O FMI vai avisando … A “Bolha” a atingir o seu ponto de
saturação (?) E as consequências sociais, humanas? E as consequências territoriais
e identitárias em termos estratégicos?
OVOODOCORVO
Lisboa é das cidades em que preços de casas menos subiram
Preços das casas sobem de forma moderada em Lisboa, mostra
FMI
FMI avisa que metade das transações estão a ser feitas com
recurso a crédito bancário. É preciso monitorizar o risco
11 DE ABRIL DE 2018
Luís Reis Ribeiro
Lisboa é, num grupo de 42 capitais mundiais, das que
registaram aumentos mais suaves nos preços da habitação entre 2013 e 2017, em
termos reais (descontando a inflação), mostra um estudo do FMI ontem divulgado.
E avisa que é preciso estar atento ao desenrolar da situação. Pode haver riscos
de paragem súbita, o que traria problemas à economia.
Desde que acabou a grande crise financeira, a variação dos
preços das casas foi muito diversa nas cidades analisadas. Xangai (China) teve
o maior aumento, uns impressionantes 14% em apenas quatro anos, logo seguida de
Auckland (Nova Zelândia), Sydney (Austrália) e Budapeste (Hungria), onde os
preços dispararam mais de 10% no período em análise. Na cauda deste ranking
aparecem Moscovo (Rússia) e Roma (Itália), com desvalorizações reais de quase
5%.
Em Lisboa, revela o FMI, o fenómeno de valorização existe
(em 2017 foi particularmente pronunciado), mas nos últimos quatro anos até foi
dos mais moderados, mais até do que em Madrid, com os preços das casas a
avançarem pouco mais de 1%. É que durante a crise o imobiliário sofreu fortes
desvalorizações, no contexto de forte supressão no acesso ao crédito e de
subida do desemprego. Em 42 capitais, a variação dos preços em Lisboa é apenas
a 29.ª maior.
"O aumento dos preços das casas foi uma componente da
recuperação económica em muitos países desde a crise financeira global",
que experimentaram subidas "rápidas", reconhece o FMI. No entanto,
"este impulso generalizado ao crescimento económico pode suportar uma
procura adicional por casas em muitos países, levando a pressões adicionais no
sentido da subida de preços".
O FMI revela ainda que "os aumentos recentes dos preços
habitacionais têm ocorrido num ambiente de condições financeiras fáceis nas
principais economias avançadas, caracterizados por taxas de juro baixas,
spreads esmagados e baixa volatilidade", situação que "eleva o
espetro da instabilidade financeira caso as condições se invertam e,
simultaneamente, levem a um declínio nos preços da habitação".
"A elevada sincronização dos preços da habitação [em
vários países e na maioria das 42 cidades analisadas] é um risco para a
atividade económica real" quando e se, por exemplo, bancos centrais, como
o BCE, deixarem de fornecer dinheiro ultrabarato.
No caso de Portugal, a missão do FMI fez avisos concretos
nesse sentido. Disse que o turismo explica boa parte da explosão imobiliária,
mas há evidências de que, embora os preços estejam a subir por causa das
compras feitas por estrangeiros, quase metade das novas transações estão a ser
feitas com recurso a crédito bancário. Ainda ontem o Banco de Portugal indicou
que os novos créditos aumentaram 26% (ver texto ao lado).
"É necessário monitorizar de perto os crescentes riscos
do mercado imobiliário. Embora o crescimento recente dos preços da habitação
não tenha sido impulsionado pelo ciclo do crédito, as autoridades
macroprudenciais [Banco de Portugal] devem permanecer vigilantes e estar
prontas para tomar medidas adicionais, se necessário, para evitar a acumulação
de desequilíbrios e fortalecer a resiliência da banca."
O governo respondeu que não tem "indicações claras de
que haja sobreavaliação no mercado imobiliário nesta fase, mas reconheceu que
os desenvolvimentos recentes merecem monitorização mais aprofundada".
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