Museu Judaico em Alfama vai ter
"comissão de acompanhamento"
O objectivo é tentar conciliar as
críticas da população ao projecto arquitectónico e os compromissos já assumidos
para a criação do museu.
JOÃO PEDRO PINCHA 7 de Abril de 2017, 17:58
Uma das preocupações
dos moradores é a de que o futuro museu pode pôr em causa o arraial de Santo
António no largo. É um receio infundado, diz Esther MucznikFoto
A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior propôs à Câmara
Municipal de Lisboa a criação de uma "comissão de acompanhamento" do
Museu Judaico, cuja construção está prevista para o Largo de São Miguel, em
Alfama. A proposta foi feita na quinta-feira à noite durante uma reunião com a
população destinada “a desmistificar algumas desinformações” sobre o museu, de
acordo com uma assessora da junta.
Vários moradores de Alfama, a que se juntam membros do Fórum
Cidadania Lx e a comissão organizadora do Fórum do Património 2017, estão
contra o projecto arquitectónico do museu, que contempla uma fachada com a
Estrela de David em baixo-relevo e caixilharias em alumínio. Uma linguagem que
“corta com a tradição do bairro”, acusa Maria de Lurdes Pinheiro, da Associação
do Património e População de Alfama (APPA).
“As pessoas mostraram o seu repúdio face à construção de um
museu naquele largo”, diz Maria de Lurdes sobre a reunião de quinta. “Quando
não se discute com as pessoas dá mau resultado”, considera a dirigente
associativa, que vê com bons olhos a criação desta comissão de acompanhamento –
embora não se saiba bem o que dali vai resultar.
“Vamos reflectir
sobre o que é que se pode fazer de modo a manter os compromissos e a
corresponder ao sentido [da opinião] das pessoas”, explica Esther Mucznik, da
comissão instaladora do Museu Judaico. “Foi importante esta reunião, as pessoas
puderam dar a sua opinião. Aquilo que tentámos dizer foi que o museu, de
maneira nenhuma, vai destruir a tradição de Alfama”, diz a investigadora em
temas judaicos, que afiança que o grupo de trabalho agora proposto em nada vai
atrasar os trabalhos necessários à criação da futura exposição.
“O que acho que é
importante nesse grupo de trabalho é haver diálogo com a população”, afirma
Esther Mucznik. “As pessoas ficaram cheias de esperança. Vamos continuar
atentos”, garante Maria de Lurdes Pinheiro.
Na reunião, promovida pelo presidente da junta Miguel
Coelho, estiveram presentes a autora do projecto, o director municipal de
Urbanismo, o director-geral da Associação de Turismo de Lisboa, um arquitecto
da Direcção-Geral do Património Cultural e ainda a vereadora da Cultura da
Câmara Municipal de Lisboa. Cabe agora a Catarina Vaz Pinto formalizar a
criação da dita comissão de acompanhamento.
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