Cafés históricos da Europa pedem uma
rota europeia que passe pelas suas mesas
Coimbra vai acolher nos dias 20 e 21 de Abril encontro internacional
que pretende preservar o papel cultural destes estabelecimentos.
MIGUEL DANTAS 17 de Abril de 2018, 8:34
Os responsáveis de 23 cafés históricos de nove países vão
reunir-se, nos dias 20 e 21 de Abril, na cidade de Coimbra. O encontro, que se
irá realizar na Casa da Escrita, no dia 20, e no Café Santa Cruz, no dia 21,
tem como mote “Os Cafés Históricos como Património Cultural”, e pretende
alertar para a importância turístico-cultural que estes estabelecimentos
desempenham nas cidades onde se encontram sediados.
Cinco estabelecimentos históricos portugueses estão
representados neste evento, entre eles a Antiga Confeitaria de Belém — onde se
confeccionam e comercializam os tradicionais pastéis —, o Café S. Gonçalo —
localizado em Amarante e fundado nos anos 30 — e o Café Sta. Cruz — situado na
baixa de Coimbra, e que acolherá o segundo dia deste encontro internacional. O
encontro decorre na 20ª semana cultural da Universidade de Coimbra e é
organizado pela Associação Europeia dos Cafés Históricos (EHICA, na sua sigla
inglesa) e a Associação dos Cafés com História de Portugal (ACH).
Em Abril de 2014 foi criada a rota dos cafés de Portugal com
história, que reunia mais de duas dezenas de espaços e pretendia preservar e
divulgar o património constituído por estes marcos nacionais. Agora, através do
encontro deste mês de Abril, a EHICA pretende replicar esse conceito a uma
escala europeia. Para isso, irá propor a criação de uma rota europeia dos cafés
históricos, a incluir como novo itinerário cultural do Conselho da Europa.
O fundador e presidente da EHICA é Vasilis Stathakis. O
grego é proprietário do café Kipos, na ilha de Creta, que está em funcionamento
há 148 anos. Para Vasilis, os objectivos da organização são claros: “Promover a
cultura dos cafés históricos, as figuras históricas que os visitaram e o
turismo”. Em relação ao encontro que irá acontecer em Coimbra, Vasilis diz que
o principal objectivo será “dar a conhecer a associação e discutir os problemas
comuns” aos cafés históricos europeus.
Majestic junta-se à EHICA
O café Majestic, situado na Rua Santa Catarina, será, ao que
tudo indica, o membro mais recente da Associação Europeia dos Cafés Históricos.
Numa reunião entre Vasilis Stathakis, Fernando Barrias, gerente do Majestic, e
Vítor Marques (um dos proprietários do café Santa Cruz, em Coimbra e embaixador
português da EHICA), ultimavam-se os preparativos da entrada do Majestic na
rede europeia de cafés históricos. O Guarany, outro café histórico da Invicta,
poderá juntar-se, também, à associação.
“É um prazer e uma enorme satisfação fazer parte de uma rede
que reúne os grandes cafés históricos a nível internacional”, disse ao PÚBLICO
Fernando Barrias, antes da reunião. O gerente do Majestic diz também que é
importante a vitalidade da associação europeia, até do ponto de vista da
memória: “Cada café tem as suas histórias para contar”.
Vítor Marques afirma pretender que o encontro internacional
sirva de fórum de discussão: “Espero que se fale pela primeira vez do papel dos
cafés históricos”. Na opinião do proprietário do Café Santa Cruz, em Coimbra, a
EHICA pode ser uma ajuda à entrada dos cafés das cidades mais pequenas nos
circuitos turístico-culturais.
Texto editado por Ana Fernandes
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