Jardim Botânico de Lisboa já recebeu 15 mil pessoas desde a
reabertura
Sofia Cristino
Texto
23 Abril, 2018
Desde que voltou a franquear as suas portas, a 7 de Abril, o
Jardim Botânico da Universidade de Lisboa tem recebido uma média de mil pessoas
por dia, um número que aumenta “consideravelmente” ao fim-de-semana, conta a O
Corvo João Pedro Sousa Dias, director do Museu Nacional de História Natural e
da Ciência (Muhnac). Até esta segunda-feira, 23 de Abril, a entrada é gratuita,
passando, depois disso, o preço do
bilhete individual para três euros. A reinauguração oficial do parque, após as
obras de reabilitação, aconteceu neste domingo (22 de Abril).
Um dos mais emblemáticos espaços verdes da cidade,
classificado desde 2010 como Monumento Nacional, encontrava-se num profundo
estado de degradação há muito tempo. Foi este cenário que levou o Museu de
História e Ciência, detentor do jardim, a candidatar-se ao Orçamento
Participativo (OP) 2013 da Câmara Municipal de Lisboa (CML), com uma proposta
de requalificação desta área verde, que veria a ser a vencedora da edição desse
ano. Ao fim de um ano e meio em obras, mantendo a sua traça original, o jardim
ganhou, finalmente, uma nova vida.
“O mobiliário urbano foi reparado, pintamos os bancos, mas
são os originais. Só substituímos as papeleiras, havia umas em betão muito
degradadas e as novas são mais elegantes”, diz Sousa Dias em declarações a O
Corvo. A única construção inteiramente nova é o anfiteatro, para o qual estão
previstos alguns eventos de cariz cultural. Apesar de não relevar quais os
espectáculos agendados, porque ainda estão a ser discutidos com a Câmara de
Lisboa, o director do Muhnac avança que o primeiro acontecerá em Setembro
próximo.
Entre as principais
intervenções estão a requalificação do sistema de rega, que foi ampliado, e a
separação do sistema das águas pluviais urbanas do sistema de rega. “Com esta
divisão, vamos poupar água e deixamos de pagar a taxa do saneamento. Era um objectivo.
As outras mudanças foram, essencialmente, a nível do pavimento e dos
gradeamentos, estão totalmente reparados”, diz. O jardim tem novas redes
eléctricas no subsolo, que permitirão iluminá-lo em futuros eventos que venham
ali a ocorrer. “Não há candeeiros, mas se, no futuro, houver necessidade de
iluminar o jardim, já temos uma estrutura de energia instalada. O anfiteatro já
fica, também, com essa ligação de energia”, explica, ainda.
A única parte do jardim que ainda está a ser intervencionada
é o lago principal, encontrando-se já na fase final de reparação. Está a ser
impermeabilizado, de forma a que a captação da sua água possa ser feita em
fontes naturais. “O lago ainda não tem água, mas, nas próximas duas a três
semanas, estará tudo pronto. Depois, precisaremos de mais algumas semanas para
a o material secar e colocar a água”, antecipa, sublinhando que está a fazer
apenas uma previsão.
O museu contou, inicialmente, com 500 mil euros, no âmbito
do Orçamento Participativo, para a restruturação do jardim. Os custos acabaram,
contudo, por exceder esse valor. “O Orçamento Participativo ajudou-nos, mas a
Universidade também teve de investir”, garante Sousa Dias. Apesar de não
conseguir precisar o investimento total, acredita que este rondará um pouco menos
de um milhão de euros.
O director do Museu de História Natural e de Ciência avança,
ainda, que a Câmara de Lisboa “deu um contributo muito importante” nesta obra,
tendo desenhado projectos de reabilitação para três edifícios devolutos e em
“muito mau estado” existentes no interior do jardim. “A Universidade de Lisboa
está a pensar recuperar um desses imóveis e instalar lá a loja do museu e do
jardim”, revela.
Neste espaço verde de
4 mil hectares, localizado na Rua Escola Politécnica, no Príncipe Real, é
possível encontrar plantas de todo o mundo e observar colecções botânicas ali
plantadas ao longo de 140 anos. A Universidade de Lisboa, que gere o espaço e o
Museu de História Natural, quer fazer mais obras nos próximos anos, podendo,
para isso, ter de recorrer a outras fontes de financiamento.
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