“Logo se encheu de Turistas” … Mas alguém está surpreendido
?
OVOODOCORVO afirmava ontem : ( …) Isto é comparável com o
optimismo acrítico daqueles que aplaudem o restabelecimento do Eléctrico 24,
acreditando que esta medida vai atenuar a a pressào sobre o Eléctrico 28
determinada pela invasão Turística … O 24 vai claro ser tomado de assalto de
forma avassaladora pelo Turismo e nunca será para, ou servirá, os habitantes de
Lisboa …
Assim, num artigo publicado no Público por Paulo Ferrero a
23 de Abril com o rídiculo e megalómano título : “Um pequeno passo para um
homem, um salto gigantesco para a humanidade: o regresso do E-24” ... onde
afirmava:
(…) “Chegados aqui há que elogiar o actual presidente da
CML, e faço-o sem rodeios ou hesitações.”
(…) O boom turístico terá ajudado. As taxas também. Mas sem
vontade política de quem de direito é que não seria possível o regresso do
E-24, facto a que não será estranha a passagem de tutela da Carris para a
Câmara Municipal de Lisboa (CML).
Fica-se com a impressão incómoda que Paulo Ferrero além de
se recusar a associar as suas posições com uma análise reflectida, abrangente e
alargada sobre a cidade e a origem dos seus problemas, trata, conscientemente,
este assunto como trata também,as questões do Património; Como um livro de
cromos ou uma colecção de postais ‘independentes’ e ‘purificados, de forma
neutral políticamente’ de qualquer tipo de análise dos contextos políticos,
económicos ou sociológicos.
Fica-se com a impressào que aquilo que ele deseja
verdadeiramente não é um ‘assento’ no 24, mas uma ‘cadeira’ ao lado de Medina
nos Paços do Concelho ...
OVOODOCORVO
Pedido pelos lisboetas, o 24 voltou e
logo se encheu de turistas
Quem mora em Campolide aplaude o regresso do 24E não só porque lhe
fazia falta mais um transporte público, mas também porque acredita que a
freguesia precisa de turistas para “arrebitar um bocado”. E foi isso que
obteve. Esta quarta-feira, as viagens são gratuitas.
CRISTIANA FARIA MOREIRA 24 de Abril de 2018, 21:07
O guarda-freio põe o espelho de fora da janela da frente do
eléctrico para escolher o destino que se segue: Largo Camões. De Campolide já
não partia para ali um eléctrico desde de que a carreira do 24E deixou os
carris há 23 anos. Ontem, numa freguesia fora do centro da capital, foi dia de
festa. Pelo menos assim era para Natércia Santos, de 71 anos, ao lembrar-se do
“tempo de menina”, em que andava no 24E para cima e para baixo, quando ainda se
pagavam oito tostões pelo bilhete. “Veja lá o que isso hoje é, menina!”, atira,
enquanto dá um sorriso a quem entra e logo avisa que não é preciso puxar dos
passes nem da carteira. “Hoje é de borla.” O eléctrico começou de mansinho a
andar por aí. Primeiro em testes, entre a Praça Luís de Camões e a Praça de
Campolide. A população pôs-se logo em alvoroço na praça dos dias de hoje que
são as redes sociais, onde começaram a postar fotografias do 24E nos carris.
Estaria a antiga carreira de volta? Tudo indicava que sim. O lançamento chegou
a ser previsto para Maio, mas foi já ontem, com viagens gratuitas para quem
quiser recordar o trajecto, suspenso há mais de 20 anos. Hoje, o passeio
continua gratuito.
Sai de Campolide, desce a Rua das Amoreiras, passa pelo
Jardim das Amoreiras e pelo Largo do Rato em direcção à Rua da Escola Politécnica,
Príncipe Real. Daí continua pelo Miradouro de São Pedro de Alcântara, Largo
Trindade Coelho, terminando, para já, na Praça Luís de Camões. Isto porque,
“daqui a uns meses”, a ligação deverá ser estendida até ao Cais do Sodré,
garantiu o presidente da câmara, depois da viagem inaugural do eléctrico.
“Eram tantas pessoas que nos tinham pedido isto e durante
muitos anos não foi possível. Agora que a Carris passou para a câmara (em
Fevereiro de 2017), assumimos que tínhamos de o fazer. E aqui está”, disse aos
jornalistas Fernando Medina, acompanhado pelo vereador da Mobilidade, Miguel
Gaspar, e pelo presidente da Carris, Tiago Farias.
“Fazia falta assim uma electricozinho para as pessoas mais
idosas. O autocarro é muito brusco. Este é mais suave”, notava Natércia durante
o percurso e lembrando que o 758 é o único autocarro a fazer aquele percurso,
que liga a freguesia à Baixa.
