamente errado … O problema da Habitação nunca será
resolvido sem ir ao âmago da questão : O processo de Globalização em curso
dirigido por um “motor” Neo -Liberal baseado numa ganância ilimitada e
descontrolada que está a dividir as Sociedades, introduzindo uma Economia
Global em dissonância explícita e assumida com as realidades de uma Economia
Local. Costa não quer interferir com a “retoma” determinada pela Economia
Global ( Turismo ) e quer “neutralizar” os seus efeitos negativos na Sociedade
através de medidas … mas … assim combatendo os síntomas sem ir às causas
OVOODOCORVO
Uma lança na Gália ocupada: mais de 100 casas para irredutíveis
lisboetas
Câmara de Lisboa aposta em habitação para moradores
carenciados do centro histórico e num programa de rendas acessíveis para a
classe média. Com a pressão da lei das rendas e do turismo, é a magia possível
da autarquia. Reportagem em casas em obras
28 DE ABRIL DE 2018
Miguel Marujo
"Subam, subam, subam ao 5.º piso que vale a pena"
- e valeu mesmo subir as escadas de madeira ainda em construção: as janelas
escancaradas do edifício em obras deixavam ver o rio Tejo à frente, a cor de
palha turvada pela ameaça de nuvens, o casario de Alfama a descer a colina e o
novo terminal de cruzeiros encostado a Santa Apolónia. É esta paisagem, como a
que se vê daquele apartamento no Beco do Guedes, junto à Rua de São João da
Praça, que encanta tantos e tantos estrangeiros, que se fixam na cidade ou que ocupam
os muitos alojamentos para turistas disponíveis no centro histórico de Lisboa.
O prédio tem como destinatários moradores de quatro freguesias (Santa Maria
Maior, Misericórdia, São Vicente e Santo António) em risco de perda comprovada
de habitação e com baixos rendimentos e é um dos 100 fogos reabilitados que o
presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, foi ontem ver.
Era impossível escolher melhor percurso para a comitiva
municipal: ao Largo das Portas do Sol, atravancado de turistas, tuk-tuks, os
elétricos 28 e 12, gentes de uma babel de geografias e rostos, e a Rua Norberto
de Araújo, que se inicia nas escadas ao lado do miradouro e logo ali, no n.º
18, há frações municipais em reabilitação - para irredutíveis lisboetas que
insistem em manter uma lança numa Gália ocupada de Airbnb, alojamentos locais,
guests houses, hostels e hotéis. E de casas à venda, como aquele primeiro andar
na Rua da Adiça.
São assoalhadas pequenas, "a configuração das casas no
centro histórico é esta", explica Paula Marques, a vereadora da Habitação
e Desenvolvimento Local. A visita vai ao detalhe: "Toda a gente me pede
polibãs", aponta Miguel Coelho, presidente da junta de freguesia de Santa
Maria Maior, também deputado. Para uma população envelhecida, a mobilidade é
uma preocupação que se tem na hora de recuperar estas habitações, acrescenta a
vereadora.
Mais abaixo, descidas as escadas, já no n.º 5, as casas
estão quase prontas: falta retirar os andaimes e fazer as limpezas. Medina
felicita os trabalhadores da obra. O arquiteto Manuel Abílio, da direção
municipal de obras, faz de cicerone da visita que termina no tal prédio do Beco
do Guedes e nota que as grandes empresas de construção civil fogem deste tipo
de obras. "Todo o saco de cimento é trazido ao ombro, todo o entulho sai
ao ombro" - e são cinco andares sem elevador.
Fernando Medina explica aos jornalistas que estes fogos se
inserem num programa, com o nome de "Habitar o Centro Histórico", que
é "muito importante no momento que a cidade vive". "É uma resposta
às pessoas do centro histórico que têm uma necessidade de habitação",
mobilizando todo o património municipal, nas quatro freguesias.
São "mais de 100 habitações", explicou o autarca,
que estão a ser reabilitadas, para "as pessoas de mais baixos rendimentos,
que estão em risco de perder a sua casa por causa da lei do arrendamento, das
circunstâncias da economia da cidade ou das suas circunstâncias de vida".
E que assim possam continuar a viver "no bairro que muitas vezes é o
bairro da sua vida". Por isso, "este património não é para ser
vendido nem ser arrendado a preços de mercado", insistiu Medina, apontando
para um "investimento total" de dois milhões de euros.
O presidente da Câmara de Lisboa prefere o discurso otimista
que olha para o equilíbrio entre as medidas que o Governo anunciou na
quinta-feira e os programas municipais de rendas acessíveis. Elogiando essas
"alterações à lei do arrendamento, combinadas com alteração da
fiscalidade", Fernando Medina defendeu que é esse conjunto que vai permitir
ter "mais instrumentos" para melhor responder a um mercado
estrangulado.
Às casas para famílias carenciadas, que vivam nas freguesias
do centro - e cujo concurso está a decorrer até 5 de maio - junta-se outro
programa de arrendamento a preços acessíveis para a classe média, antecipou o
presidente da Câmara, apontando para rendas com valores entre 200 a 400 euros.
"É um contínuo de entrada de casas a preços acessíveis na cidade de
Lisboa. Com toda a franqueza, não prometo, nem posso prometer criar uma
expectativa de resolver, por magia, uma oferta de habitação e de uma política
que não foi feita." "É o máximo que podemos." Sem preocupações à
vista, os turistas iam olhando com curiosidade para o pequeno aparato mediático
à volta do autarca. "It"s the mayor", legendou o condutor do
tuk-tuk.
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