“Tivemos muita pena
quando o eléctrico deixou de andar. É muito engraçado o eléctrico, uma coisa
antiga. Fiquei muito contente quando soube que ia voltar”, diz Manuela, 79 anos
para o mês que vem, que o apanhava na Avenida Miguel Bombarda, quando o 24E
ainda passava na Praça do Chile.
Há 23 anos que o 24E estava fora dos carris, depois de 90
anos a percorrer as ruas da capital. Em Agosto de 1995, a circulação acabou
suspensa por causa da construção de um parque de estacionamento subterrâneo, em
Campolide que não ia permitir que os eléctricos continuassem a circular no
decorrer das obras. Só que a empreitada acabou, mas o 24E não voltou aos
carris.
O percurso que agora foi resposto é o mais curto que a
carreira do 24 já viu. Quando foi inaugurada, em 1905, o eléctrico circulava
entre o Largo do Carmo e Campolide. Já em 1942, foi prolongada à Praça do
Chile, pela Avenida Almirante Reis e, em 1974, e por causa da fusão com a
carreira 21, começou a seguir até à Rua da Alfândega. Era então uma das linhas
mais extensas da Carris, dando uma volta à cidade, desde Santa Apolónia e
passando pelo Alto de S. João, Praça do Chile, Avenida Duque de Ávila,
Campolide, Amoreiras, Largo do Rato e Príncipe Real até chegar ao Largo do
Carmo. Muito maior do que o troço actual.
Quatro anos antes do seu encerramento, em 1991, foi
encurtada até ao Alto de S. João, inaugurando-se uma nova carreira, a n.º 23,
entre a Praça do Chile e a Rua da Alfândega. Em 1994, o percurso acabou
desviado do Largo do Carmo para o Cais do Sodré.
Cheios de Turistas
Há muito que ver o 24E novamente nos carris se tornou uma
luta dos lisboetas. Ao longo destas duas décadas foram lançadas algumas
petições e a reactivação da carreira chegou a ser proposta no âmbito do
orçamento participativo. “Tanto pedimos, tanto pedimos que ele aqui está
agora”, diz Natércia, em jeito de missão cumprida, que reconhece, assim comos
os outros munícipes com quem conversamos, que tanto a freguesia, como os
turistas podem ganhar com o “amarelinho” na rua.
“Fazia falta. Mais ainda por causa do turismo. Os turistas
adoram os eléctricos e vê-se que a maior parte são estrangeiros”, comenta
António Cotovia, olhando para uma carruagem onde se ouve pouco falar português.
Fernando Medina, por seu lado, diz que o boom turístico da
capital não pesou na decisão de reactivar a linha. “De todo. O que pesou foi
mesmo a vontade dos lisboetas.”
“Até é bom para os nossos turistas. Para eles conhecerem o
nosso Campolide que estava tão triste”, diz Natércia. Muitas lojas estão
fechadas. “Nem há uma pastelaria para comer um bolinho bom”, diz Manuela, que
espera que, agora, a freguesia “arrebite um bocado”. A avaliar pelas primeiras
horas da nova vida do 24E, as visitas de estrangeiros não vão faltar.
A promessa deixada pelo autarca da capital é a de que é para
continuar com a expansão de mais linhas de eléctrico e de mais carruagens.
Primeiro, “porque é não só um meio de transporte sustentável”, notou Medina,
mas porque “é também muito típico da cidade e muito acarinhado pelos
lisboetas”. Para já, está também a ser pensado o prolongamento do eléctrico 15 até
à Cruz Quebrada, “e até mais dentro do município de Oeiras”, disse o autarca.
Para depois seguir para o lado ocidental da cidade, até Santa Apolónia, e
depois para o Parque das Nações.
Para já, vão circular três carruagens naquele percurso —
ainda que a ideia é que esse número seja ajustado consoante a procura, garantiu
Tiago Farias —, que estavam afectos aos circuitos turísticos e foram agora
repostos como carreira normal.
A frota vai também ser reforçada com a compra de mais 30
eléctricos, dos quais 20 serão dos articulados e dez dos clássicos. Com a
reabertura da linha do 24E, foram ainda formados 32 guarda--freios.
“Isto é tão
fantástico. É tão único”, observava uma turista, em inglês. Foram muitos os que
aproveitaram para tirar fotografias ao eléctrico sobre os carris. Houve até
quem aplaudisse a nova carreira.
“Dá gosto vê-las cheias”, dizia quem o estava a apreciar.
Quem partilhou a viagem de regresso com o PÚBLICO à Praça Luís de Camões, não
escapou, porém, a um percurso atribulado. Chegados ao Largo do Rato, um
eléctrico “em formação”, que andava na frente do 24E, estacionou mesmo ali no
largo. Quem seguia com tempo ali terá ficado à espera que as “questões
técnicas” da carruagem fossem resolvidas. Quem não podia esperar saiu logo ali
para apanhar o autocarro. “Olhe que triste, logo no primeiro dia não poder
seguir viagem.” Difícil a jornada do 24E logo no primeiro dia desta nova etapa.
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